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Brasil

Sociedade civil se une para evitar a devastação ainda maior do Cerrado

Entidades que lutam pela defesa do bioma em todo o país estão preocupadas, principalmente, com o avanço do agronegócio

Olavo David Neto

11/01/2021 6h25

Na contramão do descaso da União em torno da preservação dos biomas no território brasileiro, entidades da sociedade civil se mobilizam para conter a devastação do Cerrado. No Oeste baiano e na capital do Tocantins, iniciativas para tornar invioláveis áreas de remanescentes do bioma têm movimentado a luta ambiental.

Além disso, torna ainda mais factível o mote “do local para o global”, adotado por militantes da área. Para além do Centro-Oeste, usualmente ligado ao bioma, há árvores retorcidas – típicas da unidade biológica – em dez estados das cinco macrorregiões brasileiras.

Na região do Matopiba – que marca a fronteira entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia -, por exemplo, a movimentação se converteu na criação de um conselho gestor para as diversas unidades de conservação na região da divisa quádrupla, sobretudo na região de Barreiras.

Lá, são abarcadas algumas áreas de proteção, como a APA Rio de Janeiro, que preserva o curso fluvial de mesmo nome, e onde está em estudo a criação de Unidades de Conservação (UCs) ao redor das cachoeiras do Redondo e do Acaba Vida. O Instituto Internacional de Educação do Brasil (IEB) é parceiro nos projetos.

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Consultor do IEB para o Nordeste, Marcos Pinheiro aponta a necessidade de remodelação na estrutura ambiental brasileira. “No Matopiba, a APA foi ocupada por condomínios das grandes fazendas, a fronteira agrícola chegou a expulsar a população local”, aponta o engenheiro ambiental.

A expansão das fronteiras agrícolas, sobretudo as de monocultura, como soja e algodão, têm representado ameaças inclusive sociais. Lar para populações originárias e remanescentes de quilombos, o Matopiba virou a maçã dos olhos para o agronegócio, e com isso as comunidades têm se recolhido em regiões ainda mais remotas no local.

Com o conselho de gestão, dez das 30 cadeiras do órgão consultivo e deliberativo – as eleições ocorrerão em 20 de janeiro – serão reservadas para a sociedade. Outras dez serão direcionadas ao poder público, e mais um terço para a iniciativa privada. Pinheiro, porém, não enxerga como inimigos aqueles que estendem o perímetro dos grandes latifúndios. “O agronegócio não é uniforme. Alguns têm proximidade com a natureza e se preocupam com o ativo ambiental”, defende o engenheiro. “Cabe todo mundo nesse território”, vaticina. Mesmo assim, ele reconhece a força do setor. “Hoje ele ainda domina, elegeu esse presidente que dificulta a agenda da sustentabilidade”, atenta. Questionado, o Ministério do Meio Ambiente não se pronunciou.

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