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Histórias da Bola
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A revoada do escrete canarinho

A Seleção Brasileira estreia, hoje, pela 22ª vez, em um Campeonato Mundial de Futebol

Gustavo Mariani

24/11/2022 11h35

Em 14 de julho de 1930, iniciou esta história, levando 1 x 2 Iugoslávia, para ser eliminadas da disputa, seis dias depois, mesmo mandando 4 x 0 Bolívia. A fraca campanha deveu-se, em parte, ao escrete nacional ter ido ao Uruguai, local do primeiro Mundial, sem alguns dos seus melhores jogadores, como Arthur Friedenreich, Feitiço e Del Debbio, por conta de brigas entre cariocas e paulistas.

À época, o Rio de Janeiro era a capital brazuca e o grande centro financeiro, social, cultural e artístico do país. Mas São Paulo produzia o café, crescia economicamente e ficava com o nosso comando político. Disputas que iriam parar nos gramados. Com a Confederação Brasileira de Desportos-CBD (atual CBFutebol) sediadas na Cidade Maravilhosa, seus dirigentes não incluíram os cartolas da Associação Paulista de Esportes Atléticos-AP|EA| na comissão técnica da Copa do Mundo, gerando a retaliação paulista de negar a participação de atletas dos seus clubes. Apenas um deles, o atacante Araken Patuska viajou, porque estava brigado com o Santos, a sua agremiação.

O grupo brasileiro levou l5 dias viajando, por navio, rumo a Montevidéu, onde o inverno era rigoroso. Desembarcou com preparo físico ruim e só um atleta se destacou, nos dois jogos, o vascaíno Fausto dois Santos, que ganhou o apelido de Maravilha Negra. Eram 12h45 locais quando o time brasileiro – Joel, Brilhante e Itália; Hermógenes, Fausto e Fernando Giudicelli; Poly, Nilo, Araken, Preguinho e Teófilo – adentrou ao gramado do estádio do Parque Central dse Montevidéu, diante de 24.059 torcedores, que escutaram o apito do uruguaio: Aníbal Tejada. O único gol das rapaziadas foi marcado por Preguinho, aos 61 minutos, após 0 x 2, entre os 30 e os 35 minutos do primeiro tempo.

No 22 de julho, a rapaziada – Velloso, Zé Luís e Itália; Hermógenes, Fausto e Giudicelli; Benedito, Russinho, Carvalho Leite, Preguinho e Moderato – limpou a honra nacional, com gols marcados por Moderato, aos 37 e aos 73, e por Preguinho, aos 57 e 83 minutos. Mas a goleada de nadas serviu, pois a Iugoslávia havia, também, batido os bolivianos (4 x 0) e ficado com melhor saldo de gols.

Idealizada pelo francês Jules Rimet, presidente da Federação Internacional de Futebol Associado -FIFA, a primeira Copa do Mundo foi disputada, em 1930, no Uruguai, escolhido por ter estar celebrando o centenário de sua independência política e, também, por vencido os dois últimos torneios de futebol dos Jogos Olímpicos, em 1924/28, e outros inscritos – Espanha, Itália, Suécia e Países Baixos (Holanda) – desistido.

Do primeiro Mundial do futebol participaram sete selecionados das Américas – Argentina, Brasil, Bolívia, Chile, Estados Unidos, México, Paraguai e Peru – e apenas quatro da Europa – Bélgica, França, Romênia e Iugoslávia. Para estes, além da longa viagem para a América do Sul e das altas despesas para cruzar o Oceano Atlântico, seus clubes não queriam ficar sem os seus principais atletas. Foi preciso Jules Rimet intervir e negociar com os franceses. No caso dos romenos, quem interviu foi o Rei Carlos II, que selecionou a equipe e negociou garantia de emprego com os patrões dos jogadores que viajassem. O mesmo ocorreu na Iugoslávia, com o Rei Alexandre I indo à luta, enquanto, na Bélgica, o trabalho coube ao vice-presidente da FIFA, Rodolphe Seeldrayers.

Jules Rimet viajou por navio, levando com ele o troféu que continha o seu nome e quatro árbitros europeus, os belgas Jean Langenus e Henri Christophe, e o seu patrício Thomas Balway. A delegação brasileira, embarcada no navio SS Conte Verde, no Rio de Janeiro, em 29 de junho, chegou ao Uruguai no 4 de julho.

Quando rolou a bola, no calor de sua torcida, os uruguaios não desperdiçaram a chance da conquista do primeiro Mundial, vencendo a Argentina, na decisão, por 4 x 2. Por ali, a taça era posse transitória, até que alguma equipe o conquistasse por três vezes, sem precisar ser de forma consecutiva. E o caneco, construído pelo artesão francês Abel Lafleur, na forma de uma mulher alada – Vitória Alada – ficou, definitivamente, com os brasileiros, que a trouxeram, em 1958/62/70, dos campos do mundo.

O Brasil da primeira Copa foi a campo no 14 de julho de 1930, para levar 1 x 2 Iugoslávia e ser eliminada, seis dias depois. Mesmo com 4 x 0 Bolívia, os iugoslavos mandaram o mesmo placar pra cima dos bolivianos e ficaram com melhor saldo de gols. A fraca campanha deveu-se, em parte, ao escrete nacional ter ido ao Uruguai sem alguns dos seus melhores jogadores, como Arthur Friedenreich, Feitiço e Del Debbio, por conta de brigas cariocas e paulistas.

À época, o Rio de Janeiro era a capital brazuca e o grande centro financeiro, social, cultural e artístico do país. Mas São Paulo produzia o café, crescia economicamente e ficava com o nosso comando político. Com a Confederação Brasileira de Desportos-CBD tendo endereço carioca, os seus dirigentes não incluíram os da Associação Paulista de Esportes Atléticos-APEA na comissão técnica da Copa do Mundo e revoltaram os paulistas, que retaliaram negando a participação de atletas dos seus clubes no selecionado. Apenas um deles, o atacante Araken Patuska se encorporou ao grupo, porque estava brigado com o Santos, a sua agremiação.

FICHA DA FINAL – 30 de julho de 1930 – Uruguai 4 x 2 Argentina. Estádio: Centenário, em Montevidéu. Juiz: John L. Langenus-BEL. Público: 69.346. Gols: Dorado-URU, aos 12; Peucelle-ARG, aos 20; Stábile-ARG, aos 37; Cea-URU, aos 57; Iriarte-URU, aos 68, e Manco Castro-URU, aos 89 minutos. CAMPEÕES: Balesteros, Nasazzi e Mascheroni. Andrade, Fernández e Gestido; Dorado, Scarone, Castro, e Iriarte, treinados por Alberto Suppice.

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