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Histórias da Bola
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O FEITICEIRO PARAGUAIO

Arquivo Geral

13/07/2017 14h26

Quem pesquisar em jornais e revistas da década-1950, com certeza, encontrará fotos de um treinador usando, sempre, calça comprida, barriga avantajada e cabelos nem tanto. Era um sujeito sereno em momentos difíceis, sobretudo corrigindo os erros do seu time. Não era de exasperar-se nos reveses, insuficientes para tirar-lhe o costumeiro sorriso. E não deixava o desânimo, nem de longe, aproximar-se de sua rapaziada. Só saía da linha se um atleta seu acendesse um cigarro dentro da concentração.

Candidato a Deus? Não! Simplesmente, o “marechal de campo” do tricampeonato carioca de futebol-1953/54/55, o paraguaio Manoel Agustín Fleitas Solich. Ao chegar à Gávea, ele encontrou uma equipe sendo renovada. Colocu o time no 4-2-4, com maior velocidade, e surpreendeu os adversários, que preferiam tocar a bola, esnobar técnica. Ao final da temporada, já tinha uma máquina ajustada, lubrificada, que terminou apelidada por “Rolo Compressor”, com três anos de uso.

Quando o Estadual-1955 começou, muitos duvidavam de que o bicampeão Flamengo poderia seguir sendo uma “arma de repetição”, pois a disputa teria três turnos e contusões lhe privaram de escalar titulares importantes, como os paraguaios Garcia (goleiro) e Benitez (atacante) e o meia Rubenso. Solich, no entanto, olhou para dentro das águas rubro-negras e pescou os alagoanos Tomires, Zagallo e Dida, e mais o cearense Babá e o pernambucano Duca. E chegou lá.

Até hoje, pesquisadores se referem a Solich como “O Feiticeiro”, embora ele jamais se ligasse a isso. Mas o que dizer de um treiandor que vai para o derradeiro jogo de uma melhor de três e surpreende o rival trocando duas peças? – Jordan, por Servílio, e Paulinho, por Dida. Resulado: este último destruiu o América, marcando três gols: Fla 4 x 1.

Nascido na paraguaia Assunção, em 30 de dezembro de 1900, Fleitas Solich foi bom de bola, também, dentro de campo. Como centro-médio (hoje, na linha de contenção, espécie de volante), defendeu a seleção do seu país, entre 1919 a 1926, inclusive no Sul-Americano-1922, no Rio de Janeiro. Fratura de uma da pernas tirou-lhe do lado de dentro e o jogou para o lado de fora dos gramados, a partir de 1931.

No Flamengo, esteve em mais duas oportunidades: em 1959, quando lançou Gérson de Oliveira Nunes, e em 1971, quando fez o mesmo com Arthur Antunes Coimbra, o Zico. No Brasil, treinou, ainda, Corinthians, Fluminense, Palmeiras, Atlético-MG e Bahia. No exterior, o espanhol Real Mdrid, o argentino Boca Juniors e os paraguaios Libertad e Olímpia. Viveu, no Rio de Janeiro, o seu último dia de vida, em 17 de março de 1984.

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