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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Sexualidade masculina e paternidade

O que é ser pai? Como isso pode influenciar sua vida como homem?

Lu Miranda

16/08/2023 12h44

Arte: Lu Miranda

Há alguns dias, postei, em minhas redes, a seguinte pergunta: “Qual foi o melhor ensinamento que seu pai deixou para você?” Foram diversas as respostas, variando entre “Ele me ensinou coisas que hoje faço o contrário” e “Ele me ensinou a me afastar de pessoas que causam mal à minha saúde mental”. Ou ainda “Viva o hoje como se fosse o último dia.” Diversos são os ensinamentos, sendo eles conscientes ou não.

“Se meu pai tivesse se separado da minha mãe no início de tudo, meus traumas seriam menores…”

Imagine que muitos dos nossos pais, avós, tios, vieram de um momento histórico e cultural que precisamos considerar. A escravidão ainda era muito presente, fora machismo, homofobia, estupro matrimonial. As regras conservadoras e punições eram muito severas e cruéis (não que hoje não seja, né?!). Guerras no mundo, mudanças bruscas, absurdos emocionais que afetariam qualquer pessoa sã. Traumas familiares, assassinatos, escolhas alheias que até hoje transbordam em nós. Traições, infidelidades emocionais e financeiras, ausência de voz, silenciamento. O menino ferido que ainda precisa de acolhimento, mas não o recebe, reprime e somatiza, afinal, homens não podem demonstrar afeto ou fragilidade, isso é coisa de menina.

A frase “engole o choro”, bem clichê, só reforça o constante hábito de não poder demonstrar sentimentos, principalmente os que envolvem vulnerabilidade, reforçando comportamentos padrões de um homem que não olha para suas inseguranças, seus vazios.

E o que isso tem a ver com sexualidade masculina?

Tudo. Somos o que aprendemos ser. Ou seja, como se comunicar bem com a parceria se você não aprendeu ou não foi incentivado a se expressar emocionalmente? Pode parecer fácil, mas identificar, nomear e comunicar sentimentos demanda habilidade social, e não somos incentivados a desenvolvê-la.

A impotência emocional vira sintoma. A partir daí, vem insegurança, excesso de cobrança, trabalho, fugas e mais fugas… conversar ou parar para sentir o que está rolando? Nem pensar! Vou fazer isso para quê, se está dando certo até hoje?

Em muitos momentos, é funcional não pensar nas dores da vida, mas será que esse mecanismo de “defesa” é o mais eficaz?

Inevitavelmente, esse padrão chega a um limite. Depois de reprimir tantos sentimentos e emoções, uma hora o corpo grita, e aí não tem como mais fugir: é preciso coragem para ouvir e acolher as fragilidades para que isso não somatize no corpo. Disfunção erétil, ejaculação precoce, compulsão sexual e vícios em pornografia estão vinculados a uma masculinidade muitas vezes tóxica. Fugas confundidas com porto seguro; vícios fantasiados de prazer.

Mas a partir de hoje pode ser diferente. Seja um pai melhor, um parceiro mais responsável afetivamente. Seja para você sua melhor experiência, entre quatro paredes e fora dela.

Converse com alguém sobre o que sente. Permita-se entrar em contato com aquilo que dói (de preferência com acompanhamento psicológico). Não vai doer para sempre, prometo. Ter a oportunidade de aprender com o outro é um grande privilégio.

Indicações de conteúdos audiovisuais sobre o tema:
Carlinhos e Carlão | Homens? | Silêncio dos Homens | Coisa de Menino

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