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Histórias da Bola
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Greve de fome

Arquivo Geral

04/02/2019 15h45

A CBD, brigada com Zizinho, desde o Sul-Americano-1953, proibira a convocação do maior jogador brasileiro pré-Pelé para o Mundial-1954. De sua parte, o treinador Zezé Moreira dizia que o “Mestre Ziza” já vinha atuando como centroavante no Bangu, por não ter mais as pernas que o fizeram de o melhor da Copa do Mundo-1950. Preferia Didi (Valdir Pereira) porque este tinha mais fôlego para cuidar do meio-de-campo.

 Para a revista “O Cruzeiro”, Didi era peça “indispensável” à máquina de Zezé”. Explicava que, jogando recuado, apoiava a defesa e procurava lançar bolas em profundidade, para o cotra-ataque. A semanária elogiava a sua categoria no dribla, “com leveza e precisão”, via o seu chute muito manhoso e como  bom cobrador de penalidade perto da área adversária. Lembrava que os efeitos que ele imprimia a bola haviam criado uma escola: a do batedor de penalidade à la Didi.

 Pois este Didi, grande em campo, arrumou um tremendo furdunço para a Seleção Brasileira às vésperas da estreia no Mundial da Suiça. Tudo começou quando a mulher dele, a cantora e atriz baiana Guiomar, sua grande paixão, e dos fãs do samba-canção, apareceu durante um treino da seleção, em Macolin. Didi, então, pediu ao treinador Zezé Moreira para deixa-la almoçar na concentração.

 Zezé mandava só no time e não passaria, jamais, por cima de ordens do chefe da deleção, o ministro João Lira Filho que, justamente naquele dia, proibira visitas à concentração. E negou o pedido do craque.

 Didi perdeu o apetite. Não almoçou e nem jantou naquele dia, fazendo dupla dieta por amor. Considerara ordem dura, impiedosa, sobretudo porque Guiomar atravessara o Atlântico para vê-lo. No dia seguinte, Lyra Filho explicou-lhe a sua decisão e o convenceu de que deveria ter sido assim. Didi argumentou que a sua mulher viajara por mais de 20 horas e até passado mal dentro do avião. Papo vai, papo vem, patrioticamente, Didi interrompeu a greve de fome. Talvez, nem tanto por amor, mas ao ver um prato de feijão e arroz  da hora. Não havia grevista faminto que o dispensasse – energia de fundamental importância para a “meiúca brasuca”.

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