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Quinto Ato
Quinto Ato

A Segunda Guerra e o Covid

“Não tendes para fazer o mal metade do que tenho para sofrer”, para resistir e lutar e vencer. E mando um recado ao Covid “Se tu matastes 750 mil pessoas, lembro-te que isso é apenas um terço de Stalingrado e, se vencemos uma guerra por que não venceríamos uma única batalha?

Theófilo Silva

13/08/2020 10h32

Foi preciso enfrentar esse surto de Peste para compreendermos melhor o impacto, o sofrimento, o poder destrutivo e a carnificina da Segunda Guerra Mundial, e mesmo de todas as guerras que ocorreram desde o início do século XX. Isso para ficarmos apenas nos últimos cento e vinte anos, ou seja, um período equivalente ao tempo máximo de vida de um ser humano.

Se olharmos para trás e verificarmos que a segunda grande guerra atingiu todos os continentes, quase todas as nações do mundo, transformando a vida num inferno matando em torno de 85 milhões de pessoas, animais; destruindo estradas, pontes, represas, túneis, casas, prédios, residências, postes, veículos, florestas, em resumo, tudo aquilo que se encontrava em cima da terra e até mesmo debaixo dela. Ainda assim, é muito difícil, para quase todos nós, que não éramos vivos à época, sentir a extensão, a dor, o peso da catástrofe. Falar é bem diferente de vivenciar, estar presente e sentir o impacto das coisas sobre nossos corpos, mentes e alma. Talvez por isso os europeus, chineses, japoneses saibam se comportar melhor diante de eventos difíceis e dolorosos, como ataques terroristas, tsunamis e outras calamidades.

A Segunda Guerra começou em primeiro de setembro de 1939 e terminou em dois de setembro de 1945, durando seis longos anos. China, Polônia e Thecoslováquia foram os países que passaram mais tempo e que mais sofreram o horror da guerra: algo em torno de 2.200 dias. China e Rússia detêm a metade dos mortos. Sendo que Rússia, na época União Soviética, era composta por dezesseis países. E lá, tanto as mortes e destruição foram cometidas pelos alemães, como pelos próprios russos a mando do maior dos assassinos, o brutal ditador Josef Stálin. Foram vinte sete milhões de soviéticos mortos, um número gigantesco, pavoroso, quase inacreditável. A Bielo Rússia, hoje chamada de Belarus, teve um percentual de 25% de sua população morta.

Na Europa ocidental, a Inglaterra, nação que enfrentou os alemães desde o começo da ofensiva, teve suas cidades devastadas pelos bombardeios aéreos. Londres virou uma imensa fogueira e os incêndios chegavam a durar meses. A Iugoslávia teve 15% de sua população morta e a fome massacrava o restante. A Holanda passou dois anos comendo beterraba (por nascer debaixo do solo). A fome virou rotina mundial. A França perdeu 600 mil pessoas. A Itália sofreu horrores, ocupada pelos alemães e torturada pelo ditador Mussolini, e 500 mil italianos pereceram. O continente americano teve seus territórios poupados pela guerra, cujas batalhas foram travadas na costa marítima e alhures. Na América do Sul e Central, apenas o Brasil participou da guerra, com a morte de dois mil brasileiros. O gigante EUA lutou bravamente mundo afora, tendo um papel preponderante na luta contra a Praga nazista e 420 mil americanos foram mortos.

As batalhas eram tão brutais que chegavam a ceifar milhões de vidas. A batalha da França, que durou 45 dias, matou 470 mil pessoas; Stalingrado, na Rússia, quase dois milhões de pessoas morreram; e a derradeira, a da ocupação da Alemanha, em maio de 1945, denominada Batalha de Berlim, 1,3 milhões de pessoas perderam a vida. O sofrimento do pós-guerra ainda ia demorar pelo menos uns cinco anos. Haja dor e sofrimento. Foram dez anos de privações e calamidades. Uma tortura diária. E não vou falar do Japão das bombas atômicas.

Fiz questão de mostrar números, o horror da guerra, para dizer-lhes que, se a humanidade aguentou esse longo e quase interminável tormento de uma dezena de anos, ela tem forças para enfrentar qualquer catástrofe ou calamidade que nos aflija, seja qual for a sua origem. Não vai ser a Peste do Coronavírus aliada à perversidade de governantes que nos dobrará. Cada vida perdida é uma facada em nossos corações. Mas nós resistiremos e, como Emília diz para Iago em Otelo “Não tendes para fazer o mal metade do que tenho para sofrer”, para resistir e lutar e vencer. E mando um recado ao Covid “Se tu matastes 750 mil pessoas, lembro-te que isso é apenas um terço de Stalingrado e, se vencemos uma guerra por que não venceríamos uma única batalha?

Portanto fica sabendo, não vai ser um inseto invisível que vai nos dobrar! Sabei disso”.

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