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Quinto Ato
Quinto Ato

A Pandemia e as democracias

A pandemia veio não somente para maltratar, matar, mas também para especificidades e semelhanças entre os povos e nações.

Theófilo Silva

11/11/2021 11h16

A Pandemia e as democracias

A pandemia veio não somente para maltratar, matar, mas também para desnudar, escancarar as diferenças, mostrar os buracos, especificidades e semelhanças entre os homens, civilizações, povos e nações. Veio para desvendar similitudes, ambiguidades e fragilidades antes impossíveis e inimagináveis de serem enxergadas, até mesmo pelos estudiosos mais preparados. Digo isso porque os países mais ricos e organizados foram os mais impactados pela pandemia, digo em número de casos e mortes, a exceção do Peru e nações do leste europeu.

Quem diria que a superpotência Estados Unidos da América, o país mais rico do mundo, que esbanja fartura em todas as áreas teria o maior número de mortes da pandemia. Quase 800 mil, e que esse número não para de crescer. E pior, nada indica que essa situação vai melhorar logo. Como que depois de quase dois anos de pandemia, um percentual de quase um terço dos norte americanos se recusa a vacinar-se, mesmo sobrando vacinas? Como explicar isso?

Como que a sofisticada Grã-Bretanha, ostente um percentual de mortes várias vezes maior do que o do Vietnam, ou de Uganda e de dezenas de outros países asiáticos, africanos e mesmo da América Latina! Na Grã-Bretanha (UK), a mortandade voltou após ter caído bastante, e no momento o percentual de mortes diárias ainda é alto. Isso numa nação que tem o melhor serviço de saúde pública do mundo. Já a Alemanha e o Japão, nações famosas por seus cidadãos agirem de forma coletiva, têm um índice de mortalidade quase três vezes menor do que os britânicos.

Portugal e Holanda estão dando show no combate à praga. Não há dúvida de que o excessivo liberalismo inglês é um dos culpados por essa desgraça. Como que os britânicos possam ter um índice de mortalidade trinta vezes maior do que Índia e Paquistão? Claro, sabemos que a Índia está escondendo seus mortos, mas mesmo assim seus números seriam pequenos diante de uma população tão gigantesca.

Não vamos falar de ilhas, porque sabemos ser um lugar bem mais fácil de realizar isolamento e quarentenas. Caso de Cuba e ilhas do Caribe, ou mesmo da Austrália e Nova Zelândia, onde o número de mortes é irrisório. Também não podemos citar a sinistra Coréia do Norte, porque se trata de uma ditadura feroz que vive fora do mundo. Já a riquíssima Coréia do Sul ostenta números baixíssimos. E não posso deixar de falar da China e sua política de “Covid zero”, e de onde a doença é oriunda, tenham morrido pouco mais de cinco mil pessoas. E tudo indica que esses números são reais. Uma coisa está clara, algumas nações de governo autoritário têm se saído melhor do que as democracias no combate à peste. Enquanto muitas democracias com seus direitos individuais que permitem que loucos recusem a vacina, máscaras e isolamento estão penando. Alemanha, Reino Unido e EUA estão padecendo disso.

O que torna a recusa desses cidadãos uma das coisas mais estranhas da pandemia.

E aí temos o nosso Brasil, onde o governo federal é o principal mentor da tragédia que matou mais de 610 mil pessoas, ao negar toda e qualquer medida de combate à doença, e por isso temos um número mortes assustador e que poderia ser bem menor. Ainda bem que no quesito prevenção, o povo brasileiro seja um dos maiores adeptos da vacina, e isso está fazendo a diferença agora.

Em uma de suas máximas, Shakespeare diz que: “Deus nos livre da rebelião de nossa própria carne! Que coisa somos nós, quando somos nós mesmos”. Essa frase nos ensina o quanto os homens podem ter comportamentos autodestrutivos de forças destruidoras e inesperadas. O mesmo princípio pode ser aplicado às nações. Por isso digo que as democracias precisam repensar seus modelos e assim evitar catástrofes provocadas pelos seus próprios cidadãos, como a que estamos vendo agora. “Que coisa somos nós, quando somos nós mesmos”.

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