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Histórias da Bola
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Martim alerta sobre os russos

Arquivo Geral

14/10/2018 18h25

Perto da Copa do Mundo-1958, na Suécia, o Vasco da Gama excursionou ao exterior. Na volta, o seu treinador, Martim Francisco, previu um grande desempenho do futebol da então União Soviética, o considerou o mais evoluído do planeta e contou: “Aprendi mais na Rússia (como os brasileiros chamavam a sigla URSS) do que em toda a Europa”.

As suas previsões baseavam-se em ter visto um futebol que classificou de “científico”, com passes medidos, bloqueios, sistemas e táticas cronometradas. Também, revelou ter tomado conhecimento de trabalho extra-campo com a prisão de comandos de guerra.

-Martim contou ter indagado a um treinador soviético porque o futebol evoluíra tanto e ouvido que a performance da equipe campeã das Olimpíadas-1956 fizera a modalidade crescer no interesse popular, tendo sido traçado para o Mundial-1958 “um plano espetacular”.

– Contou-me que o Comitê de Desportos selecionara 16 pessoas para virar o mundo e estudar as diversas escolas futebolísticas, fotografando e registrando tudo o que fosse possível. No setor de atividades, a seleção nacional joga dois amistosos mensais, fora e dentro de casa. O atleta (selecionado) russo treina diariamente. Às dez horas da manhã, seis supervisores e apontadores observam a execução do que o treinador ordena.
Fazem duas horas e meia de ginástica, ininterruptamente, e três treinos coletivos semanais. Jogando contra os times russos, notei que o Vasco levava a melhor nos lançamentos longos, mas não o conseguia nos piques curtos.

Sobre isso, Martim Francisco revelou uma outa conversa com um colega russo: “Ele sugeriu-me observar que a partida mostra, para cada esticão de bola, uma contrapartida de 20 piques curtos. Então, decodificando que o futebol é praticado muito mais por passes curtos, eles desenvolveram a sistemática da antecipação no lance. Também, disse que eles desprezavam a disputa de bola pelo alto, deixando o adversário dominá-la, para eles a recuperarem usando de sua rapidez”.

Sobra a sua consideração de “futebol científico” dos soviéticos, Martin Francisco revelou terem os seus colegas treinadores assistido a um trabalho vascaíno e, depois, lhe informado de que Sabará consumia 23 segundos em um pique de 20 metros, enquanto Vavá e Valtar gastavam 19.

– Como sabem não serem bons improvisadores, seguem à risca o planejado pelo treinador. Usam, também, o tranco de forma que nem na Inglaterra (famosa pelo fundamento) vi isso”, disse.

Martim Francisco considerou, ainda, o time do Spartak, de Moscou, tão bom quando o espanhol Real Madrid e o seu Vasco da Gama. E dizia não lhe se surpresa de os ‘russos chegarem às finais” da Copa do Mundo-1958.

Não chegaram, mas fizeram boa campanha, com 2 x 2 e 2 x 0 Áustria, durante a primeira fase, quando não contavam com as diabruras de Garrincha e de Pelé, e levaram 2 x 0. Recuperaram-se na fase seguinte, com 1 x 0 Inglaterra, mas caíram nas quartas-de-final, por 0 x 2, ante a zebra Suécia, comprovando que futebol não tem lógica., como dizem.

Na época em que fizera tais declarações, Martim Francisco excursionara com o Vasco da Gama,entre 12 de junho e 11 de julho de 1957, vencendo oito times europeus, da França, Espanha e Portugal inclusive o considerado melhor do mundo, o Real Madrid, e goleando o Barcelona, por 7 x 2.

Em atendimento a convocação da então Confederação Brasileira de Desportos, aos treinadores, ele apresentou planos para a Copa do Mundo-1958 e sustentava ter sido dele o que rolou no papel para o Brasil ser o campeão na Suécia.

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