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Histórias da Bola
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Sonho de passarinho

Arquivo Geral

21/11/2018 11h58

Maior nome da Copa do Mundo do Chile-1962, quando voltou bi, Garrincha tentava passar ao torcedor a imagem de recuperado dos problemas de joelho que vinham minando a sua carreira. Contando com a ajuda do “Homem lá de Cima”, acenava com ida ao Mundial da Inglaterra-1966, em perfeitas condições físicas.

– Não tenho mais nada de anormal, bastando apenas que chegue à minha forma técnica, que ressente-se de falta de treinamento. Creio que muito mais cedo do que pensam estarei “o fino” – falou à revista carioca “Futebol e Outros Esportes”.

As palavras otimistas de Garrincha criavam para o torcedor um clima de grande expectativa pelo tri. Ele vendia, cada vez mais, a vontade de corresponder na hora de rolar a bola, em Liverpool, onde o time canarinho disputaria a primeira fase da Copa, contra Bulgária, Hungria e Portugal.

– Vou estar 100% antes da Copa, vocês vão ver. Estou me cuidando e o meu novo clube (Corinthians) faz de tudo para me recolocar em boa forma física e técnica. Eu, por meu lado, vou fazendo força – afirmou à mesma publicação.

Mané Garrincha dizia acreditar no tri, com tudo o que tinha de corpo e alma. Pelas suas previsões, o selecionado brasileiro não cairia diante de ninguém, jogando o que sabe.

– Dentro do normal, embora o futebol seja coisa imprevisível, nós não teríamos para quem perder. Mas é bom deve levar muita luta e sorte. Sorte, sim. Nós temos tudo o que os adversários do Brasil não reúnem. Temos bons jogadores, em quantidade, mas sem sorte para ajudar nada disso servirá – ressaltou.

Garrincha, com seu discurso de muita jactância, instou o torcedor brasileiro a não se preocupar com o time que iria à Inglaterra, afirmando que o Brasil formaria cinco, seis escretes, “em cinco minutos”, em condições de ganhar a Copa. E mandava um aviso:

– A torcida brasileira deve confiar no Brasil. Nós jogadores não pensamos noutra coisa, a não ser o tri”.

Por ter trocado o Rio de Janeiro, cidade bem mais afeita ao seu espírito, por São Paulo, a imprensa vivia querendo saber do Mané se ele sentia saudade da vida carioca. Respondia que a diferença era “quase nenhuma” e dava uma de malandro desviando a conversa só falar do seu novo momento:

– Estou novinho em folha Só falta treinar bastante, jogar um pouco e recuperar minha forma. Estou no peso certo e, se Deus quiser, vou voltar a dar trabalho aos meus marcadores.

Garrincha procurava vender, ainda, que tornar-se um corintiano dera-lhe mais estímulo para voltar a jogar futebol com mais vontade. Sobretudo, frisava, porque a mudança de ambiente servira para encorajá-lo. Não suportava mais o ar de General Severiano, afirmava.

– Vou voltar a ser a ser o que eu era, para o meu bem, para agradar a torcida corintiana e fazer o que puder para deixar a torcida brasileira feliz durante a Copa do Mundo – sonhava.

No real, o “passarinho” Garrincha não aconteceu durante o Mundial inglês. Atuou só em dois jogos: 13.07.1966 – Brasil 2 x 0 Bulgária, marcando um gol, batendo falta e em 15.07.1966 – Brasil 1 x 3 Hungria – muito pouco para quem já fizera tanto.

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