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Histórias da Bola
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Escorregadeira Botafogo

Alvinegro da estrela solitária entregou caneco, também, na temporada de 1971

Gustavo Mariani

21/12/2023 10h42

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Foi inacreditável. Chegando a ter 13 pontos de vantagem para o segundo colocado, na liderança do Brasileirão-2023, entre a 3ª e a 34ª rodadas – total de 38 -, o Botafogo dominou a ponta da competição, por 31 rodadas, durante sete meses, somando 47 pontos, em 38 partidas com 15 vitórias. Melhor campanha do primeiro turno, desde 2006, quando o Brasileirão passou a ser disputado por pontos corridos e com 20 equipes. No returno, fez campanha de time rebaixado, passando 10 compromissos sem vencer e terminando a campanha em quinto lugar na classificação final, com 64 pontos, contra 66 de Flamengo e Atlético-MG; 68 do Grêmio-RS e 70 do Palmeiras. Não conseguiu vaga à Taça Libertadores, precisando disputar uma etapa classificatória.

O inacreditável começou a rolar durante a noite de 01.11, quando o Botafogo abriu 3 x 0, vencia o Palmeiras, por 3 x 1 e teve um pênalti ao seu favor, aos 37 minutos da etapa final. Tiquinho, até então, o craque do campeonato, bateu e o goleiro palmeirense defendeu. Final: Palmeiras 4 x 3. Em 09.11, a mesma coisa diante do Grêmio-RS: colocou 3 x 1 de frente, levou três gols (em 20 minutos) e caiu por gaúchos 4 x 3. Veio o 12.11 e o Botafogo fazia 2 x 1 Bragantino, para ceder o empate na última bola do jogo: 2 x 2. Veio o 26.11, em casa, diante do Santos. Vencia, por 1 x 0, até os 45 minutos do segundo tempo, quando levou o empate: 1 x 1. Pra piorar: aos 52 minutos do segundo tempo, contra o Coritiba, em 219.11, pênalti a favor do Botafogo, que faz, ms leva o empate a quatro segundos do final: 1 x 1. Por fim, em 03.12, Botafogo 0 x 0 Cruzeiro, e em 06.12, Botafogo 1 x 2 Internacional-RS. Inacreditabilíssimoíssímoíssimo!

Durante o Brasileirão-2023, o Botafogo teve o português Luis Castro por seu treinador na fase boa. Uma bela grana o levou para o futebol árabe, e ele foi substituído pelo complicado Bruno Lage (após pucos jogos do interino Cláudio Caçapa), demitido, por desarrumar o time – Lucas Perri; Di Plácido, Adryelson, Cuesta e Marçal; Marlon Freitas, Tchê Tchê (Gabriel Pires) e Eduardo (Danilo Barbosa); Júnior Santos (Carlos Alberto), Victor Sá (Philipe Sampaio) e Tiquinho Soares era a base. Próximo técnico: Lúcio Flávio, pedido pelos atletas. Ex-jogador alvinegro, era treinador das bases alvinegras, mas não vingou e foi trocado por Thiago Nunes, que não venceu nenhuma partida.

Perder título quando era o favorito, no entanto, não é novidade para o Botafogo. Durante o campeonato Carioca-1971, quando montou o que ficou conhecido por “Selefogo” – Ubirajara Mota; Carlos Alberto Torres, Brito, Leônidas e Paulo Henrique; Carlos Roberto e Nei Conceição; Zequinha (Roberto Carlos), Nilson Dias, Jairzinho e Paulo César Lima – aconteceu algo parecido. Os alvinegros tinham seis pontos de frente na liderança, mas entregaram o caneco nas três rodadas finais: 0 x 2 Flamengo (13.06.1971); 1 x 1 América (19.06) e 0 x 1 Fluminense (27.06), neste jogando pelo empate pra ser o campeão, diante de 142.339 pagantes e total de 160 mil presentes ao Maracanã. A “Selefogo” era tão forte que, de sua turma, só o goleiro Ubirajara Mota não chegou à Seleção Brasileira. Mais: Carlos Alberto Torres, Brito, Jairzinho e Paulo César “Caju” haviam sido tricampeões mundiais na Copa do Mundo México-1970, comandados pelo mesmo Mário Jorge Lobo Zagallo que os comandava na época desse grande vexame.

Assim como foi brilhante durante o primeiro turno do Brasileirão-2023, o Botafogo o foi, em 1971. Dos seis jogos disputados, venceu cinco e empatou um, entre 11 de março e seis de abril: 2 x 2 Campo Grande; 2 x 0 Flamengo; 2 x 0 Bonsucesso; 2 x 0 Portuguesa; 3 x 1 América e 4 x 2 Vasco da Gama. Na etapa derradeira do Estadual, além das pisadas na bola citadas acima, enrolou-se em: 0 x 0 Olaria; 1 x 1 Flamengo; 0 x 0 Vasco da Gama; 0 x 0 América e 0 x 0 Bonsucesso, deixando cinco pontos pelo meio do caminho – vitórias da etapa: 2 x 0 e 1 x 0 Bangu; 1 x 0 Flamengo; 2 x 0 Bonsucesso; 2 x 1 Vasco da Gama e 3 x 2 Olaria.

Para o chamado “torcedor gozador de boteco”, que não perdoa as escorregadas dos adversários, o Botafogo é bicampeão de “pisadaças na bola” – só ele? Nem tanto: em 1968, o Flamengo jogou nesse time, favorecendo, sabe quem? Assuntos para uma próxima coluna. Combinado?

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