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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Por que mulheres sexualmente seguras assustam os homens?

Conheça a história de Betânia* e a relação com seus parceiros

Lu Miranda

11/10/2023 18h47

Arte: Lu Miranda

Betânia (*nome fictício), 34 anos, me procurou porque queria aumentar seu repertório sexual. Diferentemente de muitas mulheres, ela me relatou que teve pais que a educaram muito bem sexualmente, pois tinha liberdade em casa para trocas e dúvidas a respeito do tema. Ela também foi incentivada a ler livros educativos sobre respeitar e amar a si mesma e compreender melhor o próprio corpo.

Betânia se percebia heterossexual, apesar de não se sentir acolhida em muitos momentos pelo gênero masculino. Sua relação era de amor e ódio com os homens, mas ainda assim queria evoluir com isso e conhecer mais?sobre?si?mesma.

Aparentemente, chegou com poucas demandas na terapia, dizia se sentir segura nas relações e não ter problemas de autoestima. Com o passar do tempo, foi se sentindo ainda mais segura e acolhida, e permitiu-se falar mais sobre como foi difícil ser essa mulher de boa relação com a própria sexualidade.

Betânia era do tipo de mulher que exalava sensualidade, o que atraia olhares de interesse — mas também muitos de inveja e objetificação. Seus parceiros costumavam ficar inseguros com o modo que ela se destacava, e ciúme era algo muito presente em suas relações.

Falar o que gostava na cama foi um processo, e muitas das vezes custou sua vulnerabilidade. Às vezes, queria propor coisas novas e não sabia como comunicar ao seu parceiro, principalmente porque ele poderia se sentir intimidado com seus desejos, e ela obviamente não queria se?sentir?julgada.

Betânia foi se sentindo desvalorizada em suas relações. Ela podia ser empoderada, mas não mais que os homens com quem se relacionava. Um deles brochava com frequência, tinha ansiedades recorrentes e constantemente apontava defeitos nela para justificar suas frustrações. Ela, que até o momento se sentia bem com sua sexualidade, passou a questionar seus conhecimentos e valores, visto que ser ela mesma estava gerando angústia e dor no rapaz, e não era isso que ela queria. Preferiu dar fim à relação para compreender melhor por que estava se sentindo tão desmotivada. Se sentia cobrada com frequência e pouco suficiente.

Meses se passaram, e Betânia conheceu Felipe, com quem conseguiu ser vulnerável logo de cara. Era um preço que ela estava disposta a pagar por uma conexão sincera e profunda, e se não passasse daquele primeiro momento, talvez fosse Felipe quem não estivesse pronto para uma mulher como ela. Para surpresa dela, no entanto, deu super certo! Eles passaram a se encontrar diversas vezes, criando um vínculo de intimidade incrível, onde, com muita responsabilidade, limites e diálogo, eles conseguiam ser a melhor versão que podem ser. A vida sexual do par era divertida, e ambos ficavam à vontade para falar sobre como estavam se sentindo a cada passo novo que davam. Mas a confiança foi se tornando tão grande, que a vontade de experimentar estava sempre presente.

Betânia, atualmente, vem uma vez por mês na terapia. As inseguranças ainda existem e, por isso, uma manutenção na saúde mental é sempre necessária.

Dessa forma, respondendo à pergunta inicial: uma mulher segura não deveria assustar os homens. Em relações saudáveis, a comunicação aberta e vulnerável e o respeito mútuo são essenciais. Ter uma parceria segura de si no âmbito sexual pode ser muito positivo, pois pode ajudar na promoção de uma relação mais satisfatória para ambos, emocional e sexualmente.

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