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Quinto Ato
Quinto Ato

O Pesadelo Americano

O Sonho americano está convivendo com um pesadelo! A ambiguidade, o paradoxo e o contraditório nunca foram tão presentes na humanidade quanto agora.

Theófilo Silva

22/09/2021 14h59

O Pesadelo Americano

Não é somente dores, misérias, devastação e mortes o legado da pandemia, mas sim a nossa descoberta de que o futuro da humanidade está em jogo, tal é a revelação da quantidade de gente que se recusa a tomar a vacina contra o Coronavírus, invocando o direito à liberdade individual. A pandemia desnudou e expôs um problema que sabíamos que existia, mas que não tínhamos conhecimento que era tão vasto, a saber: a insanidade mental que domina um percentual elevadíssimo da humanidade que tem a mente dominada por um senso de onipotência misturado com ignorância que transforma em monstros suicidas e homicidas. Digo homicidas, porque seus comportamentos matam seus semelhantes, colegas, familiares e amigos. E pior, para aumentar o horror, o nosso estupor os países onde mais se encontram pessoas que se comportam dessa maneira são a França e os Estados Unidos da América, duas nações que ostentam os mais elevados níveis de desenvolvimento humano do mundo. Sendo também os dois países onde mais se lutou, e se fala em liberdade no mundo. Assustador!

Não vou falar da França, nem de qualquer outro país aqui, vou centrar minha discussão na superpotência, no país mais rico e poderoso do mundo: os Estados Unidos da América, a terra da liberdade e da abundância, onde as pessoas se orgulham de terem nascido lá, seja ostentando uma bandeira do país em frente as suas casas, vestindo roupas com as cores da nação, celebrando o Quatro de Julho. Durante quase um século, os EUA convidaram o mundo para viver o “American Dream”, o sonho americano de riqueza e prosperidade, recebendo dezenas de milhões de desafortunados que criaram suas famílias e enriqueceram em seu território. Está lá em Washington a Estátua da Liberdade – presenteada pela França – com sua memorável placa de bronze “Venham a mim as massas exaustas, pobres e confusas ansiando por respirar liberdade…”.

Pois muito bem, hoje, vergonhosamente, os EUA carregam a faixa de campeões mundiais em número de mortes pela pandemia, com nada menos que 700 mil pessoas falecidas, e crescendo. O número de contaminados também é o maior do planeta. Os EUA são um país onde sobram vacinas, tanto é que eles já doaram dezenas de milhões de doses para países pobres. Nesse momento, um quarto das mortes pelo Coronavírus ocorrem lá, e isso acontece porque os americanos não querem se vacinar. Com 54% da população vacinada, um dos índices mais altos do mundo, a vacinação estancou, não avança. Mesmo que alguns estados paguem cem dólares, ofereçam brindes caros, sorteios de loteria e várias formas de afago, mesmo assim os cidadãos americanos dizem não.

Pessoas estão morrendo aos montes por outras doenças, simplesmente porque os hospitais estão superlotados por doentes da peste. Semana passada, um senhor do estado do Alabama, de 73 anos, com problemas cardíacos, morreu porque não encontrou leito de hospital vago em quatro estados. O fato acendeu uma luz vermelha no governo federal. Os defensores desse comportamento psicótico são os governadores e autoridades do Partido Republicano, principalmente nos estados do sul.

O governador da Flórida defende abertamente a não vacinação e ameaça com prisão os estabelecimentos que exigirem passaporte da vacina. 94% dos mortos mais recentes pelo vírus são jovens entre 18 e 25 anos que não se vacinaram. O Sonho americano está convivendo com um pesadelo! A ambiguidade, o paradoxo e o contraditório nunca foram tão presentes na humanidade quanto agora. Mas nos EUA é exagerado, doentio. Como que eu posso invocar liberdade individual, de expressão, se esse direito mata pessoas? Tem algo errado com os EUA! Como que a Suprema Corte vai resolver isso? Os EUA vão sofrer horrores! A pandemia por lá não tem data para acabar! Dou aos americanos um conselho do maior escritor de língua inglesa, William Shakespeare, que diz: “As feridas que fazemos em nós mesmos, cicatrizam-se mal. A omissão em fazer o necessário, sela uma ordem ao perigo, e o perigo como uma enfermidade penetra-nos sutilmente, mesmo que estejamos deitados indolentemente ao sol”.

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