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Fala, Torcida
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Pecados da crise

Com tantos pecados, será possível ver o Flamengo conquistar o tão sonhado título mundial? Difícil, mas não improvável

Thiago Henrique de Morais

03/02/2023 13h52

Foto: Marcelo Cortes/Flamengo

Uma coisa que o flamenguista está acostumado é estar em crise. Seja nos momentos de vacas magras, nas quais beirava à zona de rebaixamento, ou na atual conjuntura, convivendo com títulos internacionais. E às vésperas da estreia do time no Mundial de Clubes da Fifa, não poderia ser diferente. O time embarcou ontem para o Marrocos com uma mala recheada de problemas, sejam dentro das quatro linhas e, principalmente, fora dela.

A derrota para o Palmeiras só fez com que essa crise existencial rubro-negra se agravasse. Muitos acreditavam em uma vitória até fácil do Flamengo, em Brasília, o que não aconteceu. E os culpados estão aos montes: soberba, falta de contratações, novo esquema tático, treinador recém-chegado. Tudo que um time que ambiciona vencer o Mundial de Clubes não pode ter.

Para quem esteve no Mané Garrincha no último sábado ou acompanhou o Flamengo pela telinha no duelo contra o Palmeiras, percebeu uma compostura distinta do rubro-negro. Ao fazer o primeiro gol, achou que a partida estava ganha. Quando conseguiu buscar o empate em duas oportunidades, fez o mesmo. Quando o jogo estava 3 a 3, a impressão que os jogadores passavam é que o gol da vitória viria a qualquer momento. Mas do outro lado havia um time que entrou para uma final com espírito de decisão, enquanto o Flamengo jogou como se estivesse em um amistoso ou em uma partida do Carioca. Pecado um.

A forma proposta de jogo por Vitor Pereira ainda não foi bem assimilada pelos jogadores. Quem assistiu ao jogo com um olhar mais técnico, percebeu isso. Quem não conseguiu assimilar tais situações, ouviu da boca de Filipe Luís e Gabigol que o esquema tático do lusitano demandará tempo. O que simplesmente não existe, já que a estreia é na próxima terça-feira. Pecado dois.

Tais transgressões se somam ao terceiro e quartos pecados rubro-negro, o dá diretoria, que demitiu Dorival Júnior após a “queda de rendimento” do time na reta final do Brasileirão, e por contratar um treinador novo, com conceitos diferentes. Oras, naquela altura da competição, Pedro, Everton Ribeiro, Arrascaeta e Varela eram poupados para a Copa do Mundo. Vários jogadores não ambicionavam mais nada, principalmente dois títulos importantes – Libertadores e Copa do Brasil. Aí, alguns questionam: “Ah, mas o time do Jorge Jesus, em 2019, foi forte até o final do Brasileiro”. Sim, mas há um porém: o Mundial de Clubes foi disputado em dezembro daquele ano, diferentemente do que acontece para essa edição. Manter o nível de competitividade naquela circunstância era mais do que necessário, diferentemente do atual momento.

Tanto que Vitor Pereira já é comparado por alguns torcedores como o “novo Paulo Souza”, também lusitano e que foi demitido do Flamengo após uma sequência de jogos ruins no Brasileirão, deixando o time na 16ª colocação. Não chega a tanto, mas, claro, abre aquela pulga atrás da orelha do torcedor rubro-negro, que almeja o tão sonhado bicampeonato mundial, repetindo as glórias de 1981. E, se não vencer, que ao menos não fique pelo meio do caminho e não seja humilhado pelo Real Madrid. O problema é que o time não consegue assimilar a forma de trabalho proposta pelo treinador.

A falta de reforços também entra na lista de pecados capitais, o quinto dessa lista. Somente Gérson chegou para reforçar o time. Mas com a saída de João Gomes para o futebol inglês, o meio-campo, principalmente com um cão de guarda como era o volante, ficou com uma vaga em aberto. Gérson ainda não consegue fazer essa função, principalmente após ter jogado de forma mais ofensiva no futebol francês. Thiago Maia tampouco. Uma pedra no sapato do rubro-negro. Isso sem contar que perdeu Diego Ribas, que por mais que gere críticas da torcida, era um jogador que conseguia dar combates agressivos na meia cancha, assim como Vitor Hugo, jovem da base que acabou se machucando.

Com tantos pecados, será possível ver o Flamengo conquistar o tão sonhado título mundial? Difícil, mas não improvável. Para tanto, precisará entrar em campo nos dois próximos jogos com uma postura totalmente diferente da apresentada em Brasília. Caso contrário, será abocanhado por árabes (sejam marroquinos ou sauditas) ou pelo Real Madrid.

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