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Histórias da Bola
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Choveu na horta do Fla

Gilberto Cardoso, presidente do Flamengo, entre 1951 a 1955, era um gentleman

Gustavo Mariani

06/07/2020 12h22

Atualizada 11/11/2020 16h24

Faria qualquer coisa, desde que fosse limpa, pelo Flamengo, ao qual dedicou todo os seus últimos tempos de vida. Nem mesmo procurou uma outra companheira,após enviuvar-se e ficar com um filho, de apenas um ano de vida, para criar.

Gilberto Cardoso Filho, o sucessor, também presidiu o Flamengo. Em duas oportunidades: eleito, em 1989, para mandato que terminava em 1990, e em 2002, quando assumiu o comando em razão do empeachment do presidente Edmundo Santos Silva.

Enquanto o pai era médico, o filho preferiu a advocacia. Até o 25 de novembro de 1954, quando passou 16 temporadas do lado do pai que partiu na madrugada do dia 26, o Gilbertinho teve tempo, de sobra, para aprender a fazer bater forte no peito um coração rubro-negro. Só não aprendeu as manhãs da política esportiva, porque o pai não tinha oposição. Como a tinha, e muito, Gilberto Cardoso Filho saiu da cartilha do pai e aplicou um dos maiores golpes nos conselheiros que queriam derrubá-lo do cargo, culpando-o pela má fase da equipe de futebol. Um verdadeiro golpe de mestre.

Segurar a onda, com imprensa batendo, proposição cornetando e torcida cobrando muito, era para deixar descompassado o coração de qualquer presidente, ainda mais exortado a renunciar ao seu mandato. O Gilbertinho colocou a bola na marca do pênalti e mandou a cornetagem pro filó. Inacreditável! Convidou o considerado maior presidente do Fluminense dos últimos tempos do rival Fluminense, o juiz de Direito aposentado Francisco Horta, para gerir o futebol flamenguistas, com todos os poderes, substituindo o rubro –negrohistórtico e então vice-presidente de futebol George Helal.

Foi uma bomba. Reverteu-se o noticiário contra na imprensa, Horta encarou os chefes de torcidas, reiterando-se tricolor, mas assegurando ser um apaixonado pelo futebol e que estaria ali, em nome do futebol, para ser fiel ao Flamengo, enquanto fosse um seu empregado remunerado.

Carioca, nascido no bairro das Laranjeiras, Francisco Luiz Cavalcanti Horta  estava com 55 de idade e sem perder o seu jeito bombástico que montara a Máquina Tricolor de 1976, levando Rivelino, Paulo César Lima, Doval, Carlos Alberto Torres,Dirceu Guimarães, Miguel e Gil, entre outros cobras, para o Flu.Sem falar do troca-troca de astros entre clubes, lance dele.

Chegado ao Flamengo, ela anunciou a criação nova torcida, a Manga Fla, formada pela rapaziada da Escola de Samba Mangueira. O presidente Gilberto Cardoso Filho adorou. A cada dia, via a sua oposição entregando os pontos. Era demais. Horta declarou que o Flamengo era o seu segundo clube  que o fascínio pela camisa rubro-negra o deixava esmagado, emocionalmente.  Motivo para o Conselho Deliberativo do Fluminense ameaçar cassar o seu título de grande benemérito.

Gilberto Cardoso Filho lia nos jornais e sorria. Agora, não jogavam bombas sobre a sua cabeça. As coisas aconteciam, favoravelmente. Como durante o Torneio de Palma de Mallorca, na Espanha, em 1978. O Flamengo enfrentava o Real Madrid e, devido reclamação acintosa ao árbitro, pela não marcação de um pênalti, todos os jogadores e comissão técnicas que estavam no banco dos reservas foram expulsos de campo.  Só restou Horta, que passou a orientar a rapaziada que, com oito jogadores, sustentou o placar final de 2 x 1.

– O Gilbertão lhe ensinou tudo, em Gilbertinho – brincou um conselheiro, antes da oposição. 

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