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Neurologia e Vida Saudável
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Você tem insônia?

No texto de hoje, abordaremos o conceito, tipos, sintomas e diagnóstico da insônia, que é problema de saúde pública

Edson Shu

27/09/2023 15h09

Atualizada 09/10/2023 10h27

Foto: Cottonbro Studio/Pexels

Você vai para cama, fica rolando de um lado para o outro e não consegue dormir? Ou você dorme, mas acorda no meio da noite e demora para pegar no sono novamente? Ou é daqueles que dormem a noite toda e, no fim da madrugada, acorda antes da hora e não mais consegue dormir? Se uma dessas situações ocorre habitualmente com você, então, pode ser insônia…

Sabe o que é insônia?

Insônia é uma condição clínica comum, caracterizada por dificuldade de iniciar ou manter o sono à noite, acompanhada, durante o dia, de sintomas como irritabilidade, cansaço, dificuldade de atenção e memória, entre outros.

A Classificação Internacional dos Transtornos de Sono (“International Classification of Sleep Disorders” – ICSD) destaca 3 condições para definir insônia:

  • O ambiente de sono do paciente deve ser apropriado (local escuro, silencioso e com temperatura agradável);
  • A dificuldade de sono deve causar prejuízo das funções cerebrais e sistêmicas durante o dia;
  • O indivíduo deve dispor de tempo e oportunidade para dormir.

Insônia é um problema de saúde pública

A prevalência da insônia na população varia de 5% a 35%, dependendo dos critérios adotados para diagnosticar o problema e selecionar a amostra.

Quanto mais idosa a população, mais alta a prevalência de insônia; em geral, as mulheres apresentam mais dificuldade de dormir em relação aos homens.

1 a cada 3 adultos pode queixar-se de insônia, o que constitui problema de saúde pública. Cerca de 15% da população evolui seu quadro para insônia crônica.

Foto: Cottonbro Studio/Pexels

Quais são os tipos de insônia?

A insônia pode ser classificada como insônia de curta duração (aquela que apresenta melhora dentro de 90 dias) e insônia crônica (que ocorre ao menos três noites por semana e persiste por mais de três meses).

A insônia de curta duração, chamada de insônia de ajuste ou insônia aguda, usualmente perdura dias ou poucas semanas e ocorre em resposta a um fator causal, físico e/ou psíquico, como perda de emprego, morte ou doença em um ente querido, divórcio, dívidas, mudança de moradia, entre outros exemplos. Grande parte dos pacientes melhora quando a causa da insônia é eliminada/resolvida ou quando o indivíduo se adapta à nova condição.

No entanto, a dificuldade de dormir pode persistir e levar à insônia crônica, particularmente se o indivíduo desenvolve hábitos prejudiciais ao sono, ao tentar compensar e/ou aliviar os sintomas da insônia aguda, como dormir bastante durante o dia; consumo de bebidas, alimentos e drogas que contêm estimulantes cerebrais (café, bebidas energéticas e/ou alcoólicas, pimentas, chocolates, cigarros, medicamentos); uso indiscriminado de medicamentos para adormecer (por exemplo, benzodiazepínicos), entre outros. Infelizmente, a maioria dos pacientes busca ajuda médica muito tempo depois.

No tocante à queixa dos pacientes, a insônia pode ser categorizada em três estágios: inicial, definida como dificuldade de iniciar o sono; intermediária ou de manutenção, em que o indivíduo desperta no meio da madrugada e leva tempo para voltar a dormir; e terminal, quando a pessoa desperta no fim da noite, antes da hora de acordar e não consegue mais dormir. A insônia inicial é mais comum em jovens, e a de manutenção, em adultos e idosos.

Em relação ao tempo de sono, a insônia pode ser dividida em insônia com tempo de sono curto – inferior a seis horas – e insônia com tempo de sono normal ou próximo do normal para faixa etária – superior a seis horas. O primeiro caso pode aumentar o risco de complicações cardio e cerebrovasculares.

O uso indiscriminado de medicamentos pode gerar problemas. Foto: Cottonbro Studio/Pexels

Quais são os sintomas da insônia?

As pessoas que sofrem de insônia têm sintomas noturnos e, também, queixas diurnas.
Os sintomas noturnos das pessoas insones compreendem: dificuldade em começar a dormir ou manter-se dormindo durante a noite; despertar precoce, antes da hora de acordar; sono de pouca qualidade, não reparador; preocupação com o estado físico e mental do dia seguinte. À medida que a pessoa não adormece, surge a preocupação de que a perda de sono pode causar desconforto e mal-estar no dia seguinte, além de afetar o desempenho social, escolar e profissional. Essa preocupação aumenta com o tempo, provoca estresse e estado de alerta no cérebro e prejudica ainda mais o aparecimento natural do sono.

Em crianças ou pessoas com demência, a insônia pode manifestar-se por resistência em ir para cama em horário apropriado ou dificuldade em dormir na ausência dos pais ou do cuidador.

Por outro lado, as principais queixas diurnas são fadiga, falta de energia, sonolência excessiva, falta de atenção e concentração, hiperatividade, baixo desempenho escolar e profissional, distúrbio de humor e irritabilidade, agressividade, desmotivação e tristeza, impulsividade, preocupação por não ter dormido e por não conseguir dormir, acidentes e erros nas atividades profissionais e da vida diária.

Como é feito o diagnóstico da insônia?

O diagnóstico da insônia é essencialmente clínico e baseia-se na história relatada pelo paciente e os achados do exame físico — geral, das vias aéreas e neurológico. A avaliação clínica tem o objetivo de caracterizar a natureza e gravidade da insônia, realizar o diagnóstico diferencial entre os diferentes transtornos de sono e identificar fatores causais e comorbidades relevantes ao tratamento.

Imagem ilustrativa

Em resumo, falei sobre a definição de insônia e a sua prevalência na população, como é classificada, quais são os seus sintomas noturnos e diurnos e como o diagnóstico de insônia é estabelecido. Nesse momento, você já deve ter ideia se você ou alguém que você conhece tem insônia. No próximo artigo, falarei sobre as causas e as doenças clínicas frequentemente acompanhadas de insônia.

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