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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Mães também sentem prazer: uma reflexão sobre sexo e prazer na maternidade

Como presentear as mães por tudo que elas representam? Airfryer? Viagem? Panela elétrica? Roupa? Lingerie? Vibrador?

Lu Miranda

17/05/2023 11h19

Arte: Lu Miranda

Atendo muitas mães no meu consultório e é muito interessante perceber como existe uma cobrança, uma culpa na hora de olharem para si como prioridade. É óbvio que não podemos deixar de trazer os aspectos históricos que influenciam diretamente toda essa questão, afinal de contas fomos criadas desde muito cedo para servir, cuidar, amar a todos ao nosso redor, mas não fomos educadas e incentivadas a nos empoderarmos e olharmos para esse feminino em primeiro lugar. Por que será, hein?!

Muitas mães se sentem felizes ao ver felizes aqueles que ela ama. Mas e quem cuida do que sente essa mãe?

Numa sociedade patriarcal como a nossa, ainda predomina (apesar de existirem exceções) o homem como provedor da família e a mulher como responsável pelos afazeres domésticos, cuidado emocional da família e educação dos filhos. Além, claro, de ela precisar de cuidar de si para que o marido siga sentindo atração, porque homem procura fora quando não tem em casa (já ouviram esse absurdo por aí? Falaremos mais disso em outro texto).

O cuidar de si atrelado ao feminino normalmente está vinculado a atrair o gênero oposto. Quase nunca foi sobre a mulher se sentir linda e incrivel para ela mesma, mas sim para ser interessante aos olhos do outro(a). Todavia, cada vez mais podemos perceber o quão toda essa pressão tem adoecido e sobrecarregado as mulheres e principalmente as mães, deixando-as sem tesão pela vida e sem energia e tempo para se dedicarem a elas mesmas.

Um lembrete absolutamente relevante aqui é que, ao falarmos de sexualidade, também falamos de saúde da família, sabia?

“Como assim, Lu?”

Se uma pessoa da sua família está muito instável ou sobrecarregada emocionalmente, ela provavelmente vai contagiar outras pessoas ao seu redor, concordam? O contrário também é válido. Se sua mãe cuida dela mesma e se percebe como amada, vista, reconhecida como mãe, mulher, esposa e amiga, ela muito provavelmente vai se sentir melhor com ela mesma, e todo esse resultado também impactará nas suas relações próximas.

O complexo disso tudo é a dificuldade que existe por trás desse modelo de maternidade, que muitas das vezes nega o papel da mulher para que ela viva única e exclusivamente o papel de mãe.

Se você é mãe, está lendo isso e quer que seus filhos se amem e se respeitem, seja você a primeira pessoa a se amar e respeitar seus próprios limites. Caso contrário, falar, mas não reproduzir, irá gerar consequências não tão saudáveis com o tempo. Aprendemos por palavras, mas principalmente por comportamentos e exemplos.

Se você, parceiro ou parceira, está lendo isso, uma dica de ouro: quanto mais você valorizar sua mulher (principalmente do jeito que ela gostaria e não você), mais chances você cria de ela se sentir à vontade, segura e feliz. Não que isso dependa somente de você, ela também precisa fazer a parte dela. Isso vai impactar diretamente no desejo sexual e no afeto relacional.

E você, mãe, lembre-se: você é mulher antes de ser mãe, esposa e amiga.

E é aquilo, né?! Nós damos aquilo que temos.

Então, se você deseja tanto que seus filhos, parceiros ou parceiras sejam felizes, saudáveis, boas companhias, leves e interessantes, cuide de você. Ocupe-se com aquilo que te enche de vida, conhecimentos e aprendizados.

Ser sexual não é transar todo dia, mas é se conectar com sua essência, é compreender melhor o que você gosta e como quer se comunicar com o mundo sobre tudo isso.

Mães merecem sentir prazer, ser mais leves, felizes. Merecem, sim, viver sua individualidade.

Respondendo a pergunta inicial sobre airfryer, viagem, panela elétrica, roupa, lingerie ou vibrador, que tal perguntar diretamente a ela o que ela realmente gostaria de receber, independente de uma data comercial? As vezes o presente nem vai ser físico, mas de amor e cuidado.

E se você é marido, esposa, filho, amigo, se questione sobre esse seu papel na sobrecarga da outra pessoa. Amor também é deixar o outro ser feliz, ainda que isso não envolva totalmente você.

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