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Histórias da Bola
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O time da cadeia

Quatro jogadores, ídolos de torcidas de grandes clubes do futebol brasileiro, já dormiram atrás das grades. Jogo duro! Relembre:

Gustavo Mariani

03/04/2020 12h32

Atualizada 11/11/2020 16h24

Foto: Reprodução/Redes Sociais

O aposentado meia-atacante Ronaldinho Gaúcho, um dos maiores astros que o futebol já produziu, não é o primeiro atleta do futebol brasileiro a ir para a cadeia. Outros três craques – Leônidas da Silva, Zizinho e Edmundo, além do goleiro Bruno – também, passaram pelo mesmo vexame.

Ronaldo de Assis Moreira, que passou os seus 40 de idade, no recente 21 de março, em penitenciária de Assunção, foi preso no dia 5 do mesmo mês, quando  fora fazer ações publicitárias na capital paraguaia. Apresentou passaporte falsificado, tentando passar por paraguaio, e ficou por lá como “hóspede do  governo”.

De imediato, ele não foi detido, mas teve prisão preventiva na suíte de um hotel, no dia seguinte. Depois, teve pedido de prisão domiciliar negado pela Justiça paraguaia, evidentemente. Seu irmão Assis e, igualmente, ex-jogador, também foi preso (ainda estão), pelo mesmo motivo.

Leônidas da Silva, maior astro brazuca das décadas-1930 e 1940, foi enjaulado por motivo parecido ao de Ronaldinho Gaúcho. Arrimo de família, em vez de tentar o certificado de reservista pela via normal, o que não seria difícil,  pagou para um sargento picareta para lhe arrumar o documento.

O sargento picaretão, que foi expulso do Exército e condenado a quatro anos de prisão, entregou ao craque certificado falso de primeira categoria, que é para presta o serviço militar. Caso descoberto, Leônidas foi processado e seu caso entregue à Segunda Auditoria da Justiça Militar da I Região.    

Era 1940 e Leônidas, por ser quem era, teve regalias no I Regimento da Vila Militar. Jamais foi tratado como um condenado. Ficou amigo do comandante e jogava peladas pelos times de oficiais e de soldados. Era tratado como herói. Após oito meses de prisão, saiu recebendo homenagens.

De sua parte, Zizinho (Thomás Soares da Silva), apelidado por Mestre Ziza e considerado o maior craque do futebol brasileiro da Era Pré-Pelé, na década-1950, foi preso por quebrar a perna do adversário Agostinho, da Seleção Paulista, durante o primeiro jogo decisivo do Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais-1942.

O lance teria sido acidental, mas por ter ocorrido, no Pacaembu, na casa do rival, que venceu, por 3 x 1, rolou clima “horrowshow” para o craque carioca. Aos 20 de idade, servindo ao Exército, foi condenado, pela Justiça Paulista, a oito dias de prisão. Mas, cinco depois já estava de volta aos gramados.

De sua parte, Edmundo, o Animal, foi condenado, em 1999, a quatro anos e seis meses de prisão, em regime semiaberto, pelos homicídios culposos de três pessoas e lesões corporais de outras três, em acidente automobilístico na madrugada de 2 de dezembro de 1995, após sair de uma boate na Lagoa – zona sul do Rio de Janeiro. Ele recorreu da sentença e ficou preso só por 24 horas.

Em 2011, quando não estava mais em atividade no futebol, já sendo comentarista esportivo de TV, Edmundo voltou a ser preso, em junho, no bairro de Pinheiros, em São Paulo. Era considerado foragido, acusado de não acatar a decisão judicial de se apresentar á polícia. Foi levado para a Delegacia Seccional Oeste, com a prisão por mandado expedido pela Vara de Execuções Penais  do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

Edmundo, hoje, comentarista do Canal Fox  de TV a cabo, após passar pela Bandeirantes, entrou 21 recursos no Superior Tribunal de Justiça e outros tantos no Supremo Tribunal Federal. Em 2011, o ministro Joaquim Barbosa declarou a prescrição da pena.

O caso mais chocante envolvendo prisão de atleta do futebol foi o do goleiro Bruno Fernandes, que havia passado por goleiro (passou por Atlético-MG, Corinthians e Flamengo). Preso, em 2010, ele foi condenado, em março de 2013, pela Justiça-MG, a 17 anos e 6 meses, em regime fechado, por homicídio triplamente qualificado, isto é, motivo torpe, asfixia e uso de recurso que dificultou a defesa da vítima, Eliza Samúdio.

Foi condenado, ainda, a mais 3 anos e 3 meses, em regime aberto, por sequestro e cárcere privado do filho Bruninho. Ainda, a um ano e seis 6 meses, por sumiço do corpo da vítima.

Eliza desapareceu, em 2010, e seu corpo jamais foi achado. Tinha 25 de idade e era mãe do filho recém-nascido do goleiro, seu  amante e que  não reconhecia a paternidade do Bruninho.

Após seis temporadas sete meses de cadeia, Bruno deixou a prisão, em Santa Luzia, região metropolitana de Belo Horizonte, por força de liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal.

Desde abril de 2017, ele estava preso, em Varginha-MG, trabalhando  na Associação de Proteção e Assistência ao Condenado. Em outubro de 2018, quando podia sair, uma  emissora mineira de TV o flagrou, em um bar de Varginha, junto com duas mulheres. Foi acusado de cometer irregularidades e voltou a ser preso, por decisão da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha, confirmada pela Secretaria de Administração Prisional  de Minas Gerais. 

Segundo o antigo jornalistas esportivo João Saldanha, se concentração ganhasse jogo, o time da cadeia jamais perderia umas partida. Convenhamos, no entanto, que, com Bruno, Leônidas, Zizinho e Edmundo, dificilmente, sairia de campo atrás no placar. Confere?  

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