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Brasília

Acadêmicos da Asa Norte é a grande campeã do desfile do DF

No grupo de acesso, a vencedora foi a Unidos de Vicente Pires, que também trouxe as mulheres para o seu desfile com o enredo

Elisa Costa

26/06/2023 5h48

Acadêmicos da Asa Norte comemora o título do grupo especial | Fotos: Minervino Junior/ Divulgação

O título de campeã do Carnaval 2023 do DF é da Acadêmicos da Asa Norte! A vitória chegou ponto a ponto e foi comemorada pelos integrantes da escola em meio a um clima de festa e muita emoção. A apuração dos desfiles das escolas de samba do DF ocorreu na tarde de ontem, na passarela Marcelo Sena, montada em frente ao Eixo Cultural Ibero-Americano e o resultado final saiu por volta das 17h30. Em entrevista ao Jornal de Brasília, a diretora de Carnaval da escola, Jodete Guilherme Amorim afirmou: “É muita emoção. Passamos por uma grande luta, muitas dificuldades, falta de dinheiro, adiamentos, perdemos muitos componentes, então é muito bom ganhar, estou muito feliz”.

Agarrado ao troféu do primeiro lugar, o presidente Jansen de Mello, de 77 anos, contou à reportagem: “Meu coração fica tremendo de alegria. Foi uma disputa acirrada, mas é uma honra ganhar esse título. Agora vamos festejar”. Com o enredo “Mulheres pretas no Brasil”, a escola levantou o público com carros alegóricos, coreografias e fantasias inovadoras, em uma apresentação de cerca de 45 minutos. A apuração contou com 27 jurados, um coordenador e um suplente, que avaliaram oito segmentos: bateria, samba-enredo, mestre sala e porta-bandeira, alegorias e adereço, enredo, fantasias e harmonia, conjunto e evolução, e comissão de frente. Com um total de 268.4 pontos, a escola acumula oito troféus.

Apoiadora da Acadêmicos da Asa Norte – ARC há mais de 15 anos, Mariele dos Santos assistiu a apuração dos votos junto ao filho de 10 anos, Henrique, e pontuou que a retomada dos desfiles é significativa: “Tanto para quem está envolvido diretamente nisso, quanto para nós, que amamos o carnaval e que sentimos muita falta desse evento. Eu sou apaixonada pelo samba e por essa cultura, por isso me sinto realizada de ver a escola que torço ganhar mais uma vez. O desfile deles na passarela me encantou”. A ARC é uma das escolas mais tradicionais do DF. Foi fundada em 1969, tem o vermelho e o branco como cores padrão e o seu símbolo é uma asa.

Os compositores do samba-enredo foram Diego Nicolau, Juninho Sambista, Tem-Tem Jr., Marcus Lopes, Marcelinho Santos, Richard Valença, Valtinho Botafogo, Romeu Almeida, Yago Pontes, Issac Sousa e Junior Fionda. E uma das partes mais emblemáticas cantam: “Sou o pranto do tumbeiro / Rebeldia de uma raça, oceano inteiro, o destino na cabaça / Ventania em liberdade / a chama acesa no breu / Oi gira a saia, girou, Axé sou eu”. A ARC foi a última a se apresentar, quando entrou na avenida às 1h15 de domingo (25) e falou sobre mulheres pretas que se destacam na história do Brasil, representando a luta e conquistas daquelas que buscavam espaço e respeito.

O segundo lugar ficou com a Águia Imperial de Ceilândia, que acumulou 267.20 pontos. A escola apresentou o enredo “África, berço das humanidades e do conhecimento” e encheu a passarela de azul e branco. A escola foi fundada em 1984 e possui quatro títulos, conquistados em 1998, 1999, 2006 e 2008. “Eu sou morador de Ceilândia, acompanho o trabalho da escola e sei como foi árduo. Ver que ficamos no pódio já é muito bom, principalmente depois de uma longa pausa. Esperei muito tempo para ver a escola desfilando novamente e agora temos um sentimento de dever cumprido”, contou Renato Moura, 37, que foi para a apuração com a mãe, o pai e o sobrinho.

À imprensa, o presidente da Águia, Ronieri Freitas, conhecido como Pará, declarou seu sentimento a respeito do resultado: “Trabalhamos muito para chegarmos aqui, a comunidade apoiou demais. Nós queríamos ser campeões, mas os jurados que decidem. Sem dúvida nenhuma foi ótimo voltar para a avenida e continuo trabalhando em busca de fazer acontecer o carnaval das escolas de samba do Distrito Federal, porque na capital do país não pode deixar de ter. Esse trunfo da volta é muito importante”. Mesmo em segundo, Kátia Miranda, rainha de bateria da Águia, comemorou o retorno às passarelas: “Tenho mais de 15 anos de Águia, desde 2018 sou rainha, mas essa foi minha primeira vez na avenida. Ainda estou emocionada”.

Em terceiro lugar ficou a escola Unidos do Cruzeiro (Aruc), com 267.10 pontos, que desfilou o enredo “Levanta, Sacode a Poeira e Dá a Volta por Cima”. Com esse tema, o grupo abordou sua recente história de superação, que envolveu os anos sem desfilar, a falta de dinheiro e pandemia, bem como o embate por conta da Lei do Silêncio e a regularização de seu terreno. A Aruc foi fundada no mesmo ano de inauguração de Brasília, em 1961, tem um gavião como símbolo e suas cores são azul e branco. A escola é a maior vencedora dos desfiles do DF, com 31 títulos e em 2009 foi registrada como Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, por meio de decreto.

Para Carlos Alberto Junior, secretário adjunto de Cultura do DF, os desfiles superaram as expectativas, principalmente após nove anos em hiato. “Os grupos tinham problemas burocráticos, uma herança do passado, mas conseguimos junto a eles resolver esse embaraço. Tivemos um evento desenhado, nos preparam para receber o público, e os desfiles foram transmitidos também pela internet para quase 30 mil pessoas. Essa é uma cadeia produtiva muito forte, que vai desde que faz fantasias, a quem compra os insumos, faz as alegorias e a produção. Isso nos faz perceber que o desfile do ano que vem será muito maior, com mais pessoas envolvidas”, contou ao JBr.

A União da Vila Planalto, que ficou em último lugar, foi rebaixada para o grupo de acesso e quem sobe para o grupo especial no próximo carnaval é a Unidos da Vicente Pires, ganhadora do grupo de acesso. Para os desfiles, o GDF destinou uma verba estimada em R$7 milhões à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec-DF), que beneficiou cerca de 4 mil pessoas envolvidas nas apresentações. Segundo a Secec, os desfiles também proporcionam que as escolas de samba “reforcem as identidades culturais das regiões administrativas”. A apresentação das agremiações aconteceu entre os dias 23 e 24, e a programação contou ainda com shows musicais e blocos carnavalescos, tudo com acesso gratuito para a população.

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