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Brasília

Ameaça de bomba que abalou Brazlândia seria ‘prévia’ para posse de Bolsonaro

Arquivo Geral

28/12/2018 16h28

Foto: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Ana Karolline Rodrigues

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Um grupo que se intitula ‘Sociedade Secreta Silvestre’ ameaça realizar um atentado terrorista no dia 1° de janeiro na Esplanada dos Ministérios, na posse presidencial de Jair Bolsonaro. Em e-mail enviado ao Santuário Arquidiocesano Menino Jesus, igreja em que tentaram explodir bomba na madrugada da última terça-feira (25), o grupo relata que ainda pretende “assassinar Bolsonaro e membros simpatizantes de seu governo”. A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) afirmou que já está investigando o grupo e serão tomadas todas as medidas de segurança possível para o dia da posse.

De acordo com o delegado-chefe da 18ª Delegacia de Polícia, Adval Cardoso, a polícia trabalha com todas as possibilidades. Porém, pela segurança que está organizada para o dia da posse presidencial, ele afirma que as chances de se realizar um atentado no local são muito poucas. “Estamos neutralizando todas as possibilidades. A segurança está por trás disso e tudo já está sendo trabalhado para que uma tragédia não aconteça”, garantiu.

Entenda o caso

Na madrugada último dia 25, o Grupo Anti Bomba do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM foi acionado para atender uma ocorrência de suspeita de bomba ao lado do Santuário Menino Jesus, o segundo maior templo católico do Brasil, localizado na Quadra 2/4 de Brazlândia. A PMDF informou que foi comunicada por um pedestre que passava em frete à igreja e que havia desconfiado da presença de uma mochila. Ao chegar ao local, os policiais isolaram as ruas e o material foi detonado por volta das 4h. Ninguém ficou ferido. Segundo os militares, quanto a suspeitos, ainda é necessário uma investigação pela polícia judiciária responsável pelo caso.

Mochila encontrada em área ao lado da igreja. Foto: Divulgação.

De acordo com Adval Cardoso, nunca havia acontecido caso parecido na cidade. Pada ele, o objetivo da tentativa era causar terror à população. “Aquela igreja está entre as maiores do Brasil, havia mais de 1.500 pessoas naquela noite. O material encontrado era altamente explosivo, perigoso mesmo, passível de causar uma tragédia muito grande. Pelos materiais que tinham nela, seria um estrago muito grave, mas graças a Deus que não explodiu”, disse.

O delegado informou que a bomba consistia em um extintor de incêndio de 5 kg preenchido com pólvora negra e pregos. Ele afirma que o artefato não chegou a explodir por sorte. “Pode ter sido erro técnico, porque ela tinha uma espécie de relógio determinando o horário, não sabemos. Foi sorte mesmo que ninguém ficou ferido, muita sorte”, contou.

Repercussão na cidade

Segundo Antonio Pereira da Silva, 64 anos, dono de uma agência de turismo religioso localizada na igreja, na data, a missa que começou às 20h já tinha sido encerrada quando a polícia chegou ao local em busca da bomba, por volta das 23h. “Falaram que um rapaz achou uma mochila bem ali atrás da igreja, perto da quadra de esportes. Quando cheguei aqui, mais ou menos uma hora da manhã, todo mundo já tinha saído, já tinha polícia, bombeiro. Graças a Deus ninguém se feriu, mas teve muita gente reivindicando [o atentado]”, relatou.

Falando sobre a missa que ocorreu na data, o voluntário da igreja Jaime Francisco de Moura, 58 anos, afirmou que muitos fiéis não chegaram a saber sobre a bomba, uma vez que a celebração acabou antes da chegada de policiais. Ele relata que, após o término, as pessoas que estavam na igreja saíram normalmente do Santuário. “Não teve nenhum alvoroço”, disse.

Igreja é o segundo maior templo católico do Brasil, com capacidade para receber 15 mil pessoas durante as celebrações. Fotos: Raianne Cordeiro/Jornal de Brasília.

Em nota, a Polícia Federal informou que acompanha o andamento da investigação da PCDF.  Nessa quinta-feira (27), a PF abriu inquérito para apurar se o caso tem relação com postagens feitas na internet pelo grupo que reivindica a autoria do crime.

Falso autor

O delegado-chefe da 18ª DP, Adval Cardoso, ainda informou que, nesta semana, a delegacia identificou um adolescente de 15 anos que se afirmava autor da tentativa de explosão na igreja. Segundo ele, pelo o que a polícia investigou, porém, o adolescente não é responsável pelo caso. “Ele é autor da página no Instagram “Terrorista de Brazlândia” (perfil que lançava ameaças de terrorismo na cidade), mas se diz arrependido”, contou.

O rapaz foi interrogado e liberado em seguida. Agora, a PCDF investiga o suposto grupo terrorista que reivindica autoria e ameaça Jair Bolsonaro. “Nós apuramos e não temos dúvidas de que não foi o adolescente. Ele será encaminhado para a DCA (Delegacia da Criança e do Adolescente) e agora estamos centrados na investigação voltada à bomba”, disse o delegado.

Grupo terrorista

No e-mail enviado à paróquia, o grupo chamado de “Sociedade Secreta Silvestre”, que se considera “eco-extremista”, afirma fazer parte do projeto terrorista internacional “Individualistas Tendendo ao Selvagem” (ITS). Segundo os mesmos, eles possuem “provas cabais de que somos nós os responsáveis por esta ação”, como fotos e vídeo do explosivo, além de saberem de detalhes sobre a constituição do artefato.

O grupo que assume a autoria disse que a explosão da bomba em Brazlândia estava programada para as 7h30 do dia 25, durante a Missa de Natal da igreja, mas que resolveram antecipar após um informante relatar sobre a cerimônia da noite anterior, que reuniu milhares de fiéis.

Segundo o delegado, os supostos terroristas possuem um site internacional chamado de “Maldição Ancestral”. Por conta disso, a polícia não descarta que os possíveis responsáveis pelo atentado tenham ligações com outros países. “Nós trabalhamos com a hipótese de que podem ser eles, mas não quer dizer que são. Acreditamos inicialmente para tomar as medidas necessárias. A segurança pública deve trabalhar com todas as hipóteses. Como o site deles é internacional, podem ser de outros países”, relatou.

Quanto à ameaça feita ao presidente eleito Jair Bolsonaro, o delegado garante que “estão sendo tomadas todas as medidas de segurança a nível nacional” e que, então, “a possibilidade de ocorrer o atentado é remota”.

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