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Mais um ano do futebol do DF na Série D do Brasileiro

Ceilândia passou perto, mas acabou caindo diante da pesada camisa do Caxias-RS

Thiago Henrique de Morais

25/08/2023 7h48

Foto: Ceilândia EC/Divulgação

Não será em 2024 que o futebol brasiliense voltará a ter uma equipe disputando a Série C do Brasileirão. A derrota do Ceilândia, nos pênaltis, com polêmicas de arbitragem, culminou na eliminação precoce daquele que era um dos melhores times do Distrito Federal jogando a competição nos últimos anos.

Graças ao bom desempenho na Copa do Brasil do ano passado, o Ceilândia conseguiu ajustar o seu caixa, quitando dívidas, pagando salários em dia e se planejando para a competição nacional. E deu resultado. Na primeira fase, o Gato Preto, ao lado do Ferroviário-CE, terminou invicto, com uma das melhores campanhas da primeira fase. A única derrota veio na primeira partida da 2ª fase, para o Vitória-ES, por 1 a 0, fora de casa, resultado que a equipe conseguiu reverter no jogo de volta, com uma vitória por 3 a 0.

Contudo, o Ceilândia teve o azar de pegar um time experiente e tradicional no cenário nacional: o Caxias-RS. Apesar de os gaúchos não terem terminado a primeira fase com uma boa campanha, chegaram à fase mata-mata como um dos favoritos ao acesso. Vale destacar que o time grená chegou à final do estadual no começo da temporada, sendo derrotado pelo Grêmio na grande decisão. Boa parte daqueles jogadores foram embora, mas o padrão tático e técnico se manteve e, diante dos candangos, o peso da camisa acabou prevalecendo. Para alguns, até influenciou em decisões da arbitragem ao longo da partida de volta, no Abadião, no último sábado (19), principalmente na validação de um gol na disputa de pênaltis. Muitos garantem que a bola não entrou, apesar de o VAR garantir que sim.

A não classificação às quartas de final do Ceilândia foi uma das mais dolorosas para o futebol do DF nos últimos anos na competição. A equipe demonstrou um bom nível de competitividade e tinha condições reais de acesso. E muito em função da organização financeira — algo impensável nos últimos anos. Para piorar, o time ainda não terá uma nova oportunidade no ano que vem, uma vez que a CBF destina apenas duas vagas para o Distrito Federal, que serão de Real Brasília e Brasiliense, finalistas do Candangão deste ano.

A última vez que vimos um time local chegar tão perto do acesso foi em 2020. O Gama fez uma primeira fase espetacular, mas a falta de dinheiro e o mau-caratismo do Brasiliense, que tirou alguns dos melhores jogadores e até a comissão técnica do rival ao longo da competição, impediram o Alviverde de conseguir seguir firme na competição. Algo já conhecido no cenário do DF, já que a maior missão do Jacaré é afundar o Gama, e não conquistar títulos. O time de maior torcida da capital acabou sendo eliminado pelo Goianésia, na segunda fase. O Brasiliense, mesmo reforçado, acabou caindo nas oitavas de final para o Mirassol, com direito a um 4 a 0 sofrido na partida de ida.

No próximo ano, teremos a oportunidade de ver os dois “magnatas” do futebol local na Série D do Brasileiro. O Brasiliense, último time do DF a jogar uma competição na elite do futebol nacional, em 2005, tentará fazer o milagre de conseguir o acesso. Quem sabe, após reativar a sua categoria de base, a equipe comece a utilizar jogadores mais jovens ao invés de optar por ex-atletas em atividade, como tem sido frequente ao longo dos últimos anos.

O Real Brasília, que tem como proprietário o advogado Luís Felipe Belmonte (marido da deputada federal Paula Belmonte), estreará na Série D no ano que vem. A equipe conquistou o Candangão e tem ambições de se tornar o maior time do DF. Além disso, possui uma boa categoria de base que, por alguns anos, chegou a ceder jogadores para Flamengo e Botafogo, dentre outros clubes. O que pesa contra si é a soberba. Dirigentes locais não gostam das atitudes de Belmonte, principalmente quando ele declara que o Real vai ser o maior time da cidade. Pesa contra o Leão do Planalto o fato de não ter uma base fiel de torcedores, o que pode ser determinante nas fases decisivas da Série D.

Espero estar errado, mas, mesmo com o poder dos magnatas do futebol candango, é improvável vermos um time subir à Série C tão cedo. É uma pena. Temos um dos maiores estádios do Brasil e uma população carente por futebol de alto nível. Não termos um time sequer na Série B do Brasileiro é algo inadmissível. Mas para vermos uma equipe da capital chegar lá, vai demorar, no mínimo, até 2027, caso Brasiliense e Real Brasília consigam queimar a minha língua.

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