Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

O Carnaval do goleiro

Gainete foi passar folias no Rio de Janeiro e terminou campeão da Taça Guanabara

Gustavo Mariani

23/01/2023 11h30

Tudo era festa no Rio de Janeiro do IV Centenário. Principalmente, o Carnaval de 1965, com Gainete curtindo as festanças. Enquanto a folia fervia, o seu concunhado Saulzinho, artilheiro da Turma da Colina, chamou-o para treinar em São Januário. Topou, treinou e agradou a quem o viu em ação, levando o Vasco da Gama a querer saber como estava a situação dele – o Internacional-RS pedia CR$ 7,5 milhões de cruzeiros para liberá-lo.

Carlos Gainete Filho, nascido no 15 de novembro de 1940, na catarinense Florianópolis, topou trocar de clube, não só pela chance de atuar no centro de maior visibilidade do futebol brasileiro, mas, também, por acreditar ser possível tocar pra frente o curso de Ciências Econômicas, que cursara até a terceira etapa. No mais, era só brigar com Ita (José Augusto da Silva) e Lévis (Bispo de Sá) pela camisa de número 1 do time cruzmaltino.

Gainete estreou em 14 de março e teve batismo de fogo durante o Torneio Rio-São Paulo – maior competição brasileira de então -, quando o treinador Zezé Moreira achou que ele pegava mais do que dois concorrentes. Encerrada a disputa interestadual, em 23 de maio, o Almirante saiu catando níquel pelo país – 11 amistosos -, a fim de pagar a sua folha salarial. No 14 de julho, começou a disputar a I Taça Guanabara. Era o começo da consagração de Gainete como goleiro de grande visibilidade. Em oito partidas, sagrou-se campeão, finalmente – antes, havia conquistado três vices, pelo Internacional-RS, no qual chegara, em 1962.

Embora fosse atleta de evitar gols, Gainete começou a carreira correndo atrás deles, sendo ponta-direita juvenil do catarinense Guarani, de Florianópolis. Era 1955 e, em peladas, ele gostava de tirar onda debaixo das traves. Por conta daquilo, num daqueles famosois dias em que alguém não aparecer para jogar – no seu caso, o goleiro -, ele foi convocado a substituí-lo – para sempre. Um temporada depois, já era titular no time principal, até 1958, quando mudou para o Tamandaré, ainda no futebol amador da capital catarinense. Em 1959, já profissional, a carreira avisou que decolaria, com o título de foi campeão catarinense, pelo Paula Ramos, além de, em 1960, ficado bi do Sul Brasileiro de Seleções. O feito valeu-lhe convite do gaúcho Gurany, de Bagé, que o defendeu só por uma temporada, pois o Internacional achou que ele seria o goleiro ideal para o time colorado.

No mesmo 1965, Gainete foi, também, vice da Taça Brasil, a competição que levava um clube brasileiro à Taça Libertadores da América. Não dava para conquistá-la, pois, à época, era quase impossível vencer decisões contra o Santos de Pelé.

Embora tivesse enfrentado os melhores atacantes brazucas, Gainete elegia como a sua maior defesas uma de Seleção Catarinense 1 x 0 Paraná. Contou ao Nº 5 da revista Futebol e Outros Esportes, em 1966: “O Gauchinho, ponta-esquerda do Paraná, chutou a bola da entrada da área. Saí do gol e consegui tocá-la, com um dos pés. Ela (a bola) subiu e ia entrar (no gol), quando pulei para trás, desses pulos que a gente não sabe como, e tirei-a do seu caminho. Até hoje tento descobrir como fiz aquela defesa”.

Gainete esteve vascaíno só por uma temporada. Em 1966, o InTernacional-RS voltou a requisitar as suas defesas, que foram coloradas até 1972, quando foi para o Atlético-PR. Em 1974, encerrou a carreira, em um outro Atlético-RS, no futebol gaúcho.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado