Menu
Histórias da Bola
Histórias da Bola

CÉLIO & DINAMITE

Antigo goleador vascaíno não conseguiu falar com antigo goleador-presidente

Gustavo Mariani

22/10/2023 12h15

Quando fui à paraibana João Pessoa, em 2006, conhecer, pessoalmente, o antigo atacante cruzmaltino Célio Taveira Filho (foto acima), ele levou-me pra ver o porto desativado em Cabedelo e obras abandonadas do local em que ele atuava em sua nova vida. Durante a visita, contou ter sobrevivido, após perder tudo naquele projeto, trabalhado para o departamento amador do Botafogo, de João Pessoa, e sendo comentarista esportivo de uma rádio daquela cidade, pois se aposentara, como comerciante (vendedor de peças automobilísticas), recebendo só um salário mínimo mensal.

O antigo goleador revelou, também, uma outra grande decepção: fora ao Rio de Janeiro, com o time do Botafogo da Paraíba, por aquele mesmo 2006, para jogo da Copa do Brasil, contra o Vasco da Gama, e não conseguira falar com o Roberto Dinamite (foto abaixo), o então presidente do Vasco da Gama. “Ele disse que naquele momento, antes da partida, não poderia falar comigo”.

O tal jogo foi noturno, no 22 de fevereiro de 2006, pela primeira fase da Copa do Brasil, no estádio de São Januário, e terminara Vasco da Gama 7 x  0, com gols de Romário (3), Valdiran (2) e do zagueiro Éder. O que o Dinamite estaria fazendo naquele momento em que não poderia falar com o Célio? Providências técnicas do time, não, pois estas estariam a cargo do treinador Renato “Gaúcho” Portaluppi, e não seria o presidente do Vasco da Gama, certamente, quem estaria cuidando dos 1.231 pagantes presentes ao estádio. Roberto era um sujeito bom caráter. Atendia a todos. Talvez, tivesse mesmo algo a tratar no lugar errado, na hora errada, na noite errada em que o Céli lhe aparecera. Coisas das vida.

 Célio fora o maior ídolo da torcida vascaína, entre 1963 a 1966, e ficara inesquecível, até  1971, quando surgiu o Dinamite, e a torcida cruzmaltina voltou a ter um ídolo. Certamente, o Roberto Dinamite que não tivera muito estudo e pouco sabia sobre a história vascaína, nem soubesse quem fosse o Célio que tentava falar-lhe. É o mais provável.

Pois bem! Aquele sujeito já esquecido  marcara dois gols e arrasara o Flamengo, em 1965, na final do Torneio Internacional do IV Centenário do Rio de Janeiro; fizera outros dois e desmontara o Corinthians durante a noite de estreia de Mané Garrincha no clube paulistano; fora o principal artilheiro e campeão da I Taça Guanabaras, em 1965; a grande figura vascaína na conquista do Torneio Rio-São Paulo-1966. E fora ídolo, também, da torcida do uruguaio Nacional, de Montevidéu, clube que fizera questão da sua presença e foi buscá-lo, na Paraíba, para os festejos do seu centenário. Mais? O cara que o Pelé fizera força para o Santos repatria-lo, em 1970, e ser o seu novo parceiro de ataque, para reviverem a dupla que já havia aprontado em jogos da seleção do Exército, em 1959.

Rola a bola! Em 2001, o Dinamite veio a Brasília inaugurar uma franquia de loja do Vasco da Gama, no Conjunto Nacional. Encerrada a inauguração, quando só ficaram dentro do estabelecimento jornalistas, dono da loja e e o Dinamite, liguei o meu celular e pedi do Roberto pra falar com o Célio. Foi a última reportagem esportiva da minha carreira de repórter. Depois, eu não quis mais fazer nenhuma outra, para a derradeira ter sido com os dois maiores artilheiros do Vasco da Gama, das décadas-1960/1970. Pedi, então, pra ser redator, pra não entrevistar mais nenhum ser vivente. E, de lá pra cá, nunca mais entrevistei nenhum desportista, pra nenhuma página de jornal. Estou invicto. 

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado