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Histórias da Bola
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Marli, a pioneira da ‘latinha’

Ela era superatleta e abriu o caminho para as mulheres nos jornalismo esportivo do rádio e da TV

Gustavo Mariani

09/02/2023 10h46

Durante a Copa do Mundo do Katar-2022, os telespectadores brasileiros tiveram a primeira mulher a narrar jogo, pela TV aberta – Renata Silveira – e a primeira a comentar uma final da competição – Ana Tahís Matos – ambas, pela TV Globo. No entanto, desde 15 de junho de 1971 que elas já se aventuraram “colocar a boca nas latinha”, usando a Rádio Mulher, de São Paulo, para transmitir bola rolando. A pioneiríssima foi Zuleide Ranieri, contando São Paulo 2 x 0 Portuguesa de Desportos, amistosamente, no já demolido estádio do Palmeiras, o Parque Antártica. Por ali, também, pioneiraram Germana Carilli (repórter de campo) Claudete Troiano (repórter/narradora), Jurema Yara e Leilah Silveira (comentaristas de jogo) e Léa Campos (comentarista de arbitragem.

Tempinho depois, elas fizeram a primeira transmissão internacional, pela Copa Roca, disputada por Brasil x Argentina – 1 x 1 em 28.08.1971 e 2 x 2 em 31.08.1971, com título dividido -, e estiveram presente no início do primeiro Campeonato Brasileiro de Futebol-1971. Foram cinco temporadas de atuação feminina no rádio esportivo, com a equipe da 930-AM majoritariamente formada por elas, da motorista à técnica de som.

No entanto, a primeira vez delas na “latinha” já faz 57 temporadas. Foi na data de hoje – 6 de janeiro de 1964 -, às 20h30, quando estreava no rádio a primeira mulher brazuca a falar muito da vida dos outros (atletas). Chamava-se Isaura Marly Gama Álvares (ao centro da foto) e era, também, jogadora de basquetebol – chamada só por Marli.

Esta história começou por um ‘acasão’. Marli (como a imprensa escrevia) assistia jogo de vôlei entre Hebraica x AABB, quando a Emissora Continental-RJ convidou-lhe para comentar o embate. Encarou e agradou. Pouco depois, lhe propuseram juntar-se a Valter Alves na apresentação do programa “Cortadas e Bloqueio”, das segundas às sexta-feiras, com notícias do voleibol carioca, e participação em comentários televisivos de jogos de basquete. Assim, de uma so tacada, Marli fazia “rádio-vôlei – também, secretariou o apresentador Clóvis Filho no programa “Casa do Esporte às Suas Ordens” – e TV-basquete”. Se quisesse, a Emissoras Continental poderia tê-la comentando muito mais modalidades, pois ela se dizia capaz, por ser uma superatleta que havia praticado (ou praticava) atletismo, arco e flecha, basquete, natação, tênis de mesa, remo e saltos ornamentais, o que lhe já lhe rendera 250 medalhas e 15 troféus.

Os comentários da atleta Marli, do basquete do Botafogo, no rádio e na TV não criaram problemas para ela com as colegas de quadra. Estas entenderam o seu papel como profissional do microfone e que era sensata em suas críticas. Fora da TV/Emissora Continental, Marli trabalhava, há sete viradas de calendário, no Serviço de Publicidade do IPASE –Instituto de Pensão e Aposentadoria dos Servidores do Estado. Nascida pernambucana, em 9 de agosto de 1934, ela está com 88 nos costas, tendo começado a sua vida esportiva aos 17 de idade. Como voleira, foi cortadora (atacante) e vestia a camisa 12 da Seleção Brasileira, pela qual conquistou a medalhas de ouro dos Campeonatos Sul-Americanos de 19651 e 1961. No basquete, usou a camisa 8 do escrete nacional, ganhadora do ouro do Sul-Americano de 1954/58/65.

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