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Histórias da Bola
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O dia em que o “Rei” magoou a corte

Pelé formou seleção que fez torcida brasileira chorar

Gustavo Mariani

22/03/2023 10h36

Em 20 de maio de 2004, Brasil e França jogaram um amistoso festivo, o “Centennial Matach”, no Stade de France, em Paris, placarzão no 0 x 0. Até aí, nada de menos, ou de mais. O bicho só pegou quando a FIFA-Federação Internacional de Futebol Associado divulgou a lista dos 100 maiores atletas vivos naquele seu centenário. Quem aprontou o rolo? Pelé! Isso mesmo! O Rei do Futebol”, ao fazer a seleção final dentre 200 nomes lhe apresentados pela entidade.

Os 100 eleitos pelo “Rei” entraram para o livro “Hundred” –, lançado pela FIFA em edição limitada. Italianos e franceses, que tiveram, cada um, 14 nomes nesta seleção gloriosa, adoraram as escolhas do Pelé. Mas os brasileiros, pentacampeões mundiais, a execraram, não aceitando, principalmente, que a equipe canarinha do tri-1970, no México, tivesse só o capitão Carlos Alberto Torres lembrado – Pelé entrou na lista como “hours concours”, número 1 absoluto.

O treinador Mário Jorge Lobo Zagallo, bi sendo atleta-1958/62; ganhador como técnico-1970 e coordenador-técnico-1994, não entendia como a França – campeã mundial então só em 1998 – poderia superar os cinco títulos brazucas. Para o meia Ademir da Guia, um dos maiores ídolos da história da torcida do Palmeiras e que foi à Copa do Mundo-1994, na Alemanha, viu o lance do Pelé como bola fora, “um erro injustificável”, declarou. Da mesma forma analisou o tri mundial Rivellino, colega do ‘Rei” na equipe comandada por Zagallo, lembrando que o “Camisa 10” fazia questão de diferenciar o Pelé do Edson (Arantes do Nascimento), o cidadão. E mandou uma patada atômica em cima do que leu e ouviu: “O Pelé sabia tudo de futebol, foi eleito o Atleta do Século (pela FIFA). Esta lista só pode ter sido feita pelo Edson”, descascou.

Muitos campeões mundiais brasileiros procurados pelos jornalistas para comentar as escolhas do “Rei”, preferiram evitar polêmicas, casos dos colegas (no Santos e na Seleção Brasileira) Clodoaldo (meio-campista) e Coutinho (atacante) e maior parceiro de tabelinhas e de de gols marcados por Pelé. Outros não escondiam a decepção pela desconsideração a vários ‘cracaços” patrícios, enquanto a lista trazia figuras que não seriam titulares em nenhum time grande brasileiro, como Nagata (japonês); Hong (sul-coreano); Vieira (francês); Keane (irlandês); Vieri (italiano); Ceulemans (blga) e Belozoglu (turco). O Pelé foi muito criticado, ainda, por incluído em sua lista só o meia-atacante Puskas da seleção da Hungria que maravilhou o mundo durante a Copa do Mundo de 1954.

O meia Gérson Nunes de Oliveira, o apelidado “Papagaio” (por motivos óbvios), craque em Flamengo, Botafogo, São Paulo e Fluminense, além, é claro, na seleção canarinha tri-1970, bateu no “Rei”, indignado: “Ele tem o direito de selecionar quem lhe agradou mais, mas não de esquecer companheiros que o carregaram nas costas, em muitas partidas em que não esteve bem. Foi um absurdo. Da minha parte, graças a Deus, fiquei fora de uma seleção que tem jogadores como Vieira (francês) e Cafu (brasileiro).

Um outro campeão mundial (tri), o meia-atacante Tostão, de nível cultural bem acima da sua antiga categoria e que graduou-se e tornou-se professor de Medicina, garantiu não ter ficado magoado com seu parceiro de ataque no México-70, mas criticou a sua falta de coerência nas escolhas. Confira os brasileiros da lista do “Rei das Críticas”: Carlos Alberto Torres, Cafu, Roberto Carlos, Leovegildo Júnior e Djalma Santos (laterais); Paulo Roberto Falcão, Rivaldo, Sócrates e Zico (apoiadores); Romário e Ronaldo “Fenômeno” (atacantes).

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