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Fala, Torcida
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Uma final com passagem de bastão do melhor do Mundo

A Copa do Mundo deste domingo tende a ser uma das mais importantes dos últimos tempos. Não só pelo aspecto futebolístico. Entenda.

Thiago Henrique de Morais

16/12/2022 5h00

Atualizada 15/12/2022 18h48

Thanassis Stavraki/AE e Martin Meissner/AE

A final deste domingo entre Argentina e França tende a ser uma das mais importantes dos últimos tempos. Não só pelo aspecto futebolístico, mas por uma possível passagem de bastão de um dos maiores jogadores da história, Lionel Messi, para outro que pode vir a quebrar os recordes que, até há pouco tempo, seria algo inimaginável. Claro, estou falando de Kylian Mbappé.

Sou suspeito a falar de Lionel Messi. Acompanho esse jogador desde as categorias de base, o vi subindo para o time profissional do Barcelona e se tornar o que é hoje. Sou tão fã Messi que o nome do meu filho é Lionel, feito que já chegou a ganhar algumas páginas de livro (Messi: O Gênio Completo, de Ariel Senosiain, da Editora Hábito) e matérias em TVs argentinas.

Lembro-me de sua primeira partida com a seleção argentina, em meados de 2005, em um jogo amistoso contra a Hungria. Ele ficou em campo por apenas um minuto. Afobado, foi expulso – aquela havia sido a sua primeira expulsão, o que voltou a acontecer novamente só na disputa do terceiro lugar da Copa América de 2019. Seria uma de suas várias chagas com a seleção de seu país. Parte dessas cicatrizes só foi curada com a Copa América do ano passado, quando venceu o Brasil, por 1 a 0, no Maracanã. Mas ainda falta o Mundial.

O tão sonhado título poderia ter vindo em 2014, mas a morte de um de seus amigos, o jornalista argentino José Luis López, às vésperas da semifinal o abalou profundamente. Até dedicou a vitória nas semifinais, nos pênaltis, contra a Holanda, a ele. Mas era notório o quanto aquilo o abalou. Contra a Holanda, um dia após o acidente que tirou a vida do jornalista, ele não fez uma boa partida, coisa parecida com a decisão contra a Alemanha. E diga-se: partida abaixo, mas longe de ser uma péssima partida como muitos gostam de propagar por aí. Em 2018, a equipe estava abalada após a perda de duas finais de Copa América para o Chile. Sem contar que não havia um comando técnico descente, com ele mesmo tomando as rédeas da escalação durante a Copa, como foi possível observar no jogo contra a Nigéria, por exemplo. Em 2010 foi o primeiro ano como protagonista e em 2006 era reserva. Agora, neste domingo, ele pode, enfim, levantar o tão sonhado título mundial e entrar no seleto grupo de pessoas que já tocaram na taça da Copa do Mundo.

O duelo não será nada fácil. Pegará uma França embalada e ambiciosa e que conta com um sedento Mbappé. E por mais irônico que possa parecer, um dos candidatos a receber o bastão de melhor do Mundo de Messi é o francês, que já teve o gostinho de levantar a taça mais cobiçada do futebol, em 2018. Ele tinha 19 anos e foi um dos heróis daquela conquista francesa, a segunda na história daquele país. Claro que ainda lhe falta alguns degraus para alcançar Messi, mas isso pode vir nos próximos anos – ainda que tenha concorrentes de peso. Precisa vencer uma Liga dos Campeões e o seu primeiro troféu de melhor jogador, seja a Bola de Ouro, entregue pela revista France Football, ou o The Best, da Fifa. Contudo, o sonho de Messi em erguer a Copa do Mundo neste domingo, pode ser impedido por Mbappé, que deseja repetir o feito de quatro anos e meio atrás, tornando-se “o cara” da França em dois mundiais consecutivos. E isso aos 23 anos de idade. Ainda assim, só o fato de poder ter dois títulos mundiais não o fará ser melhor do que Messi. Pelo menos por ora.

Neste momento você já tem certeza para quem eu vou torcer no domingo. E você pode até torcer contra a Argentina – muito provavelmente o fará, em virtude da história rivalidade –, mas no fundo, por ser amante do futebol, sabe que Lionel Messi merece ganhar esse título. É a única coisa que lhe falta no âmbito mundial. Será a última oportunidade, já que ele mesmo disse que não estará na Copa do Mundo de 2026 – daqui a três anos e meio –, já que estará com 39 anos. Se ele não fosse argentino, certamente todos os brasileiros estariam torcendo por ele, mas a rivalidade fala mais alto nesse momento e é totalmente compreensível. O certo é que no domingo veremos ou Messi fechar o ciclo com chave de ouro ou Mbappé dar mais um passo para superar o gênio argentino.

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