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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Locução esportiva

Arquivo Geral

22/03/2019 8h52

Os historiadores ainda não definiram a exatidão da primeira transmissão de um jogo de futebol pelo rádio brasileiro. Citam 20 de fevereiro, 19 e 20 de junho, e 20 de julho de 1932. Muito provavelmente, a data correta deva ser o 19 de junho, pois o 20 de fevereiro era um sábado, o 20 de junho um segunda-feira e o 20 de julho uma quarta-feira.

Absolutamente certo é que Nicolau Tuma foi o pioneiro, pela Rádio Educadora Paulista – depois Gazeta -, do campo da Chácara da Floresta, no bairro Ponte Grande, em São Paulo 6 x 4 Paraná, pelo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais – o rádio estava no Brasil desde 7 de setembro de 1922.

Antes do jogo começar, Tum foi aos vestiários, conhecer as características físicas dos atletas que estariam em ação. Colado ao público das gerais, ele tentou fazer o ouvinte “ver” o lado para onde os times atacavam, o dominador da bola, a colocação em campo dos demais atletas e o que rolava no lance do gol. Tudo isso, com muita rapidez – valeu-lhe o apelido de “Speaker Metralhadora”, por conseguir falar 250 palavras por minuto, pois não havia repórter, comentarista e nem comerciais.

Tuma tinha 20 de idade quando fez a primeira narração integral de uma partida, que foi retransmitida até por auto-falante instalado na Confeitaria Mirim, no Anhangabaú-SP.

Fora a mesma Rádio Educadora-SP a iniciante das programações esportiva no rádio brasileiro. Em uma tarde dominical de abril de 1925, transmitiu os resultados do futebol da capital e do interior paulista e do exterior. Por aquela época, enviava-se um correspondente ao estádio e eles mandavam telegramas com os resultados das partidas, para os locutores do estúdio informarem aos ouvintes.

Está registrado que apenas São Paulo ouviu a narração pioneira de Tuma. Com o passar dos jogos, ele atraiu tatos ouvintes que, em 1937, foi proibido de entrar no estádio para narrar um deles – Palestra x DCB – porque temia-se perder público. Então, o transmitiu de cima de uma escada, com 14 metros de altura, do lado de fora. Até 1940, as narrações eram feitas de onde pudessem, até de telhados de casas vizinhas aos gramados.

O restante do Brasil só a conheceu a narração esportiva em 1938, quando o locutor paulista Leonardo Gagliano Neto transmitiu a Copa do Mundo, da França – para as rádios Clube do Brasil e Cruzeiro, do Rio de Janeiro; Cosmos e Cruzeiro do Sul-SP, e Clube de Santos, com patrocínio do Cassino da Urca-RJ. Centenas de auto-falantes espalhados pelo país retransmitiram, no 5 de junho, Brasil 6 x 5 Polônia.

Por aqueles tempos, a voz do locutor era abafado pela dos torcedores, no instante do gol. Então, no mesmo 1938, Ari Barroso teve a ideia de usar o som de uma gaita para informar melhor ao ouvinte que houvera bola na rede. Barroso, por sinal, era um sujeito engraçado. Como – entre 1947 e 1955 -, não havia números nas camisas dos atletas, se fosse jogo internacional, ele chamava os estrangeiros pelos nomes dos jogadores do Vasco, por considera-lo sempre os adversários do seu time, o Flamengo.

Em 1945, a Rádio Panamericana-SP criou o comentarista e o repórter, melhorando o fôlego do narrador. Pela Pela década-1950, com a chegada da TV, o rádio teve de se virar. Na-1960, o radialista paulistas Fiori Gigliotti introduzindo bordões, o que era feito no Rio de Janeiro, também, por Waldir Amaral, da Globo, pela qual o repórter Washington Rodrigues, o Apolinho, tornou-se popularíssimo, levando muitas novidades aos ouvintes. Mas o pioneirismo do uso de bordões deva ter sido Ailton Flores, o “Canarinho”, da Rádio Cruzeiro do Sul-RJ.

Décadas e décadas se passaram e o rádio vem mantendo-se presente nas transmissões esportivas. Na década-1990, o futebol chegou até as FM, com Transamérica transmitindo a Copa do Mundo-2002, reunindo-se às rádio Globo e Bandeirantes. Até hoje está ele aí, levando emoções aos torcedores, enfrentando concorrência já até do telefone celular. Mesmo assim, onde faltar um sinal para qualquer aparelho transmissor de emoções haverá um rádio no lance

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