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Histórias da Bola
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O último tri paulista do Rei

Os são-paulinos puderam usar a sua tradicional camisa listrada, além de calções brancos, sobrando para os santistas fardamento todo em branco

Gustavo Mariani

21/12/2022 15h56

Quando o seu relógio estiver faltando cerca de 15 minutos para as 23 horas de hoje, fique sabendo: neste horário e na mesma data de hoje, há 55 temporadas, o “Rei Pelé” conquistava o seu último tri do Campeonato Paulista, história iniciada em 1960/61/62. Rolou em noite chuvosa do 21 de dezembro de 1967, no Estádio Paulo Machado de Carvalho, o chamado Pacaembu, da capital paulistana, diante de 43.627 pagantes, em jogo desempate, pois Santos e São Paulo haviam terminado o Paulistão igualados.

O “Rei” começou perdendo: no sorteio do uso dos uniformes. Por conta daquilo, os são-paulinos puderam usar a sua tradicional camisa listrada (vermelho, preto e branco), além de calções brancos, sobrando para os santistas fardamento todo em branco, o que significava tornar-se, rapidamente, marrom, por causa do gramado enlameado. Sem problemas! Em apenas três minutos de pugna, o “Rei” resolveu a parada. Com dois passes precisos, aos 10 e aos 13 minutos, ajudou Edu Américo e Toninho Guerreiro a colocarem 2 x 0 no placar. O São Paulo só conseguiu descontar, a dois minutos do final da partida, por conta de Babá.

Não muito depois de o árbitro Armando Marques -esteve auxiliado por Eraldo Gôngora e Wilson Medeiros – fazer o seu apito final, Pelé desabafou, diante do microfone de emissora de rádio: “O Santos ainda não está acabado, como andam dizendo”. Em seguida, extravasando, ainda mais, aquele momento, não tomou conhecimento da chuva e tirou a sua camisa 10 para fazer a volta olímpica dos campeões, recebendo muitos aplausos.

Enquanto Pelé vibrava, do lado são-paulino, um homem exalava muita tristeza pela perda do titulo: o treinador Sylvio Pirillo. Fora ele quem primeiro convocou Pelé para a Seleção Brasileira. Durante a noite de 19 de junho de 1957, ele foi ao Maracanã assistir Combinado Vasco/Santos 6 x 1 Belenenses, de Portugal. Ficou impressionado com um garoto, de 16 de idade, que marcara três gols, e não deu outra: dois meses depois, o convocou para enfrentar a Argentina, pela Copa Roca.

A noite em que Pelé conquistou o seu último tri estadual ele fazia chorar, também, o seu capitão no título mundial de 1958, pela Seleção Brasileira, na Suécia, o veteraníssimo Hideraldo Luís Bellini. E marcou, ainda, uma outra história: após a partida, Zito (José Eli de Miranda, bicampeão mundial-1958/62) abraçou o jovem meio-campista Clodoaldo, que havia feito grande partida, e anunciou que, a partir de então, seria só o supervisor do departamento de futebol do Santos, pois vira que o clube já tinha o cara ideal para substituí-lo – Clodô foi campeão mundial 1970, como titular absoluto da Seleção Brasileira.

O Santos do último tri paulista do “Rei do Futebol” alinhou: Cláudio Mauriz; Carlos Alberto Torres, Ramos Delgado, Joel Carmargo e Rildo; Clodoaldo e Buglê; Wilson Tergal, Toninho Guerreiro, Pelé e Edu Américo, treinador por Antoninho, isto é, Antônio Fernandes, que fora auxiliar-técnico de Lula (Luís Alonso Peres). O São Paulo teve: Picasso; Renato, Bellini, Roberto Dias e Edílson; Lourival e Nenê; Válter, Djair, Babá e Paraná. Fora o décimo título santista de campeão paulista, este, em 27 jogo, com 17 vitórias, nove empates e só uma escorregada. Marcou 63 e levou 33 gols.

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