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Histórias da Bola
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Garoto dinamite explode

Arquivo Geral

06/08/2018 10h19

Aparício Pires procurava uma manchete para a capa do “Jornal dos Sports” de 25 de novembro de 1971, quando o “Almirante” enfrentaria os colorados gaúchos, no Maracanã, pelo Brasileiro. O setorista em São Januário, Eliomário Valente, informou-lhe de que um atacante novato tinha “dinamite nos pés”. Não deu outra: “Vasco escala o Garoto- dinamite”, foi para as bancas.

Na noite seguinte, o rapaz fez por merecer a promoção. Mandou uma pancada para o gol e mereceu: “Garoto-Dinamite explodiu!”, a nova manchete.

Nascia por ali o Roberto Dinamite, que viria a ser o maior ídolo e maior artilheiro da história do Vasco das Gama – e do Campeonato Brasileiro, com 190 gols.

Aparício Pires, que levou o artilheiro a incorporar o apelido ao seu nome, foi um carioca que viveu por 82 temporadas, entre 1925 a 5 de abril de 2008. Teve ótimos texto e criatividade. Surgiu pela “Revista do Rádio”, em 1950, passou por Pasquim, Última Hora, Jornal do Brasil e O Globo, onde aposentou-se, em 1989. Deixou seis filhos, uma das quais jornalista, e seis netos.

Em pronunciamento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o então deputado Roberto Dinamite declarou: “Ele foi uma pessoa de suma importância no início da minha carreira, porque, quando eu comecei a jogar futebol, era conhecido como Zé Roberto (criado pelo treinador Célio de Souza) e outros jogadores já tinham esse nome”.

Roberto, que presidiu o Vasco da Gama, entre 2008 a 2014, fez um histórico dos seus inícios e do primeiro gol, lembrando que, a partir dali, passara a ser chamado de Roberto Dinamite. “Já incorporei isso ao meu nome oficial” o que ajudou-lhe na carreira política. Hoje, o torcedor não consegue ver o Roberto sozinho, sem o Roberto Dinamite… O Aparício foi esse grande mentor que me batizou com essa marca”, agradeceu o atleta que vestiu a jaqueta cruzmaltina por 1.022 partidas, sendo 768 oficiais e 254 amistosos, tendo com ela marcado 754 gols.

Para a Federação Internacional de História e Estatísticas do Futebol, Roberto Dinamite é o quarto goleador de competições oficiais do planeta, atrás só de Pelé, Josef Bican, da antiga Tchecoeslováquia, e do húngaro Puskas, que fez grande parte de sua carreira na Espana.

Assim, seguramente, o 25 de novembro de 1971 será, sempre, é uma das mais importantes datas do calendário cruzmaltino, porque naquela noite de uma quinta-feira, 10.449 pagantes viram nascer uma lenda. Carlos Roberto de Oliveira tornava-se “Roberto Dinamite”, ao marcar o seu primeiro gol com como atleta profissional.

Esta história, no entanto, começa em 1970, quando o olheiro Fernando Ramos, o “Gradim” (mesmo apelido de Francisco Ferreira de Sousa, ex-atacante e ex-treinador vascaíno) levou o garoto, de 16 anos, para treinar em São Januário. Aprovado, terminou o Campeonato Carioca Juvenil com 10 gols e sendo o principal “matador” do time. Em 1971, ainda juvenil, aumentou a cota, para 13, tornando-se o goleador máximo do Estadual e, ainda. campeão.

Recado dado, Roberto foi colocado no banco dos reservas do time A, em 14 de novembro, pelo treinador Admildo Chirol, em Vasco 0 x 1 Bahia, na Fonte Nova, em Salvador. Lançado em campo, no começo do segundo tempo, substituindo Pastoril, melhorou o rendimento da equipe, mas não mudou o placar, aberto na etapa inicial. Quando nada, ganhou a vaga de titular em Vasco 1 x 2 Atlético-MG, uma semana depois, no Mineirão, tendo sido substituído, pro Ferreti, no segundo tempo.

Veio, então, a noite do jogo contra o Inter. Chirol deixou o Roberto no banco, durante a etapa inicial. Aos 5 minutos do segundo tempo, o meia Buglê, abriu a porteira gaúcha: Vasco 1 x 0. E os colorados ferveram em cima. Parecia que o empate seria questão de tempo. Enquanto pressionavam, Chirol pensou em substituir o ponta-esquerda Gílson Nunes e mandou aquecer o garoto que já tivera duas chances de jogar pelo time principal, mas ainda não encontrara o caminho das redes.

Eram jogados 27 minutos (52) quando Roberto, na primeira bola que recebeu, partiu quase da intermediária, passando pelos quatro que encontrou pela frente. Na velocidade em que ia, soltou uma pancada impressionante, de fora da área, com o pé direito. O goleiro Carlos Gainete (campeão como Vasco na I Taça Guanabara-1965) não teve como deter aquele chute tão intenso que fez muito sucesso nos cinemas, quando o Canal 100 exibia o ‘jornal da tela’.

Depois do jogo, o repórter Eliomário Valente telefonou para a redação e contou a Aparícioa sobre a intensidade do chute que valeu a manchete famosa, já citada acima.

Naquele jogo, que rendeu Cr$ 49.675,00, o apito foi de Maurílio José Santiago-MG. O Vasco foi: Andrada; Haroldo, Miguel, René e Alfinete; Alcir e Buglê; Luís Carlos, Beneti (Jaílson), Ferreti e Gílson Nunes (Roberto Dinamite). O Inter teve: Gainete; Bira, Pontes, Flávio e Édson Madureira; Carbone e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro (Bráulio) e Dorinho (Arlem).

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