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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Livros esportivos

Durante a década-1970, era muito difícil encontrar livros sobre o esporte brasileiro

Gustavo Mariani

07/06/2022 10h43

Acontecia, mas tão esparsamente e levava muitíssimo tempo para um colecionador formar biblioteca, digamos, com 50 itens sobre o tema.

Por aquele tempo, os jornalistas Armando Nogueira e Pedro Zamora foram dos que mais contribuíram para preservar a memória do desporto “brazuca”.

Recentemente, dois “cabras da peste” nordestino, o alagoano Eriberto Moura e o piauiense Severino Filho, nos brindaram com trabalhos sensacionais. O primeiro nos conta, por meio de uma cuidadosa investigação em jornais e centros de documentação, dados inéditos e reveladores sobre diferentes fases do futebol feminino no Brasil, desde a estruturação, nos anos iniciais do Século 20, até sua internacionalização, com a participação de seleções brasileiras em campeonatos mundiais e Jogos Olímpicos.

Ao analisar fontes, inclusive, focalizando o estudo em uma equipe específica, Eriberto problematiza muitas questões relacionadas à inserção e à permanência das mulheres no futebol. Ele defende ser a modalidade muito bem vinda ao chamado “sexo frágil”. E mostra, nesse trabalho utilizado como tese de mestrado, que a modalidade contribui para romper com ideias essencialistas que ainda hoje dificultam a livre adesão delas ao “chute na gorduchinha”. Tanto no âmbito competitivo, como no escolar ou o de lazer. Suas palavras evidenciam o quanto o tema abre alas para a discussão, não apenas no espaço acadêmico.

Eriberto Moura disse ao Jornal de Brasília, por e-mail: “Argumentar em favor do futebol feminino, mais do que relevante é necessário, porque são inúmeras as restrições e dificuldades impostas àquelas que ousam transgredir um espaço que, a princípio, não parece ser seu”.

Depois desta pesquisa, ninguém mais precisa escrever livro sobre a história do futebol jogado pelas brasileirinhas. Só se as meninas ganharem a medalha de ouro nas Olimpíadas Rio-2016, o que será um novo capítulo. Eriberto garimpou tudo em sua análise e derrubou uma história antiga, a de que o primeiro jogo de futebol entre as meninas havia ocorrido em São Paulo. Ele corrige o erro, mostrando que na data citada ocorrera, meramente, uma brincadeira de homens vestidos de mulher, e até reproduz a fotografia dos marmanjos, encontrada em um jornal das primeiras décadas do século passado.

Jornalistas esportivos, estudantes e professores de Educação Física que desejarem conhecer este grande trabalho do Eriberto Moura podem entrar em contato com Edufal – Editora da Universidade Federal de Alagoas, que atende pelos telefones (82) 3214-1111 e (82) 3214-1113. Há, também, o fax (82) 3214-1111.

Já o intrépido Severino Filho, pesquisador antigo e um dos principais do país, está lançando o “Almanaque do Futebol Piauiense”, previsto para 20 volumes. Para perpetuar a memória do futebol do seu Estado, Severino já lançou duas edições e anunciou a previsão de concluir a pesquisa em um total de 20, com 100 páginas, cada uma.

Nesse trabalho, Severino Filho traz súmulas, biografias de jogadores e a trajetória da Federação Piauiense de Futebol. Entre as histórias que ele nos brinda, há uma de um clube que foi afastado do campeonato estadual, por decisão em assembleia, por ser a sua rapaziada muito mais do que péssima. Chegou a sofrer 42 gols em cinco jogos.

Para conhecer a bela pesquisa do Severino Filho, deve-se manter contato com o autor pelo e-mail e combinar com ele o envio do (s) livro(s). Cá pra nós desportistas: estes cabras são uns heróis, não são?

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