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Histórias da Bola
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O time dos xarás

Brasileiro adora imitações, homenagens a craques do futebol

Gustavo Mariani

20/05/2022 16h10

Um dos exemplos foi “Primeira Liga”, criada, em 2015, pela dupla Fla-Flu. Imitação da Peremier League inglesa – ridículo! No comércio, o Brasil já esteve foi denunciado a organismos internacionais reguladores do comércio, acusando por prataria industrial. Falsificou-se e imitou-se de tudo por aqui.

O “brazuca”, no entanto, pratica um tipo de imitação louvável: a “pirataria sentimental”, a homenagem a uma figura admirada. No caso do futebol, são vários os “astros do planeta” que ganharam um xará pelos gramados canarinhos, o que não é problema, pois a lei brasileira é liberal neste sentido. Por sinal, advogados dizem que os homônimos de jogadores famosos nunca pedem mudança da “xaralidade”, por achar isso marcante. Vejamos alguns casos:

Puskas – o antigo atacante do Honved, da seleção húngara-1954 e do Real Madrid-ESP, teve um homônimo brasileiro no futebol de Santa Catarina, o também atacante Romeu “Pusksd” Diedrich, do Internacional, de Lages. Nomeou troféu de uma das etapas do Torneio Seletivo à Série C da Federação Catarinense de Futebol.

Este Puskas defendeu o Inter lageano, entre 1961 a 1971, sendo o grande “matador” dos seus times da década-1960 e um dos principais responsávies pelo título estadual do clube interiorano, em 1965. Em 1972, recebeu o Prêmio Belfort Duarte, criado pela comissão do Código Brasileiro Disciplinar de Futebol, do extinto Conselho Nacional de Desportos, em 1945 e que vigorou entre 1946 e 1981, para o futebolistas que atuasse por mais de 200 jogos, sem expulsões de campo. Puskas-SC, único catarinense a ganha-lo, viveu até 2003, por 61 temporadas.

MICHEL PLATINI – considerado o maior craque surgido na França, foi tão admirado pelos desportistas brasileiros, que ganhou dois xarás, um no futebol paraibano e o outro no candango. O primeiro, campeão estadual-2014, pelo Botafogo, de João Pessoa, colaborou com só um gol durante a campanha, pois não era titular. O segundo é um autêntico cigano do futebol. Despontou defendendo o Gama, mas já fez quase um “mapa mundi” da bola, tal a coleção de camisas vestidas no exterior – Slavia-TCH, Ludogorets Razgrad-BUL, Dinamo Bucuresti-ROM, CSKA Sofia-BUL, Chernomoretz-BUL, South China-CHI e Pachuca-MEX.

Michel Platini Ferreira Mesquita, no futebol brasileiro, passou por Anápolis-GO, Brasília-DF, Veranópolis-RS, Grêmio Anapolino-GO, Araguaína-TO, Brazlândia-DF e, agora, aos 33 anos de idade, defende o Ceilândia. Com tanta estrada, só carregou dois canecos: os da Liga Búlgara, da Taça e da Super Taça da Bulgária. Nascido, em 8 de setembro de 1983, aos 33 anos de idade, ele ficou vice-campeão candango, pelo Ceilândia-DF.

LINEKER – o xará brasileiro está com 29 de idade e sempre sonhou “honrar o nome” do goleador inglês Gary Lineker, o artilheiro da Copa do Mundo-1986 (seis tentos. Lineker Augusto da Silva Matos tenta repetir o atacante que encantou o seu pai, com a camisa do time paraense Águia de Marabá.

Em 2014, mostrando-se nada bobo, reclamou dos gastos do governo brasileiro para promover a Copa do Mundo e anunciou que não pretendia assistir a nenhum jogo, ao vivo.

KEMPS – o pai de Everton Kempes dos Santos Gonçalves, morador de Carpina, sertão pernambucano, ficou encantado com o bolão jogado pelo atacante argentino Mário Kempes durante a conquista, pelos “hermanos” da Copa do Mundo-1978. E, em 03.08.1982, quando o seu filho nasceu, foi ao cartório e o homenageou.

Kempes estava no voo que caiu com o time da Chapecoense-SC, em 29.11.2016, na região colombiana de La Union, em Antioquia. Tinha 34 anos e passado por 12 clubes, desde 2004: Paraná-PR, Estrela do Norte-ES, Vitória-ES; Sertãozinho-SP; XV de Novembro, Ceará-CE (duas vezes), Caxias-RS, Ipatinga-MG, Criciúma-SC, Portuguesa de Desportos-SP, Novo Hamburgo-RS, América-MG, Cerezo Osaka-JAP; JEF United-JAP e Joinville-SC. Em 21006, foi campeão capixaba, marcando um dos gols dos 3 x 1 Vitória Estrela do Norte, após 30 anos na fila.

THURAM – a lista brasileira de xarás de atletas famosos inclui, também, um zagueiro. Os pais de Willian Thuram homenagearam Ruddy Lilian Thuram-Ulien, nascido em Guadalupe, região colonizada pelos franceses, que o levaram para a sua seleção campeã mundial-1998 e da Eurocopa-2000. Realmente, o cara jogava demais. É o recordista em jogos pelos “Bleu”: 142.

O Thuram “brazuca” também foi campeão. Paraibano, defendeu o Botafogo da capital do seu Estado e, além de zagueirão, bateu na rede, por cinco vezes, durante a campanha da conquista do caneco estadual de 1914. Graças a tanta vitalidade, foi levado pelo Sheriff Tirawspol, da Moldavia, para defendê-lo nas pugnas da Liga Europa, o segundo torneio futebolístico mais importante do Velho Mundo.

ROBERTO DINAMITE – a “clonagem” nacional de ídolos não escapou das cercanias da selva amazônica. Por lá, o Fast Club tornou conhecido um meio-campista com pai – Ocival Prado da Silva, nascido em Itacoatiara-AM, fanzaço do maior artilheiro e ídolo da história do Vasco da Gama. O garoto Roberto Santos da Silva (foto) surgiu na base do São Raimundo e, prometendo muito sucesso, passou pelas bases também de Grêmio, Cruzeiro e Internacional de Limeira-SP.

No futebol amazonense, defendeu, ainda, Rio Negro e voltou ao São Raimundo, para ser campeão estadual-2006. Saiu de Manaus, em 2007, passou cinco anos na Macedônia. Voltou, por empréstimo, ao Fast Clube, e foi vice-campeão da Copa Amazonas-2012. Em 2013, assinou com o Nacional-AM.

Roberto Dinamite-AM ficou conhecido, também, como “campeão de solidariedade”. Criou um projeto de ajuda a crianças pobres do bairro manauara de Santa Luzia, onde, durante os primeiros quatro anos, o “Natal da Criança” reunia 1,5 mil colaboradores. Ele jogou, também, pelo XV de Piracicaba-SP e Porto Alegre-RS, que foi time do iniciante Ronaldinho Gaúcho. Pela Copa da UEFA, marcou cinco gols , com a camisa so Rabotnicki, que o premiou com placa de seu melhor atleta de temporada-2009/2010, enquanto a Federação da Macedônia ofertou-lhe o troféu de melhor estrangeiro, na primeira vez em que um “forasteiro” levou o “Oscar dos Atletas”, concorrendo com atletas de várias modalidades no Leste Europeu.

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