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Histórias da Bola
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Um Lobo muito fera

Bicampeão como atleta em 1958 e 1962, e técnico do “tri” em 1970, o que não falta a Zagallo são vitórias

Willian Matos

11/09/2019 11h02

Foto: Divulgação/CBF

Mário Jorge Lobo Zagallo, bicampeão nas Copas do Mundo-1958/1962, como ponta-esquerda, foi o treinador do “tri”, em 1970. Muitos acham ter ele estreado no comando do time canarinho, em 22 de março de 1970, goleando o Chile, amistosamente, por 5 x 0, em uma tarde domingo, no paulistano estádio do Morumbi.

Na verdade, Zagallo estava no caderninho do escrete nacional desde a noite de 7 de agosto de 1968, quando treinava o Botafogo e dirigiu uma seleção carioca que representou a Confederação Brasileira de Desportos (atual CBFutebol) nos 4 x 1 Argentina.

O primeiro e já esquecido comando canarinho do Lobo foi assistido por pouca torcida – 39.375 pagantes – e teve os gols de sua rapaziada marcados, exatamente, pela sua turma botafoguenses – Waltencir, aos 13; Roberto Miranda, aos 27, Jairzinho, aos 66 e Paulo César “Caju”, aos 67 minutos.

Da equipe que começou a partida, Moreira, Leônidas, Waltencir, Carlos Roberto, Gérson, Roberto Miranda e Jairzinho eram alvinegros, com o restante da escalação tendo o goleiro Félix (Flu), o zagueiro Brito (Vasco da Gama) e o atacante Nado (Vasco). No decorrer da partida, entraram Murilo (Fla), na vaga de Moreira, e Nei Oliveira (Vasco), na de Roberto Miranda.

Coincidentemente, o árbitro desse amistoso foi o mesmo do primeiro jogo de Zagallo dirigindo um verdadeiro selecionado nacional: Armando Marques.

Brasil 5 x 0 Chile bateu, em São Paulo,  recordes de público – 101.902 pagantes – e de renda NCr$ 598 mil, 828 novos cruzeiros (moeda da época). Mas tinha mais almas presentes ao Estádio Cícero Pompeu de Toledo, de propriedade do São Paulo Futebol Clube, por terem muitas crianças sido libertadas de ingressos pagos.

O placar foi dilatado e, evidentemente, o povão viu novos ares para o gripo que ficara sem o demitido o treinador João Saldanha. Mas Zagallo precisava de um teste melhor, pois os chilenos tiveram um atleta expulso de campo com quatro minutos de peleja, por agressão ao árbitro e trouxeram um time fraco.

Para a revista carioca Manchete – Nº 937, de 04.04.1970 – o visitante “não foi, em nenhum momento, um sparring digno da nossa Seleção”, não tendo sido “realmente, um teste para as formigas do Zagallo” – quando aleta, Zagallo atuava atacando e defendendo, o que valeu-lhe o apelido de Formiguinha.

O time canarinho começou a bater nas fraquezas chilenas a partir dos quatro minutos, quando o santista Clodoaldo lançou e Roberto Miranda, da marca do pênalti, balançou a rede – o Chile reclamou impedimento no lance que gerou confusão e a expulsão de Gazeli.

Aos 30, Roberto Miranda recebeu passe de Pelé e voltou ao filó. Aos 43, Gérson chutando de fora da área e feaz o terceiro. Logo em seguida, Gérson serviu Paulo César “Caju”, que centrou a bola um pouco para trás. Pelé, que vinha  na corrida, pegou na veia: 4 x 0, fechando a conta do primeiro tempo.

Na etapa final, Jairzinho levou falta à entrada da área chilena, Pelé cobrou e, aos 35, deixou escrito Brasil 5 x 0 Chile, formando com: Leão (Palm); Carlos Alberto Torres (San);Brito (Fla), Joel Camargo (San) e Marco Antônio (Flu); Clodoaldo (San)/(Dirceu Lopes (Cruz), Gérson (SP) e Paulo César “Caju” (Bota); Jairziho (Bota), Roerto Miranda (Bota) e Pelé (San).

Na mesma edição citada acima, Manchete viu a rapaziada de Zagallo atuando da mesma forma que o time de João Saldanha,  “sem coordenação entre seus vários setores”. Em compensação, anotava “ataque mais impetuoso, com fome de gols” e o meio-de-campo mais tranquilo a partir do auxílio de Paulo César, fatores que dizia “amenizar o trabalho dos zagueiros”.    

Zagallo comandou a Seleção Brasileira também na Copa do Mundo-1974, na então Alemanha Ocidental, quando terminou em 4º lugar. Voltou em 1991 e ficou para ser tetracampeão mundial, como coordenador técnico, em 1994, e vice-campeão, novamente, como treinador, em 1998. Sua sua última passagem canarinha foi entre 2003/2006, mais uma vez, sendo coordenador técnico.

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