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Histórias da Bola
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Tiradentes com a corda no pescoço do Lobo

A mais emocionante decisão do Campeonato Candango

Gustavo Mariani

03/04/2023 11h37

Atualizada 25/04/2023 9h33

O Campeonato Brasiliense de Futebol Profissional-1988 foi programado com turno e returno, cada um contendo duas fases. Depois, semifinais com quatro times. Classificaram-se: o alvivede Gama; o alvinegro Guará; o alviazul Taguatinga e o rubro-negro Tiradentes.

Rolou a maricota e a dupla “Taguá-Tira” chegou à boca do caneco com muita sede nas semifinais, podendo empatar para irem à final. O “Tira” cumpriu a sua parte, eliminando os gamenses, mas o “Águia”, o Taguá, foi mordido pelo “Lobo”, o Guará. E lá se foram Tiradentes e Clube de Regata Guará em busca da glória.

Marcadas as semifinais para a tarde do dia 7 de agosto de 1988, no Estádio Governador Elmo Serejo Farias, o Serejão, em Taguatinga, o Tiradentes passo por cima do “Verdão”, o Gama, sem problemas, com gols marcados por Moura (2) e Luisão, este um centroavante alto e forte, que havia feito sucesso no Bangu e no Santos. De sua parte, o Guará, venceu o Taguatinga, por 1 x 0, com golaço marcado pelo meia Aílton Lira, ex-Santos e Sã Paulo, batendo três escanteios iguais, todos do lado direito do seu ataque, pelos finalmente da pugna.

Chega a final, com o “Tira” jogando pelo empate durante o tempo normal e em uma eventual prorrogação, já que fizera mais pontos do que o adversário, em toda a disputa. Os rubro-negros haviam sido criados dentro do Corpo de Bombeiros e chegavam a uma decisão de Candangão pela primeira vez. O Guará, o mais antigo do DF, surgido durante a construção de Brasília, já havia sido finalista, mas seguia, também, zerado nas canecagens, podendo perder a virgindade caso vencesse aquela decisão, por qualquer placar.

E foram os dois esquadrões para o gramado do Serejão que, naquela tarde, recebeu o prestígio de 2.091 pagantes, que deixaram Cz$ 630 mil e 700 cruzados, conforme Liomar – o mais antigo empregado da então Federação Metropolitana de Futebol – informou à imprensa, como o fazia em todas as rodada, ao final do jogo principal. De sua parte, Diva, que chefiava os bilheteiros, dizia-se decepcionada com a renda de um final de campeonato. Sem nada a ter a ver com o choro pela grana, o árbitro Tolistói Batistas, oficial da glorioso Polícia Militar do DF, convocou os dois capitãs à tirada do “toss” (ainda se falava assim, no futebol candango, sobre o sorteio do lado para o qual deveriam jogar os dois times).

Bola rolando, o xerifão Beto Fuscão, ex-Grêmio-RS, Palmeiras e Seleção Brasileira, travava um grande duelo com o camisas 9 guaraense, o trepidante Beijoca, ex-Bahia e Flamengo, entre outros. Da mesma forma, ocorria do outro lado do gramado, entre o “matador” rubro-negro Luizão e o zagueiro alvinegro Rafael. Mesmo com Aílton Lira e Zé Mauricio cadenciando o jogo, no meio-de-campo, o “matach”, como falava o coronel Carlos Fernando Cardoso Neto, presidente do Tiradente, era emocionante.

Aos 29 minutos, Beijoca fez Guará 1 x 0; aos 44, Luizão empatou. E, por aquilo, ficou o primeiro tempo. Na segunda etapa, aos 18, Zé Maurício passou o Tiradentes à frente; aos, 44, Eusébio voltou a igualar o placar: 2 x 1, pedindo prorrogação, de meia-hora, pela tradicional forma dos 15 x 15 minutos.

Tolistói Batistas autorizou nova saída de bola. Aos nove minutos, Ailton Lira faz Guará 1 x 0, quase matando, por tanta emoção, o presidente guaraense, Wander Abdala. Mas aos quatro da segunda parte, novamente Luizão foi à rede. Como o empate daria o título ao Tira, daquela vez, quem a emoção quase mata foi o Coronel Carlos Fernando, que tinha problemas com a pressão alta. Enfim, fora a decisão mais emocionante do futebol candango, desde a de 1979, entra Gama (campeão) e Brasília. Tivera e tudo, inclusive , o que não poderia faltar: a expulsão de campo de Beijoca (junto com Marco Antônio), por excesso de catimba (termo ainda na moda).

O Tiradentes, treinado por Roberto Ruben Delgado, alinhou: Déo; Beto Guarapari, Quidão, Beto Fuscão e Gilberto; Touro (Ricardo), Bé e Zé Maurício; Moura, Luizão e Pedrinho (Marco Antônio). Guará, escalado por Niltinho (Nilton Ferreira da Paz) teve: Capucho; Bil, Décio, Rafael e Luís Fernando; Eusébio, Écio (Dionísio) e Ailton Lira; Ivonildo, Beijoca e Ribamar (Ricardo).

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