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Quais os caminhos para os clubes ampliarem a adesão dos sócios-torcedores?

Nossos clubes estão muito abaixo dos argentinos, por exemplo; só River Plate tem quase o dobro de sócios do Palmeiras, líder em nosso país

Marcondes Brito

23/05/2024 6h43

Reprodução/Instagram

Segundo pesquisa CNN/Itatiaia/Quaest, apenas 11% dos fãs de futebol no Brasil são sócios do clube que torcem. Convenhamos que é uma adesão bastante pequena em nosso país. A proporção apresentada na pesquisa até apresentou tendência de alta em relação ao ano anterior, quando chegava aos 10%, mas ainda estaria longe de ser maioria, mesmo entre os mais fanáticos, dos quais apenas 22% são sócios. 

Em comparação com os vizinhos argentinos, por exemplo, a quantidade de sócios-torcedores que os clubes brasileiros conseguem atrair é muito menor. Com o principal quadro social da Argentina, o River Plate anunciou ultrapassar a marca dos 350 mil sócios em novembro do ano passado, número que é quase o dobro dos 181 mil associados contabilizados atualmente pelo Palmeiras, o clube que mais se destaca no Brasil neste quesito. O próprio Boca Juniors também se sobressai frente aos brasileiros, com 327 mil associados, conforme divulgação da Federação Argentina, no início deste ano.

Palavra de especialista 

Nesse contexto, Sara Carsalade, Co-funder e responsável pela vertical de esportes da Somos Young, empresa especializada no atendimento a sócios-torcedores, com trabalhos realizados em clubes como Cruzeiro e Bahia, aponta em quais aspectos os programas de sócios oferecidos pelos clubes brasileiros podem melhorar:

“É preciso que cada vez mais se criem benefícios exclusivos para os seus sócios-torcedores, sejam experiências dentro do clube, do CT, algum contato especial com os jogadores, e por aí vai. São ações que façam com que o torcedor realmente veja vantagem em aderir ao quadro social do clube, para muito além de apenas a possibilidade de adquirir um ingresso para uma partida”, afirma.

“Os programas de sócios-torcedores apresentam enorme potencial, basta serem explorados da melhor maneira. Um dos principais diferenciais, por exemplo, é que neste mercado os clubes têm, em tese, clientes fiés. Isso porque, em linhas gerais, os torcedores não vão mudar de time. O que é necessário, portanto, é transformar os torcedores em clientes ativos”, complementa. 

Apesar da disparidade com outros mercados, os clubes brasileiros já apresentam ações de destaque voltadas para o programa de sócios. O próprio Palmeiras viu o número de associados disparar após a criação da plataforma Palmeiras Pay, um banco digital atrelado à venda de produtos do clube e ao sócio Avanti. A dinâmica é a seguinte: ao criar uma conta na plataforma, o torcedor pode tornar-se sócio de maneira gratuita, por até seis meses, caso solicite um cartão de crédito. 

“O que foi criado no case Palmeiras Pay é uma conexão entre uma plataforma white label que permite que o torcedor consiga usufruir de benefícios dentro do ecossistema do clube, gerando maior engajamento”, destaca Reginaldo Diniz, CEO e sócio-fundador da End to End, empresa que também participou da iniciativa e que atua no crescimento e na renovação da base do Avanti, assim como no lançamento de produtos que conectem os apoiadores.

‘Case’ de sucesso no Verdão

Após o surgimento do Palmeiras Pay, o Verdão registrou um salto de cerca de 74 mil para mais de 181 mil associados, recorde do clube e do país. O faturamento também alcançou patamar inédito, com R$58 milhões arrecadados com o programa em 2023.

Já o Internacional, segundo clube com mais sócios-torcedores no país, com mais de 140 mil, também vem batendo consecutivos recordes de associações. Um dos aliados do clube para alcançar esses números é a plataforma Mundo Colorado, destinada à torcida do clube e que desde outubro de 2022 reúne experiências que vão desde opções de entretenimento à possibilidade de adquirir ingressos.

Com o programa de sócios-torcedores, o clube também já soma cifras recordes, hoje equivalentes aos R$ 96 milhões anuais. A meta, entretanto, é chegar aos 150 mil sócios, que poderiam render R$ 114 milhões por ano, conforme projeções do clube. “Se nós atingirmos os 150 mil sócios, vamos para o patamar de R$ 9 milhões de arrecadação mensal com o programa, flutuando em torno de R$ 9 a 9,5 milhões. E então nós teremos, obviamente, mais recursos também para o time”, diz Nelson Pires, vice-presidente de marketing do Internacional.

Outro clube que também registrou grande crescimento de sócios nos últimos meses foi o Grêmio, principalmente durante o tempo em que o atacante Luis Suárez vestiu a camisa Tricolor. O Imortal tinha cerca de 73 mil sócios até a chegada do uruguaio e viu, em apenas quatro meses, a marca dos 100 mil ser quebrada. Hoje, os números estão na casa dos 120 mil.

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