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“A vida é a melhor escolha”: campanha do Setembro Amarelo tem novo mote em 2022

Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria e o Conselho Federal de Medicina realizam a campanha a fim de reduzir os números de casos no país

Redação Jornal de Brasília

07/09/2022 8h08

Reprodução

Marcos Nailton
[email protected]

Setembro é o mês no qual as instituições se dedicam a conscientizar as pessoas sobre saúde mental e prevenção ao suicídio. Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), realiza a campanha com o objetivo de reduzir os números de casos no país. A iniciativa chega em seu oitavo ano, trazendo um novo mote: “A vida é a melhor escolha”. A campanha acontece durante todo o mês, mas no próximo sábado (10) é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio.

No Brasil, os registros de casos de suicídio se aproximam de 14 mil por ano, ou seja, em média 38 pessoas por dia tiram a sua própria vida, o número é alarmante. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados, pois com isso, estima-se mais de 01 milhão de casos.

Embora os números estejam diminuindo em todo o mundo, os países das Américas vão na contramão dessa tendência, com índices que não param de aumentar, segundo a OMS. Sabe-se que praticamente todos os casos de suicídio estavam relacionados às doenças mentais, principalmente não diagnosticadas ou tratadas incorretamente. Sendo assim, espalhar os conteúdos orientativos para toda população é imprescindível para ajudar a diminuir esses números.

De acordo com o psicólogo Felipe Andrade, quando a situação chega ao ponto de um suicídio, não significa que ela está querendo acabar com a própria vida, mas sim se livrar dessa angústia e dor que carrega durante todo o tempo sozinha. O profissional, afirma que em razão disso, é importante o acolhimento das pessoas próximas, e que estejam atentas aos sinais de mudança que escapam quando a pessoa não está bem.

“Quando a situação chega a esse nível é sinal que a pessoa chegou a um nível insuportável de angústia e dor, em muitos casos só chegou a esse nível porque a pessoa não conseguiu se aliviar aos poucos dessa angústia ao longo do tempo, não encontrou apoio ou não conseguiu se expressar com ninguém sobre o que está passando”, destaca o especialista.

Andrade conta que é possível observar sinais no comportamento da pessoa, como: Alteração do humor com frequência, pensamentos desesperança começam a ocupar a fala, melhoras e recaídas súbitas, comportamento de desapego com seus pertences, comportamentos irresponsáveis e perigosos (como o uso excessivo de álcool e drogas) e mudança na rotina.

“A pessoa para de frequentar lugares que gostava de ir, diminui a socialização, perde o interesse em cuidar da aparência e até mesmo da higiene pessoal. Todos esses são sinais que podem mostrar que a pessoa está passando por um momento que precisa de acolhimento. É nesse momento que precisamos estar atentos às alterações de comportamento, sem julgamentos, se por acaso não conseguir dar esse acolhimento, ajude a pessoa a procurar ajuda profissional”, contou Felipe Andrade.

Para a psicóloga Aline Percon, o apoio familiar é de suma importância para ajudar a pessoa a vencer esse momento. “. É importante que a família assuma um papel de acolhimento e não julgue ou subestime possíveis ameaças ou indícios. Criar um ambiente de diálogo e troca de ideias, mesmo que isso não seja um hábito familiar, promovendo interação humana. A promoção do lazer em conjunto também é de suma importância, pois esses momentos são muito eficientes para que se ressignifique contextos de angústia e sofrimento profundos”, destaca.

Prevenção e tratamento

Apesar de ser cercado de preconceitos e tabus, o suicídio pode ser prevenido quando há a correta abordagem das pessoas e estratégias em saúde pública. Segundo Aline, a circunstância requer um trabalho multidisciplinar que ajudará a manter o equilíbrio do corpo e da mente.

“Essa circunstância requer um trabalho multidisciplinar, principalmente entre psicólogo e psiquiatra. Cada um irá contribuir dentro de sua especialidade, sendo que o psicólogo atuará na raiz e nas profundezas do problema, enquanto que o psiquiatra irá cuidar da parte orgânica e avaliar se os hormônios e neurotransmissores precisam dos psicofármacos como aliados, por exemplo, para que se alcance uma boa dinâmica biológica e física”, destaca.

Para Felipe Andrade, a presença e o apoio de profissionais adequados é essencial, pois realmente auxiliam a pessoa nesse processo. “É muito importante procurar ajuda profissional para avaliar o caso, pois cada caso exige um manejo diferente. Sabemos que ainda existe muito preconceito e tabu quando o assunto é saúde mental e a procura de um profissional, e por esse motivo muitas pessoas encontram atalhos perigosos no caminho que não raramente podem agravar a situação”, completa o especialista.

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