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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Um goleiro de borracha

Gustavo Mariani

20/01/2023 11h08

Seu Arthur Luis e Dona Almerinda de Carvalho deixavam o filho Édson jogar futebol. Mas cobravam fazer os deveres de casa e tirar boas notas nos estudos do Grupo Escolar Perpétuo Socorro, da mineira Governador Valadares, onde eles moravam desde 1949. Se, no meio da rua, ele ela bom goleiro, precisava ser bom, também, diante dos livros. Era a cobrança dos pais.

Sempre impedindo que a bola passasse por entre duas pedras que demarcavam o seu território inviolável, o garoto Édson Luiz de Carvalho convenceu-se de que não deveria trocar de posição no dia em que o Fluminense foi disputar um amistoso em Governador Valadares-MG, onde ele residia, desde 1949. Encantou-se com o goleiro tricolor Carlos Castilho e passou a sonhar repetindo o seu “ídolo imediato”. O destino ajudou: era 1959 e o treinador Newton Cardoso o tirou do futebol amador do interior mineiro e o levou para o Fluminense. À época, ele jogava pelo Caratinga FC, levado pelo prefeito caratinguense, que lhe pagava uma graninha, por partida jogada, uma “ajuda de custo” de cerca de velhos Cr$ 5 mil cruzeiros.

Édson quase não acreditou quando viu Castilho passando dicas para os goleiros novatos, inclusive ele. Foi crescendo e “tricolando” até estourar a idade de juvenil. O Olaria o queria, mas Castilho o via como um goleiro de muita agilidade e elasticidade (o que valeu-lhe o apelido de “Borracha”), e pediu para o Flu lhe contratar, o que o fez, em 1960. Antes daquilo, em 1959, Newton Cardoso, como treinador da Seleção Brasileira de Novo, o convocou para ajudar o Brasil a trazer a medalha de prata dos Jogos Pan-Americano de Chicago, quando teve o cracaço Gérson de Oliveira Nunes por colega de time – Edson Borracha; Nelson, Rubens, Dari e Edilson; Maranhão e Gérson; Roberto Rodrigues, Manoelzinho, China e Germano foi uma das formações durante a disputa.

De volta ao Brasil com uma medalha no peito, Edson Borracha barrou Márcio, o titular do arco do time aspirante do Fluminense e tornou-se bicampeão carioca da categoria-1962/1963. No entanto, os primeiros títulos não lhe fizeram pensar em tirar a camisa 1 do time principal tricolor de Castilho, que envelhecia. Mesmo considerando-se capaz de ser titular em qualquer equipe, ele via o seu ídolo inabalável em sua posição. E passou a crer que, para brilhar no futebol carioca, só trocando de clube. Mas não foi preciso trocar de clube.

Em 1964, ele começou a ser escalado na reserva de Castilho. Em 1965, quando o “mito” intuía que já fizera tudo o que pudera pelo Fluminense (desde 1947) e deixou as Laranjeiras, para encerrar a carreira no paraense Paysandu, a vez foi dele. Fez grandes partidas e o Édson Borracha ficou badaladíssimo pelos microfones dos locutores esportivos, carregando emoções na descrição de suas defesas elásticas, como uma pelo Torneio Rio-São Paulo, contra o Corinthians, defendendo um chute do goleador Flávio “Minuano”, da marca do pênalti, rumo a um dos ângulos da sua baliza. Pulou, elasticamente, e foi buscar a bola para voltar ao chão com ela segura. Aplaudidíssimo, começou a armar o caminho para tornar-se canarinho do time principal. Chegou lá e, em um dos treinos do escrete nacvional, protagonizou defesa idêntica, em chute de Gerson.

Edson Borracha chegou ao grupo principal da Seleção Brasileira, quando a CBD-Confederação Brasileira de Desportos anunciou o início da preparação par a Copa do Mundo-1966, na Inglaterra. Fo incluído em um grupo de 29 atletas que disputariam, incialmente, no Maracanã, amistosos contra Bélgica, Alemanha Ocidental e Argentina. Depois, faria mais quatro amistosos no exterior. Ele não entrou em nenhuma das partidas, que tiveram o botafoguense Manga no gol, em seis prélios, e o palmeirense Waldir Morais em mais um.

Sem ser lembrsdo para os treinamentos visando a Copa do Mundo-66, o goleiro que, ao substituir Castilho, empolgou a sua torcida, perdeu espaço para Jorge Vitório, em 1966. Foi parar na Colina, após excursão do Fluminense ao Norte do país, quando chegou aos tapas, em Belém, com o zagueiro Valdez. O Vasco da Gama ofereceu o zagueiro Caxias e antigo Cr$ 1 milhão de cruzeiros para levá-lo. Estreou em 17 de julho daquele 1966, amistosamente, no 0 x 0 Royal, de Barra do Piraí, quando o técnico Ely do Amparo passou a tê-lo no grupo que contava, ainda, com Amauri, Ari (Joel/Mendez), Brito, Fontana (Ananias) e Oldair; Maranhão (Alcir) e Salomão (Danilo Menezes/Lorico); Nado (Luizinho Goiano/William), Célio (Acelino) Madureira (Picolé/Paulo Mata) e Zezinho (Tião). Em 1967, ele esteve ao lado de: Franz (Édson Borracha/Pedro Paulo), Jorge Luís, Brito (Sérgio), Fontana (Álvaro) e Oldair; Salomão (Paulo Dias) e Danilo Meneses; Nei (Nado, Zezinho), Valfrido (Paulo Mata), Adílson (Paulo Bim) e Silva (Tião/ Luisinho).

Edson Luiz de Carvalho, nascido em 21 de outubro de 1941, esteve cruzmaltino, em 1967. Depois, passou pelo Bahia (1968), Nacional-AM e Madureira (1972); Paysandu-PA (1973) e Anapolina-GO (1979).

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