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O suposto boicote a Estevão na Seleção: pura teoria ou fumaça de verdade

Marcondes Brito

21/11/2025 5h38

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Eu me recuso a acreditar que exista qualquer tipo de boicote ou sacanagem contra Estevão dentro da seleção brasileira. Repito, me recuso. Um garoto de 18 anos, recém-chegado à elite do futebol mundial, sendo alvo de ciúme, antipatia ou articulações internas num ambiente profissional desse nível? Parece absurdo. Parece coisa da imaginação coletiva. Mas as evidências, ou ao menos os indícios, estão aí, e ignorá-los seria no mínimo ingenuidade.

Estevão, hoje, é o protagonista da seleção de Carlo Ancelotti. Não por imposição, não por marketing, não por arranjo político. Mas por bola. Ele é, aos 18 anos, o artilheiro da era Ancelotti. Um fenômeno que os europeus enxergaram antes de nós e que o Chelsea celebra diariamente. Os ingleses pagaram cerca de 40 milhões de euros por ele e já dá para dizer que foi barato. Muito barato. Enquanto muitos jovens da América do Sul patinam para se adaptar ao futebol europeu, ele fez exatamente o contrário. Mostrou personalidade, maturidade, frieza. Está enfrentando e está vencendo na Premier League, a liga mais dura do planeta.

Mas é na seleção que a maré começou a levantar espuma.

Tudo começou com uma fala de Paulo Vinícius Coelho, comentarista do UOL. Ele observou que Vinícius Júnior e Rodrygo, depois que Estevão passou a brilhar, teriam diminuído a frequência de passes para o garoto. PVC foi além e disse que algo parecido havia acontecido no Real Madrid com a chegada de Mbappé. Vini e Rodrygo, segundo ele, teriam tentado isolar o francês. Claro, perderam, porque ninguém isola Mbappé. E no auge da repercussão, veículos internacionais citaram o comentário, mas atribuíram a um tal de Paulo Coelho, o que me fez imaginar o escritor metido a analista tático. Depois é que fui ver que era o PVC.

Acontece que a associação entre o comportamento no Real e o comportamento na seleção viralizou. E como tudo que viraliza, ganhou contornos exagerados, inflamados, conspiratórios.

Mesmo assim, certos episódios chamam atenção.

No amistoso contra a Tunísia, empate de um a um, o time orbitava Estevão. Tudo passava por ele. Numa cobrança de falta perto da área, que poderia ser batida por nomes mais experientes, quem cobrou foi o garoto. Isso diz muito. Cobra a falta quem ocupa o topo da hierarquia técnica. Cobra quem é o craque do time naquele momento. E era ele.

Depois, com o Brasil perdendo por 1 a 0, veio o pênalti. Marquinhos pegou a bola e entregou direto nas mãos de Estevão. E ele bateu como veterano, firme, frio, impecável. Gol do empate.

Até aí, tudo coerente com o protagonismo que ele assumiu. Mas no segundo tempo houve outro pênalti e a cena ficou estranha. Estevão estava perto da bola quando Vinícius Júnior veio correndo da esquerda e mandou o garoto sair dali. A bola já estava nas mãos de Lucas Paquetá, que desperdiçou da maneira mais desastrada possível.

Foi um gesto pequeno, mas cheio de significado. Principalmente no contexto criado pela fala de PVC.

Eu continuo dizendo, sinceramente, que me recuso a acreditar em boicote, panelinha, sabotagem ou qualquer joguinho interno contra um menino de 18 anos. É difícil imaginar profissionais desse tamanho agindo desse jeito.

Mas, como diz o provérbio espanhol que fecha o círculo deste comentário:

Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay.

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