Em meio a uma conversa com dois interlocutores, o professor de latim Holofernes usa a expressão latina “haud credo” e Dull (tapado), acha que ele está falando sobre caçar um Cervo, ao que Holofernes se irrita, e é admoestado por Nataniel, que responde: “Senhor, este rapaz nunca se alimentou com as guloseimas encontradas nos livros. É como se disséssemos que ele nunca comeu papel, nem bebeu tinta. Seu intelecto não está abastecido. Não passa de um animal, é sensível somente nas partes grosseiras”. Essa passagem está na peça Trabalhos de Amor Perdidos, e explica muito bem o que estamos enfrentando agora.
Digo que estamos vivendo sob a égide de gente “Sensível nas partes grosseiras”, de gente ignara. São eles: os influenciadores digitais, a turma das redes, as pessoas que nunca leram um livro. De gente que pensa que Maquiavel é um Bar, e O Pequeno Príncipe um livro infantil. Vivemos no mundo de Filipe Neto, Jojo Todynho, PC Siqueira, Anitta, Luciano Huck, Flávio, Eduardo e Carluxo Bolsonaro, Fábio Porchat, Neymar… E toneladas de analfabetos que passaram a conduzir o pensamento e a ação do povo brasileiro. Esses indivíduos têm milhares, milhões de seguidores nas redes sociais, a nova onda em que grande parte da humanidade está surfando. Por isso deu no que deu. Ignorância gera ignorância. Daí que o Brasil elegeu um energúmeno para Presidente da República. Muito embora saibamos que nem todos esses que citei são defensores de Jair Bolsonaro.
Vivemos no mundo de Neymar, ou Neymarketing, um ignorante que ganha um salário mensal equivalente ao de mil e quinhentos médicos. Está errado! Quando eu vejo Luciano Huck, um “Mauricinho” televisivo, pleitear a Presidência da República, entro em desespero.
Quando vejo um humorista medíocre, cujo grupo chama-se Porta dos Fundos – isso mesmo, buraco de trás –, fazer um vídeo de ataque a fé em Jesus Cristo, e ser defendido com unhas e dentes pela Rede Globo todos os dias e todas as horas, em nome da liberdade de expressão, como se no Brasil houvesse censura, minha pressão sobe. Está errado! Quando vejo Anitta, a mais pura expressão da vulgaridade, que se diz cantora, ser a mulher com mais seguidores no Brasil, tenho ânsias de vômito. Está errado! E assim vai. Estamos cercados pela vulgaridade, mediocridade, estupidez e ignorância. A tecnologia nos traiu! Deu vez, voz e poder aos ignorantes. Estamos a bordo da Nau dos insensatos.
E a onda é mundial. Hamlet diz que “As desgraças nunca vêm sozinhas, mas aos batalhões”. A epidemia de Peste está sendo acompanhada por desgraças ainda maiores. O ser humano depravou. Vejam a legião de criminosos, de fascistas, que aproveitando as manifestações contra o racismo, se infiltraram entre os manifestantes e passaram a destruir, incendiar lojas, patrimônio público, tudo o que vêm pela frente, principalmente nos EUA e na Europa. Esses monstros estão destruindo monumentos, estátuas de figuras como Cristóvão Colombo e Winston Churchill. Esses animais pensam que Churchill é uma marca de cigarros, e não o homem que salvou a humanidade da Peste Hitlerista. Sem Churchill, a humanidade teria sucumbido caído na barbárie! A mesma barbárie que esses doentes querem trazer de volta.
O filme E o Vento Levou, o filme mais visto da história do cinema, foi retirado das Redes “porque é racista”. Ou seja, estão querendo apagar a História. A mesma coisa que Hitler e o sanguinário Stálin fizeram: apagar o passado. Estamos vivendo o renascimento do Fascismo, não tenham dúvidas. Quem diria que isso aconteceria no século XXI?
O que podemos fazer? “Oh, monstro da ignorância, como és hediondo”. Ponhamos na cabeça essa máxima de Shakespeare e sejamos a vacina contra o vírus da estupidez, esse monstro hediondo, cruel, e inundemos as redes e veículos de comunicação de sabedoria, de conhecimento, de democracia, sejamos um farol, uma luz nesse mundo de trevas. É nossa única saída!
