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Clubes endividados, como o Corinthians, podem pedir recuperação judicial ? Entenda

Ouvido pela coluna Futebol Etc, Marcelo Godke, especialista em Direito Empresarial, explica quais são os riscos de o clube perder patrocinadores

Marcondes Brito

15/06/2024 6h30

Reprodução/Instagram/Corinthians

As últimas polêmicas envolvendo o Corinthians, que viu sua patrocinadora master, a VaideBet, rescindir um contrato milionário no valor de R$ 370 milhões (incluindo as luvas), e a dívida de quase R$ 2 bilhões, suscitam a seguinte dúvida: um clube de futebol, assim como uma empresa, pode pedir recuperação judicial para evitar a falência?

De acordo com Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados e especialista em Direito Empresarial, clubes com, pelo menos, dois anos com SAF constituída, tem direito de pedir recuperação caso tiver sujeito a um eventual pedido de falência – entretanto, outros clubes sem SAF constituída (os chamados “clubes-empresas”) passaram a ter esse direito. 

“Havia uma proibição de entes não empresariais ou empresários de pedir recuperação, só que alguns grupos de faculdade que eram feitos na forma de sociedade sem fins lucrativos, ou entidades, melhor dizer, entes sem fins lucrativos, associações, algumas entidades religiosas que também, em tese, não têm fins lucrativos, clubes e agremiações, elas todas começaram a pedir recuperação judicial e, como o judiciário passou a entender que havia ali uma atividade econômica (ainda que não fosse na forma de uma atividade de empresa), elas deveriam também poder usufruir da possibilidade de pedir a recuperação judicial. Então a jurisprudência modulou isso e flexibilizou muito as restrições à lei”, destacou Marcelo Godke.

Uma recuperação judicial começa com um pedido a ser feito pelo devedor para que seja iniciado o processo de recuperação. “O devedor, no caso, o clube de futebol vai explicar o que ele faz, que adere aos requisitos da lei. É preciso explicar de onde vem a crise, e se atende aos requisitos objetivos para pedir que seja iniciado o processo de recuperação”, explica Godke. 

Consultoria

Para conseguir estabilidade e fôlego financeiro, a consultoria contratada pelo clube sugeriu a recuperação ao Corinthians. Sabe-se que, caso o Corinthians solicite recuperação, rescindiria automaticamente seu contrato com a VaideBet. O que aconteceu, entretanto, é que a VaideBet rescindiu com o Corinthians. O motivo seria denúncia de corrupção. Mas no contrato entre as partes (Corinthians e VaideBet), previa a rescisão imediata do vínculo caso uma das partes entrasse no processo de RJ.

“Esse tipo de cláusula é controversa, pois a Lei 11.101 (lei de falencia e recuperação), diz que cabe ao administrador judicial decidir quais contratos serão mantidos e, por isso, tem gente que entende que o contrato não pode ser rescindido. Eu entendo que pode, pois a Lei somente incidiria se o contrato não tiver previsão neste sentido”, defende Godke. No caso, mesmo que o administrador judicial determine qual contrato vai ser mantido e qual será rescindido, o Juíz pode se manifestar do que bem entender. “Isso causa insegurança jurídica”, completou.

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