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Histórias da Bola
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O primeiro médico do Gama

O bigodudo “Dotô Joge”, dos jogadores do Gama, era “Mustache”, para os universitários

Gustavo Mariani

22/04/2021 8h24

Quando a Federação Metropolitana de Futebol-FMF – atual Federação Brasiliense de Futebol – partiu para a realização da sua primeira temporada com atletas profissionais, em 1976, só o Ceub Esporte Clube tinha médico, Flory Machado, que acompanhara a apelidada Acadêmica da Asa Norte por três Campeonatos Nacionais-1973/74/75.

Os outros participantes do primeiro Candangão – Gama, Taguatinga, Flamengo, Humaitá, Grêmio Brasiliense e Brasília – na verdade, eram times, embora o Ceub também fosse iguais a ele, nesse quesito. Naquele profissionalismo fictício, se atleta levasse uma porrada mais dura, o massagista que se virasse. Foi, então, que o Gama, já em 1979, decidiu ter o seu médico. Havia contratado o treinador Martim Francisco e este trouxe a indicação de José Aparecido Jorge, pelo famosíssimo doutor Arnaldo Santiago, um dos principais do continente sul-americano e de consultas indispensáveis por todo grande clube e pela Seleção Brasileira. Se conheciam da época em que o “Doutor Jorge”, como falávamos jogadores do Gama, estagiara em um hospital do Rio de Janeiro.

Martim Francisco, tido por criador do sistema tático 4-2-4, que havia sido campeão carioca pelo Vasco da Gama e trabalhado no futebol espanhol, chegou em um mês, começou a organizar a estrutura do time e, no mês seguinte, pediu a contratação de José Aparecido Jorge. Atendido, juntos, foram campeões brasilienses-1979, quebrando a hegemonia do Brasília Esporte Clube, campeão-1976/77/78.

Com o sucesso do seu trabalho no Gama, o “Dotô Jorge”, como os jogadores o Gama o chamavam, recebeu a imcumbência, da Confederação Brasileira de Desportos-CBD – atual Confederação Brasileira de Futebol-CBF – de preparar um relatório sobre jogos na altitude da Bolívia e do Peru, já que ele seria o médico da Seleção Brasiliense Júnior que excursionaria àqueles países. Trabalho elogiadíssimo e de olho em futuros encontros com bolivianos e peruanos pelas Eliminatórias da Copa do Mundo-1982. Naquele giro, ele trabalhou em conjunto com o preparador Miluir Macedo e o treinador Erci Rosa.

José Aparecido Jorge no entanto, não prosseguiu pela década-1980 ajudando o futebol brasiliense (e brasileiro). Foi fazer pós-graduação, em cirurgia do pé, na espanhola Barcelona. Estudos encerrados, topou convite da Organização das Nações Unidas-ONU, para participar de projeto de cooperação técnica na África. Mais adiante, novo ciclo de estudos sobre a sua especialidade, na argentina Buenos Aires, indicado pelo chefe da ortopedia do Hospital de Base, Flory Machado. E, assim, foi rolando a sua vida profissional, até aposentar-se.

José Aparecido Jorge iniciou-se na medicina esportiva quando era estudante acadêmico, colaborando com a Federação Atlética da Universidade de Brasília-FAUnB. Chamado para colaborar, como auxiliar de Cléber Luís da Silva, ele ia para a beira das quadra de várias modalidades, aprender a recuperar atletas e, também, as manhas da rapaziada. “Como o futebol de salão e o handebol são esportes de maior contato físico, eu acompanhava mais as disputas das duas modalidades”, lembra ele, que atuou em Jogos Universitários do DF e Brasileiros, nestes viajando com a turma para vários Estados do país. “Aprendi muito”, ressalta.

Foi por aquela fase de colaborador do espote universitário que o médico José Aparecido Jorge aproximou-se das traumatologia. “Passei a ter mais reflexos sobre como examinar um atleta, mais detalhadamente. Foi fase para observação, estudo do mecanismo do trauma no esporte”, situa-se ele que encaminhou-se para pós-graduar-se em traumatologia e em ortopedia.

Apelidado, pelos universitários, por Mustache, devido o bigodão que usava, este cearense, nascido em 19 de novembro de 1943, em São Benedito, região da Serra da Ibiapaba, perto de Sobral, é um pacato cidadão aposentado. Segue residindo em Brasília.

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