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Histórias da Bola
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Maracanã setentão

Projetado pelos arquitetos Rafael Galvão, Pedro Paulo Bastos, Orlando Azevedo e Antônio Dias Carneiro, o estádio que o povão não aceitou chamar por Municipal e determinou que seria Maracanã, celebra sete temporadas de bola rolando

Gustavo Mariani

19/06/2020 10h43

Atualizada 11/11/2020 16h24

Inaugurado, oficialmente, no 16 de junho de 1950, o Maraca, seu brasileiríssimo apelido, teve a primeira rede balançada no dia seguinte, quando Didi  (Waldir Pereira, então atleta do Fluminense), e abriu o placar para a seleção de novos do Rio de Janeiro, que terminou a contenda batida pelo time equivalente paulista, por 1 x 3, amistosamente.

O relógio marcava 16 horas do sábado 16 de junho, quando os times carioca – Ernani (Luiz Borracha), Laerte e Wilson; Mirim, Irai (Dimas), Carlyle (Simões) e Esquerdinha (Moacir Bueno) – e paulista – Oswaldo, Homero e Dema; Djalma Santos, Brandãozinho e Alfredo; Renato, Rubens (Luizinho), Augusto, Ponce de León (Carbone) e Brandãozinho II (Leopoldo) – rolaram a bola em uma casa não terminada, repleta de andaimes. Uma semana depois, o Maracanã tinha a abertura da primeira Copa do Mundo promovida pelo Brasil – a outra foi em 2014. 

No local onde construíram o estádio havia o Derby Club do Rio de Janeiro, desde 1885. Não rolava mais turfe por ali, após a transferência das provas para o hipódromo da Gávea, em 1932, mas o local ficou cheio de ferraduras pelo chão, cocheiras e a pista de corridas, retiradas pelos inícios das obras.

Enquanto o prefeito Mendes de Moraes construía o estádio, foi surgindo, pelas imediações, a Favela do Esqueleto, que chegou a ter perto de 12 mil habitantes e quase quatro mil barracos levantados com entulhos do estádio e de um hospital.

Um mês após a inauguração, o Maracanã sediou uma das maiores comoções nacionais, a perda do título da Copa do Mundo-1950 – antes, houveram Uruguai-1930, Itália-1934 e França-1938. Mesmo assim, segundo historiadores, a tragédia futebolística não provocou terremoto na economia e no turismo carioca. Logo, a escorregada fora perdoada pelos 198.854 torcedores presentes ao vexame, embora se afirme que mais de 200 mil almas adentraram ao recinto, que teria recebido o mesmo público, em 1963, quando o Santos venceu (1 x 0) o italiano Milan ficou campeão mundial interclubes.

Outros grandes públicos anotados pelas catracas do Maraca foram em 21 de março de 1954, pelas Eliminatórias da Copa, em Brasil 4 x 1 no Paraguai, anunciando-se 195.513 presentes. Antes, em 15 de dezembro de 1969, o Fla-Flu decisivo do Campeonato Carioca levou 194.603 almas ao hoje Estádio Mário Filho (homenagem ao pai da moderna crônica esportiva canarinha) que,  em outro Brasil x Paraguai juntou 183.341 torcedores comemorando a vitória (1 x 0) que levou os canarinhos à Copa do Mundo-1970, quando foram buscar o tri, no México.

Hoje, após passar por grande reforma para a Copa do Mundo-2014, o Maracanã não comporta pouco mais de 60 mil presentes e perdeu a sua forma arquitetônica antiga. Que saudade da geral, onde o povão pobre ficava mais perto dos seus ídolos. Vale até dizer que o Maraca nem é mais a casa do povo, pois o preço dos ingressos (só para cadeiras) é proibitivo para a turma do time do bolso furado.

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