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Histórias da Bola
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O PRESIDIÁRIO STRELTSOV

Arquivo Geral

01/08/2018 10h22

Atualizada 06/08/2018 11h02

Antes de rolar a Copa do Mundo-1958, na Suécia, a imprensa europeia apostava que o inglês Edward, do Mancheter United, e o então soviético Streltsov, do Torpedo Moscou, viessem a ser os “caras” daquele Mundial. Afinal, eram os dois atacantes mais celebrdos pelo mundo da bola.

No entanto, o que rolou? Há quatro meses da Copa, um desastre aéreo matou o inglês e, passado mais outro mês, um escândalo sexual levou o oturo pra cadeia.

Velhos cronistas soviéticos consideravam Streltsov o maior craque surgido na história do futebol soviético. E deve seguir sendo, pois não se tem notícia de já ter sido superado. Mais jovem atleta a marcar um gol no campeonato nacional, em 1954, aos 17 de idade, com apenas uma temporada no currículo, aos 18, ele estreou na seleção soviética e, aos 19, foi peça fundamental na conquista da medalha de ouro olímpica.

O rápido sucesso fez de Eduard Anatolyevich Streltsov ídolo da juventude soviética, mas não do regime comunista, que não deglutiu a sua rebeldia em trocar o Torpedo por um dos dois times ligados ao regime, o CSKA ou Dínamo, e a sua recusa em casar-e com a filha de Yelaterina Furtseva, a ministra da Cultura. Era rebeldia demais para o regime liderado pelos presidentes do Conselho de Ministros Nikolai Alexandrovich Bulganin, sequenciado a patir de março de 1958, por Nikita Sergeevich Khruschchev.

Já que Streltsov desafiava Moscou, o governo topou disputar o lance. O Kremlin armou contra o craque, prendendo-o, em 25 de maio daquele 1958, a um mês do Mundial, sob a acusação de o carinha ter estuprado Marina Lebedeva, de 20 de idade. Como na antiga União Soviética julgamentos não eram transparentes, o atacante pegou cinco temporadas no xadrez.

Com ele na seleção, os soviéticos haviam mandado 6 x 0 Suécia, em um amistoso, pouco antes da Copa. Sem ele, foram eliminados do Mundial pela mesma equipe, nas quartas-de-final. Por ali, a ordem do regime para a imprensa esportiva era a de que jamais existira um Eduard Streltsov no futebol soviético.

Saído da cadeia, em 1963, devido tremenda pressão popular, ele obteve a autorização do governo comunista para voltar a jogar futebol. Retornou ao Torpedo sem a mesma velocidade, mas conservando a sua grande técnica. E liderou o time nas conquistas dos títulos nacionais de 1965/67/68, quando foi eleito o “craque da temporada”. Era mestre no toque de calcanhar, que consagrou o brasileiro Sócrates. Em 2001, o grande enxadristas Anatoly Karpov liderou a criação do Comitê Streklsov, para restaurar a imagem do craque junto à Justiçam, pois o Torpedo jura, até hoje, que houve uma conspiração contra o seu craque e o julgamento foi repleto de contradições, imprecisões e adulterações.

Em 2008, aqui em Brasília, Dino Sani declarou: “Se ele aquele cara tivesse jogado contra o Brasil, seguramente, teria sido muito difícil a gente vencer – com Streltsov na cadeia, o Brasil mandou 2 x 0 URSS, passou às quartas-de-final e chegou ao título com 5 x 2 França e 5 x 2 Suécia.

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