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Brasília

Amigos citam importância de 1ª vítima do coronavírus do DF: “Quem perde é o SUS”

Companheiros de trabalho lamentam a perda da enfremeira Viviane Rocha e falam que ela conheceu o SUS antes mesmo de sua criação

Catarina Lima

29/03/2020 20h00

Atualizada 30/03/2020 10h12

“Quem perde com a morte dela é o SUS”. Com essa frase Rita Catanelli, colega de profissão da enfermeira Viviane Rocha, primeira vítima do Coronavírus no Distrito Federal, resume a morte de Vivi, como a profissional era conhecida. Viviane, que era assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), participou da criação do Sistema Único de Saúde, e, por isso, conhecia tão bem suas necessidades.

Mas todos que conviveram com ela, apesar de destacarem o profissionalismo e conhecimento técnico, elogiavam a delicadeza que com que Vivi tratava a todos. O ex-secretário de Saúde do Paraná e ex-presidente do Conass, Armando Raggio, destacou a importância de Viviane para o SUS. “Ela conheceu o Sistema mesmo antes de sua criação. Trabalhava com o planejamento financeiro da saúde. Conhecia todas as necessidades do SUS. Sempre que nós gestores tínhamos alguma dúvida de como proceder em algo relacionamento a recursos, era a ela que recorríamos”, explicou Raggio.

Mas a característica mais marcante da técnica, segundo o ex-secretário, era a delicadeza que utilizava no trato com os interlocutores. “Ela era da região de São Carlos (SP). Gostava de viajar para lá e sempre voltava estava alegre, falando da viagem para os colegas”.

Rita Catanelli trabalhou com Viviane por 15 anos e diz que o convívio diário transformou a colega numa irmã. “Foi uma irmã que vida me deu”, disse. Segundo Rita, uma das características de Viviane era gostar de trabalhar à noite. “Ela era a última a pessoas a deixar o Conass todos os dias. Como trabalhava com números, na noite encontrava a tranquilidade necessária para produzir”, explicou a amiga.

Viviane, segundo Rita, era a técnica do Conass que apresentava nos números da saúde aos deputados e senadores na época que o orçamento estava sendo analisado e votado pelo Congresso. “Ela conhecia muito bem as necessidades do SUS”.

O médico e servidor aposentado do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Sérgio Piolla, conviveu com Viviane Rocha os por seis anos, quando os dois faziam parte do Sistema de Orçamento Público em Saúde (SIOPS), órgão do ministério da Saúde, destinado tanto a garantir o acesso da população à saúde, quanto o financiamento do Sistema Único.

“Toda vez que nós pesquisadores queríamos saber que tipo de resultados estava dando determinada política de saúde, era a Vivi que perguntávamos, porque ela conhecia muito mais que nós”, disse Piolla. O ex-colega de SOPS foi mais um a dizer que a assessora técnica do Conass era acima de tudo uma pessoa ponderada, equilibrada.

Além de ser assessora técnica do Conass, Viviane também trabalhou no ministério da Saúde com segurança do paciente, um setor do órgão que trata da melhoria dos processos de atendimento aos usuários do SUS.

Outra colega que também falou da dedicação de Viviane à saúde foi a enfermeira Heloísa Machado, que hoje é servidora da SES-DF. Elas trabalharam juntas quando Viviane estava no CONASS. Heloísa disse que Vivi era uma guerreira pelo fortalecimento da saúde. “Nos últimos anos atuava como assessora técnica do Conass, onde estava à frente dos debates sobre o financiamento do SUS. Sempre pautou seu comportamento pela ética, pelo compromisso e com uma ternura que nunca esqueceremos”.

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