Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

Jair, o original

Tudo começa em 1938, quando Jair jogava pelos times amadores de sua terra, Barra Mansa-RJ

Aline Rocha

10/07/2019 18h15

Atualizada 12/07/2019 7h34

Jair Rosa Pinto

Jair Rosa Pinto

É muito manjada aquela história do jogador que vai de contrapeso para um determinado clube e, enquanto o que seria o “cara” não acontece, de repente, ele torna-se o ídolo. Aconteceu com um dos maiores cobras e de carreia mais longa do futebol brasileiro, o meia Jair Rosa Pinto.

Tudo começa em 1938, quando Jair jogava pelos times amadores de sua terra, Barra Mansa-RJ. Um dia, pintou por lá um representante do Madureira, desejando levar o ponteiro esquerdo Anatólio, que disse só iria se o “Madura” levasse junto o seu amigo Jair, com quem fazia ala. Ao ver aquele molequinho magrinho, de canelas canudinho, o presidente do “Tricolor Suburbano, Aniceto Moscoso, riu e o indagou: “Com este tamaninho você quer jogar no meu time?”. Atrevido, o garoto respondeu: “Sem problemas. Já que o senhor não me quer por aqui, vou ver se consigo treinar com a turma doo Vasco. Meu irmão, o Orlando Rosa Pinto, joga por lá.”

Aniceto coçou o queixo e, ao saber que o garoto era irmão do ponta-esquerda titular vascaíno, o autorizar que treinasse. Poderia ser tão bom, ou melhor do que o mano. Só 30 minutos de bola rolando foram suficiente para o cartola mandar o treinador tirá-lo do treino e acertar a sua contratação. Jair tinha 17 anos e, um ano depois, já era jogador de seleção brasileira. Em 1943, o presidente Getúlio Vargas pressionou o bicheiro Aniceto Moscoso a negocia-lo com Vasco da Gama, clube lhe emprestava o seu estádio para as suas grandes armações políticas.

Por aqueles inícios de carreira, o garoto Jair ficava deslumbrado ao ver Tim e outros cobras da Seleção Brasileira jogando cartas, quando estavam concentrados em São Januário. Nem pensava em tornar-se tão ídolo quanto eles, principalmente porque era magrinho e tinha pernas finas. Mesmo assim, desenvolveu um chute fortíssimo. Durante o Campeonato Sul-Americano-1949, quando sagrou-se campeão, mandou para o hospital um zagueiro paraguaio que compunha uma barreira. Falta para ele cobrar, era um terror para os goleiros.

Campeão carioca, pelo Vasco, em 1945, dois anos depois ele foi negociado com o Flamengo, do qual saiu por causa de uma das maiores lendas do futebol brasileiro. Os rubro-negros enfrentavam os vascaínos, abriram dois gols de frente, mas levaram uma virada de 5 x 2. Então, um radialista apaixonado pelo Flamengo inventou uma história de que a torcida rubro-negra havia queimado a camisa de Jair, acusando-o de ter sido responsável pela goleada, por não ter se empenhado. Lenda, lenda! Jair voltou para o vestiário uniformizado, mas o “Urubu” o fez voar da Gávea, mandando-o para o Palmeiras.

Em 1956, Jair já estava no Santos, jogando ao lado de um garoto que chegou por lá em agosto, um tal de Pelé, que a turma chamava de Gasolina, por vê-lo voando em campo. Jogou, até 1961, ao lado do “Rei do Futebol”. Detalhe: Pelé ganhou, por acaso, a camisa 10 para jogar a Copa do Mundo-1958, na Suécia. Jair foi o primeiro 10 do escrete nacional. No Mundial-1950.

Veteraníssimo, com 24 anos de cancha, Jair Rosa Pinto, em 1962, ainda foi contratado pelo São Paulo, seu fim de linha, como atleta. Depois, encarou a gangorra dos treinadores, sem fazer tanto sucesso.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado