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Quinto Ato
Quinto Ato

Putin: o mal-estar na civilização

Como a Rússia pode não ter perdido seu caráter de submissão, de recusa à democracia, de submissão a regimes autoritários

Redação Jornal de Brasília

09/03/2022 15h09

Foto: Divulgação

Talvez a obra que melhor sintetiza este difícil momento que o mundo está passando, seja “O Mal estar na civilização”, de Sigmund Freud, escrita em 1930. Pelo menos o título o é! Não vou entrar no que o pai da psicanálise, o homem que mudou nossa forma de ver o mundo, diz em seu livro histórico. O que me interessa aqui é o mal estar, as desgraças que nos atingem.   Não bastasse a calamidade, a pandemia, a endemia da peste de Coronavírus que está fazendo misérias, seja isolando, adoecendo, enlouquecendo e matando pessoas, não é que o Czar da Rússia, teve um ataque de saudades de Ivan, o Terrível e de Stalin, e resolveu agir como esses monstros, e declarar uma guerra covarde num momento de dor e desgraça porque passa o mundo, e em particular o ocidente. Pois saibam que a guerra não é somente contra a Ucrânia, é contra o ocidente, contra a civilização ocidental.  Contra os EUA e a União Europeia.

Shakespeare nos diz, em seu teatro monumental, que ninguém consegue mudar a natureza humana. Eu não sabia que isso também se aplicava a povos e nações. Está aí a Rússia para confirmar isso. Como que a nação que teve a revolução com o maior impacto, com possível exceção da Revolução francesa, sobre a humanidade, em todos os tempos, não tenha perdido seu caráter de submissão, de recusa à democracia, de submissão a regimes autoritários, de aceitação a ditadores? Stálin foi mais cruel do que os Czares, e ficou quase trinta anos no poder. Vladimir Putin já está há vinte dois anos como líder inconteste da Rússia. A natureza do povo russo continua a mesma.

Um conhecido meu, brasileiro, filho de ucranianos, que mora na Inglaterra, me disse cinco anos atrás, em Londres: “Caro amigo, os ucranianos sempre foram escravos dos russos, e nós não suportamos mais isso”. Existe uma comunidade de mais de seiscentos mil ucranianos no Paraná. O Chamado Holodomor (que significa “morte pela fome”) entre 1932 e 1933, implementado por Stálin, na Ucrânia, é um genocídio que ainda hoje choca o mundo. A Ucrânia perdeu quase 20% de sua população durante a Segunda Guerra Mundial. Os ucranianos sofriam tanto nas mãos da Rússia, que chegaram a receber os alemães como heróis libertadores. Mas diante da crueldade dos nazistas, eles lutaram pela União Soviética com garra e heroísmo.

Vladimir Putin não aceita o fim do império soviético e quer reabilitá-lo, já que a Rússia é a maior nação do mundo, embora sua população seja de apenas 45% da população dos EUA. Ao fazer uma ameaça de guerra nuclear, ou seja,  implodir o planeta Terra, o isolado e louco líder do Kremlin, parece não entender que o mundo mudou. Que as guerras agora têm a vertente da tecnologia digital. Que a vida e a economia de seu país pode ser paralisada com um simples apertar de teclas. E isso já está acontecendo. A reação do ocidente está sendo exemplar, fazendo a economia russa despencar assustadoramente. Até a eternamente neutra Suíça tomou posição contra a Rússia. Putin agora vai sofrer a pressão dos magnatas e do povo russo para que recue. Que esse déspota sanguinário, assassino, lembre que foi a Guerra do Afeganistão que destruiu o império soviético. Guerras derrubam e matam ditadores. Hitler e Mussolini são a maior prova disso.

Acho que a Ucrânia pode ser uma nação soberana, membro da União Europeia, sem romper os laços com a Rússia, mesmo porque isso esta última possibilidade é impossível haja vista a relação histórica entre elas. A Ucrânia pode permanecer uma ponte de união e não um ponto de apoio para EUA e União Europeia enfraquecerem a Rússia. E isso poderia ser feito via conversas, via diplomacia. Mas o déspota, o novo Gengis Khan russo, não quer isso. Ele quer a Ucrânia de joelhos, massacrada. Achar que o mundo acredite que ele está atacando a Ucrânia porque ela “Está tomada por nazistas” é uma mentira que ninguém engole.

Infelizmente, a China se aliou a Putin, avalizando de forma covarde a invasão da Ucrânia. A China quer ser a potência número Um do mundo. E ela já está chegando lá. Mas para que isso ocorra é preciso, segundo eles, enfraquecer o ocidente. Daí que para muita gente a China criou o vírus da Covid. EUA e União Europeia têm juntos 800 milhões de habitantes e contam com 2,5 milhões de mortos pela praga. Já a China com 1.430 bilhões de habitantes tem menos de 5 mil mortos. Difícil de acreditar.

Já o papel do Brasil e de seu Presidente é o de um moleque covarde, que apoia o valentão agressor do garoto mais fraco, para receber chicletes e balinhas em seguida. Causa vergonha, nojo e revolta o comportamento de Bolsonaro nesse momento dificílimo. Muito embora não esperássemos nada de diferente do que ele está fazendo. Imagino o sofrimento do Itamaraty diante disso. E a diplomacia brasileira está reagindo, contrariando-o o tempo todo. A hora de Bolsonaro e seus perversos propagadores de mentiras, inimigos da democracia está chegando. As eleições estão aí.

Não teremos uma guerra mundial, mas um conflito localizado que causará muita dor e sofrimento a milhões de pessoas. Uma catástrofe humanitária que espalhará os ucranianos,  mais uma vez, mundo afora. E que pare por aí. Quanto a Putin, espero que os bilionários russos que detêm 85% da riqueza do país se cansem dele,  lhe deem um pé na bunda e o entreguem para ser julgado pelo povo russo. E “Que vá para o inferno por um caminho semeado de prímulas”, como diz Hamlet! É o que espero!

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