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Olhar Strano
Olhar Strano

Os desafios do governo Lula na comunicação digital

Como enfrentar uma oposição engajada e conectada

Danilo Strano

05/12/2022 9h33

Foto: Reprodução/Twitter

Eleito no último dia 30 de outubro, o governo Lula precisará se reinventar para protagonizar o debate nas redes sociais. Segundo pesquisa mundial realizada pelo Statista, banco internacional de estatística, a população brasileira é a quinta no mundo que mais usa redes. São 159 milhões de usuários diários no país, ou seja, mais de 70% da população contectada. Em 2002, quando Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela primeira vez, o número de brasileiros com acesso a internet era inferior a 8% da população. Muito hábil com as palavras, em seu primeiro governo, bastava Lula dar entrevistas para rádios, jornais e TVs para criar sua narrativa e se aproximar da população. Mas o cenário mudou muito.

Lula afirmou por diversas vezes que dificilmente usa celular e não sabe nem a senha de seus perfis nas redes sociais. Extremamente diferente do atual mandatário, que, com auxílio do filho Carlos Bolsonaro, está conectado o tempo todo. A presença na web é fundamental para de comunicar com grande parte da população. A comunicação digital está muitas vezes restrita às redes sociais — a institucionalidade dos sites oficiais de governo parecem ultrapassados para o diálogo com o cidadão.

O grande desafio do novo governo, diante da guerra de narrativas da oposição bolsonarista, será engajar e viralizar conteúdos se adequando à institucionalidade necessária a um governo.

Em seu governo, Bolsonaro optou por romper com qualquer institucionalidade na comunicação, por meio de lives e entrevistas informais a canais aliados, inaugurando um novo meio de se comunicar com a população. Engana-se quem acredita que essa rede era formada basicamente por robôs. O trabalho era orgânico e, até hoje, reúne milhares de ativistas vinculados com as causas e os valores radicais.

Membros do futuro governo e aliados no Congresso precisam protagonizar o debate nas redes, fugir da lógica de apenas repetir e amplificar o falado por Lula. Mas para isso, a gestão 2023-2026 precisa criar seus canais digitais de comunicação e estimular o engajamento de seus membros, assim como o feito pelo governo Bolsonaro no perfil Secom.VC criado nas redes sociais.

A rede social funciona como uma comunidade, precisa de diversos interlocutores. Os cortes (vídeos curtos e de alto impacto) devem substituir os longos discursos em seus canais. A linguagem simples e direta tem de substituir o texto acadêmico. A informalidade de uma live deve substituir o formato de entrevista marcada. Enfim, são muitos os desafios, mas se o governo pretende ocupar e protagonizar o diálogo com a população nas redes sociais, precisa enfrentá-los.

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