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Histórias da Bola
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BRASIL LEVA A ‘BRUXA’ PARA A COPA

Time canarinho tem sempre jogador importante machucado antes e durante o Mundial

Gustavo Mariani

26/11/2022 13h11

Jogador de futebol costuma caçoar com o colega que passa tempos tratando de contusão, na enfermaria do clube. Diz que ele foi levado pelo “time do chinelinho”, isto é, trocou as chuteiras por calçado leve. E este tem sido um “trazedor de dilemas” para a Seleção Brasileira, como no recente caso de Neymar e Murilo, que saíram da estreia nesta Copa-2022 -Brasil 2 x 0 Sérvia -, com tornozelos inchados, pars ficarem, no mínimo, duas rodadas sem jogar.

O primeiro “chinelista” por quem a torcida brasileira chorou muito foi o ponta-direita gaúcho Tesourinha, do Vasco da Gama. Seria o titular absoluto de sua posição durante o Mundial-1950, em gramados “brazucas”. Pertinho da competição, ele sentia terrível dor em um dos joelhos. Radiografia constatou menisco fraturado. Cortado, cedeu vaga ao corintiano Cláudio, que não jogou. O treinador Flávio Costa preferiu escalar na vaga o lateral vascaíno Alfredo dos Santos. Depois, o meia, também vascaíno, Maneca, e, por último, o são-paulino Friaça, que era centroavante. Nenhum especialista na vaga.

Escritos deixados em revistas e jornais da época, afirmam que, com o Tesourinha – Osmar Fortes Barcellos – Barcelos – em campo, dificilmente, o Brasil levaria 1 x 2 Uruguai, dentro do Maracanã, perdendo a Copa. Todos se lembravam de que ele havia sido o melhor jogador do time brasileiro campeão sul-americano-1949 e era fera, feríssima.

A segunda visita da “bruxa” à Seleção Brasileira foi perto do embarque para a disputa da Copa da Suécia-1958. Em amistoso, contra o Corinthians, o lateral-esquerdo corintiano, Ari quase arranca um dos joelhos do garoto Pelé, que só não foi cortado porque o médico Hílton Gosling o bancou, confiado na recuperação do organismo de um jovem de 17 de idade. Então, Pelé atou da terceira partida em diante, na Suécia, e o restante da história todos a conhecem. Mas, em 1962, ele não fugiu da “bruxa”. Jogava a segunda partida do Mundial do Chile, quando uma distensão muscular, em Brasil 0 x 0 Tchecoeslováquia o tirou do restante da competição.

Em 1966, com a Copa na Inglaterra, pela terceira vez, Pelé foi atingido pelos raios da maldade. Em Brasil 2 x 0 Bulgária, na estreia, apanhou tanto que não deu para ir ao segundo jogo: 1 x 3 Hungria. Voltou na terceira partida – Brasil 1 x 3 Portugal – e fizeram dele peteca, o espanando geral. Se tivesse sido condenado a chibatadas, como nos filmes antigos, teria apanhado menos, com certeza.

Veio 1970 e um dos mais destacados atacantes, o ponta-direita Rogério Hetmanek, do Botafogo, foi cortado, igualmente ao Tesourinha, às vésperas da Copa, devido problema muscular que a medicina de hoje curaria a tempo da estreia. Em 1974, a “bruxa” tirou Clodoaldo e Carlos Alberto Torres, duas figuras pesos pesados do time do tri, em 1970, no México. Em 1978, a bola da vez foi Rivellino, principal jogador brasileiro, que disputou a primeira partida – Brasil 1 x 1 Suécia “ só pode voltar na penúltima – Brasil 3 x 1 Polônia e na última – Brasil 2 x 1 Itália, que só serviu para ele ser “campeão moral”.

Em 1982, com a Copa do Mundo na Espanha, mais uma vez, na janela do torneio, a “bruxa” pintou. E carregou Careca, o mais talentoso dos nossos atacantes de então. Foi substituído por Roberto Dinamite, do Vasco da Gama e que não ficou nem no banco dos reservas. Em 1986, novamente com um Mundial no México, o bafejado pelo bruxuleante destino foi Zico, um dos maiores craques brasileiros de sua geração. Recuperava-se de cirurgia em um dos joelhos, ao entrar frio, contra a França, perdeu um pênalti e “ajudou” o Brasil a ser eliminado. Em, 1990, Romário foi à Copa (segunda) da Itália para jogar poucos minutos. Passara longo tempo tratando de contusão que não sarava totalmente.

Em 1994, nos Estados Unidos, perdemos o zagueiro Ricardo Gomes durante treino contra o Canadá, também às vésperas do Mundial. Em 1998, na segunda Copa da França (primeira em 1938) houve o caso da convulsão sofrida por Ronaldo Fenômeno pouco antes da final, contra os anfitriões. O choro pelos 0 x 3 França ficou, mas não deixou de abalar o time que pareceu ter esquecido de muito do que sabia.

Entre 2002 a 2010, enfim, até que a “bruxa” deu um tempo. Mas não perdoou, em 2014, com a Copa, novamente no Brasil. Por ali, um zagueiro colombiano quase quebra o espinhaço de Neymar pelo meio. Sem o seu principal jogador, a rapaziada levou 1 x 7 Alemanha e 0 x 3 Holanda, nos jogos seguintes. Agora, é com o mesmo Neymar que a história se repete. Como nas vezes em que Pelé foi o alvo, de coincidência, ambos vestiam a camisa 10 quando foram “baleados” .

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