Quando já havia até gente falando em uma polarização entre as candidaturas de Ibaneis Rocha e José Antonio Reguffe, um terremoto amplo, geral e irrestrito começou a sacudir a sucessão brasiliense. O fator principal pode até ser a novidade política causada pela liminar que devolveu os direitos políticos ao ex-governador José Roberto Arruda, mas está longe de ser a única causa da instabilidade. A primeira cartada para colocar ordem no pedaço será dada pelo governador Ibaneis Rocha ao marcar para esta quarta-feira, 13, uma reunião com os presidentes dos partidos que o apoiam. Será na casa de Ibaneis, na QI 5 do Lago Sul. Estão convidados os presidentes do PL, Flávia Arruda; do PP, Celina Leão; do Avante, Paco Britto; do PSD, Paulo Octávio; do MDB, Rafael Prudente; e do Republicanos, Wanderley Tavares. Não quer dizer, claro, que todos compareçam. Ibaneis não deve apresentar uma chapa pronta, pois haverá margem para negociar, mas quer dar uma demonstração de que tem alternativas e que, se o problema for Arruda, não depende do ex-governador para a eleição.
Reguffe ameaça renunciar
De seu lado, o senador José Antonio Reguffe denunciou nesta terça-feira, 12, forças ocultas que agem no União Brasil, seu partido, para inviabilizar sua candidatura a governador. Só para lembrar, Reguffe recebeu garantias do União Brasil de que poderia escolher o cargo que disputaria nas eleições deste ano. Esse tipo de garantia, nem sempre significa muito, ainda mais quando vem do União Brasil, Sérgio Moro que o diga – era candidato a presidente da República e viu-se empurrado para uma vaga de senador pelo Paraná, sem saber sequer se terá condições de concorrer. Reguffe também diz agora, literalmente, que as tais forças ocultas tramam para que ele seja candidato a deputado federal. Avisa ainda que preferirá sair da política a deixar que isso aconteça.
Nem tão ocultas
As forças que se opõem a Reguffe nem são tão ocultas assim. Existem há meses conversas para uma aliança entre o PL de Arruda e o União Brasil no Distrito Federal. A recuperação dos direitos políticos do ex-governador turbina essas conversas. Ele tem excelentes relações com o presidente regional do União Brasil, o advogado Manuel Arruda – não são parentes – e foi até cumprimenta-lo quando se confirmou a escolha de Manuel para dirigir a seção brasiliense do partido. Quem participou dessas conversas foi a ex-deputada Eliana Pedrosa, que abandonou uma candidatura pelo PDT para filiar-se ao União. Mencionou-se até a possibilidade de Eliana ser a vice na chapa de Arruda, embora agora se fale também no próprio Manuel Arruda para o cargo. Sobraria a Reguffe puxar a votação do União Brasil para a Câmara, interesse de todos os partidos, pois é a bancada de deputados que garante quociente eleitoral e, principalmente, a voluosa grana do fundo partidário.
Fraga com Arruda
Candidato a retornar à Câmara, o ex-deputado Alberto Fraga esteve com o ex-governador José Roberto Arruda há dois dias e lhe disse que não há qualquer sentido em se candidatar a deputado federal. Arruda ponderou que uma eventual candidatura sua ampliaria a bancada federal do PL, mas Fraga contestou. Acha que o seu eleitorado e o de Arruda se superpõe. Pelas suas contas, o PL conseguiria hoje a eleição de dois deputados federais e a entrada de Arruda na chapa não traz garantias de que esse número se elevará.
Raia própria
A ex-ministra Damares Alves encontrou-se com o ex-governador José Roberto Arruda em um evento social. Os dois conversaram, mas não avançaram na discussão de projetos. Damares mantém sua candidatura ao Senado. Por enquanto, ainda em raia própria.
Mar de lama nas torneiras da Caesb
Endereço nobre de Brasília, o Setor de Mansões do Lago Norte oferece duas possibilidades únicas a seus moradores. Eles podem abrir a janela e aproveitar a visão do Palácio da Alvorada, que fica a menos de dois quilômetros, na margem oposta do Paranoá. E podem também abrir a torneira e encontrar água imunda e barrenta, fornecida pela Caesb. Só não conseguem é obter da Caesb uma explicação lúcida para isso. Embora a água do sistema público de Brasília esteja entre as mais caras do Brasil, também lidera o nível de porcaria, ao menos no Setor de Mansões. Os moradores já compararam: se retirarem a água diretamente do Paranoá, sem ser tratada, estará mais limpa que a da Caesb. Enquanto isso, pagam contas salgadíssimas pela lama que sai de suas torneiras.
Participação aberta
O ato público do ex-presidente Lula no final da tarde e início da noite desta terça-feira, 12, seguiu o script. Abriu a participação no evento, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, para todos os partidos que apoiam a candidatura presidencial de Lula. Os últimos a falar, antes do ex-presidente, foram seus candidatos majoritários no Distrito Federal, Leandro Grass, que disputa o Buriti, e Rosilene Corrêa, que tenta o Senado. Pouco antes, outros candidatos dirigiram-se ao público, como Keka Bagno, do PSOL, e Rafael Prudente, do PSB. Mas não havia dúvida sobre quem era o dono da casa. Ambos falaram sob um enorme outdoor de Leandro Grass.
Futuras falências
Cada vez mais oposicionista, o deputado brasiliense Luiz Miranda não gostou de ouvir o presidente Jair Bolsonaro elogiar a criação de empresas como sinal de vitalidade da economia. Para o deputado, que tenta a reeleição em São Paulo, em momento de inflação e desemprego não se deve comemorar a abertura de 1,3 milhão de novas empresas, pois elas só existem como um ato desesperado da maioria das pessoas que não conseguiram emprego para se alimentar suas famílias. Em recado para Bolsonaro, lembrou que 50% delas quebram em dois anos e seus criadores saem falidos.
Garantindo o almoço
Domingo, a pé, o general Braga Netto, acompanhado da mulher, foi garantir a boia do almoço. O provável vice na chapa presidencial de Jair Bolsonaro entrou na fila para comprar marmitex de carne de sol, na Comercial da 111 Sul. Barba por fazer, chinelo de dedo, bermuda marrom e camisa listrada, afagou um cachorro dentro de um carro estacionado na porta do estabelecimento e foi cumprimentado por vizinhos. Já equipados, atravessaram a rua, no semáforo, em direção à 112, onde moram. Mas esse ritmo não deve ser mantido. Além da vice, Braga Netto deverá coordenar a campanha com que o atual presidente tentará reeleger-se.