Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Publici & Sport

Arquivo Geral

23/01/2019 12h36

Jornalista esportivo deve fazer publicidade? O tema divide a rapaziada. Os “contra” alegam poder tirar-lhe a credibilidade, no caso de “chutar bola fora”. Os “favoráveis” afirmam não haver fuga desse tendência de mercado, devido aos rumos tomados pelo jornalismo e a situação econômica do país.

A publicidade no rádio foi liberada pelo decreto lei nº 21.111, de 1º de março de 1932, do presidente Getúlio Vargas, mas não rolava durante a primeira temporada de funcionamento experimental. As primeiras só citavam os nomes dos patrocinadores, sem destaque dentro do programa. Anúncios em jornais e revistas eram lidos como se fossem notícias. A TV, quando chegou, em 18 de outubro de 1950, não precisou de regulamentações no setor. A “turma da latinha” já havia rolado a bola.

Antigamente, no rádio, o narrador da partida de futebol fazia os anúncios comerciais e não era contestado. Um falava que determinado banco era “garantia de bons serviços”, o outro não haver lâmina de barbear melhor do que a que ele dvulgava e, por ali, rolavam os recados. Com o crescimento do espaço publicitário na televisão, de repente, antes do chamado “break” (intervalo comercial), começou a haver gente fazendo propaganda a “torto e a direito”, gíria antiga. Contra aquilo alguns se rebelaram e se desligaram da emissora para a qual trabalhavam.

Um exemplo apontado pelos “contra” lembrava ter um famosíssimo “rei da bola” recomendado uma vitamina contra disfunção erétil, tendo aquilo nada a ver com a situação. Um outro, apontava o pior: fabricante com recado muito divulgado preso, por estelionato.

Para os “contra”, misturar propaganda comercial com a noticia prejudica a informação, por eles verem o programa esportivo de natureza eminentemente jornalística, exigindo a mesma credibilidade do noticiário de economia, política, cidade, etc.

Há emissoras de TV que nem cogitam permitir a sua gente fazer comerciais durante a sua atuação na telinha. Outras agem ao contrário, exigindo e até afastando quem se recusa a divulgar prego, parafuso, palha de aço, tamancos, bules, chaleiras, cuecas e clacinhas, entre outros. Estas colocam o faturamento acima de tudo e mandam a ética para a estratosfera.

Eu já fui garoto-propaganda de um jornal, sem ser consultado. Não reclamei porque a propaganda me promovia. Anunciar produto sem ser especialista no tema, jamais fiz e farei. Jogo no time dos “contra”. No entanto, se um colega que for, também, médico, digamos, divulgar remédio que costuma receitar aos seus clientes, aceito, pois o fará seguro do que o faz.

Usei o médico por exemplo, porque já vi alguns atuando como comentarista, narrador e até árbitro de futebol, o que não precisava (ainda não precisa) de diploma de jornalista. Já tive, também, colega de redação médico e sendo editor de noticiário internacional. Estava, portanto, capacitado a fazer divulgação do seu veículo, caso solicitado.

O tema vai seguir dividindo jornalistas, por muito tempo, com certeza. E a certeza maior é a de que os “contra” vão perder este jogo, pois, com a espantosa redução de empregos nos meios de comunicação, pintando qualquer chance de faturar uma grana, como dizia aquele antigo “speaker” radiofônico, “vai chover na horta do papai”, pois, ao final do mês, quem pagará o leite das crianças.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado