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Histórias da Bola
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O mago driblador

Ver o ponta-direita Cafuringa jogar parecia assistir desenho animado. Era uma alegrai para a torcida do Fluminense. Chamava-se Moacir Fernandes e viveu, de 10 de novembro de 1948 a 25 de julho de 1991

Redação Jornal de Brasília

26/03/2020 13h47

Atualizada 06/05/2020 12h14

Quem lhe deu o apelido Cafuringa, nem ele sabia. Muito provavelmente, surgiu quando, garoto mineiro, chegou ao Botafogo, em 1965, disposto a vencer com aquela esquisita alcunha. Só não teve tempo de mostrar o seu veneno, pois brigou com os alvinegros e foi virar realidade no Fluminense, sendo campeão estadual-RJ e da Taça Guanabara-1969/71/73/75 e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa-1970, um dos embriões do atual Brasileirão.

Após 11 anos e apenas 16 gols marcados para os tricolores, Cafuringa seguiu para o Atlético-MG, em abril de 1976, para tornar-se campeão regional e colaborar com quatro tentos, em 19 partidas do time que formava, normalmente, assim: Zolini, Getúlio, Toninho Cerezo, Márcio, Vantuir, Flávio, Cafuringa, Reinaldo, Campos, Danival e Paulinho.

Depois do Galo, Cafuringa esteve, entre 1977/1978, defendendo o paranaense Maringá. Voltou ao Flu, para disputar mais 14 partidas, e, depois, partir  para uma outra aventura mineiro, com a Caldense, pela qual fez só seis jogos. Finalmente, encerrou a carreira no venezuelano Tachira, em 1979.

Uma das partidas mais famosas de Cafuringa rolou na noite de 10 de junho de 1975, no Maracanã, quando o Fluminense venceu (1 x 0) o alemão Bayern Munique, base da seleção alemã, contando com os astros Sepp Maier, Franz Beckenbauer, Gerd Müller (o artilheiro que marcou gol contra, de cabeça),  Schwarzenbeck, Kapellmann e o então novato Karl-Heinz Rummenigge. Diante de 60.137 pagantes (foi preciso mandar abrir os portões do estádio, após o início do amistoso, pois não se  esperava tanta gente),  Cafuringa fez o espetáculo, tendo sido o grande nome da noite e merecendo crônica de Nélson Rodrigues. Mas, jogando de cabeça baixa, não balançava a rede. Por sinal, um dos motivos apontados pelo seu baixo comparecimento ao filó e que fez o Atlético-MG dispensá-lo – Félix; Toninho Baiano, Silveira, Assis e Marco Antônio; Zé Mário, Kleber e Rivellino; Cafuringa, Paulo César Lima e Mário Sérgio foi o time da grande noite tricolor, dirigido pelo técnico Paulo Emilio, que lançou o centroavante Manfrini, no segundo tempo.

Na década-1980, integrou a seleção brasileira de masters, dirigida por Luciano do Valle, em sua  última sua aparição nos gramados pela TV. Deixou de herança o apelido para o capitão canarinho da Copa do Mundo-2002, o então ponta-direita e depois lateral Cafu, campeão mundial, também, em 1994.

No currículo de Cafuringa consta, ainda, o titulo do Torneio Internacional de Verão, em 1973, e passagem pelo Bangu, quando começava a carreira.

Poucos sabem , também, que Cafuringa era irmão do zagueiro Chiquinho “Pastor”, que teve mais sorte do que ele e chegou à Seleção Brasileira, honrando a mineira Juiz de Fora.

Francisco Jesus Fernandes, cria do Tupinambá, tentou a sorte no Cruzeiro, mas só conseguiu fazer três treinos. Então, foi ao Rio de Janeiro pedir uma chance ao Botafogo, que gostou da sua bola e o teve como um bom zagueiro. Depois da experiência alvinegra, ele bandeou-se para o Flamengo, quando ficou famosa a sua religiosidade que valeu-lhe o apelido de “Pastor”. Em seus últimos anos de vida, era missionário da igreja presbiteriana, participando de eventos por todo o país.

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