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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

PT se prepara para uma nova realidade

A afirmação é de um observador extremamente informado, o presidente do diretório petista do Distrito Federal, Jacy Afonso

Eduardo Brito

29/01/2025 19h05

jacy afonso

Jacy Afonso. Divulgação

As eleições de 2026 serão diferentes de todas as anteriores, devido às mudanças irreversíveis que estão acontecendo no processo político. E o PT faz parte disso. A afirmação é de um observador extremamente informado, o presidente do diretório petista do Distrito Federal, Jacy Afonso.

Para ele, o Brasil vive uma reforma das forças políticas que não terminará antes de 2030 e que tem como um de seus principais vetores a fusão dos antigos partidos.

O PT não é exceção, tanto assim que saiu à frente criando a Federação Brasil Esperança, com mais dois partidos políticos. Isso criou também uma nova postura, das quais sequer os petistas escapam. Por isso, resume ele, o PT pode até abdicar da cabeça de chapa, embora nunca do protagonismo político.

É isso que permite a aliados como o PV e até o PSB pleitearem, sem reação negativa do partido, a cabeça de uma chapa integrada pelos petistas, o que já aconteceu, a propósito, na última eleição para governador. O movimento para fusões e frentes está se expandindo a todos os partidos, lembra Jacy Afonso.

Não atinge apenas legendas pequenas, aquelas que deixaram de alcançar o quociente eleitoral e perderam fundo partidário e tempo de televisão, como PSC, PEN, PTC e outras agremiações desimportantes. Pelo contrário, o que se vê é até o PSDB pensando em voltar ao MDB e demais movimentos de grande porte,

Peso das eleições parlamentares

Em todo esse processo, Jacy Afonso registra um aumento significativo do peso das eleições parlamentares. Em outros tempos podia-se apostar na força de um governador que, eleito, comandava a bancada de seu estado e isso bastava para compor o jogo.

Com uma série de inovações – Jacy Afonso lembra, por exemplo, as emendas impositivas – as eleições parlamentares ganharam um novo peso. É por isso que, em 2026 não se pode apostar apenas nas eleições presidenciais.

O Senado tem força especial. Pode conduzir impeachment de um ministro do Supremo, seus votos são necessários para o preenchimento de uma série de cargos, como diretores do Banco Central.

Por essas e outras precisa-se saber como se estruturam os times que estão jogando. Precisa-se, sim, de um fator surpresa, mas – e nisso ele defende especialmente o seu partido – é preciso ter nomes fortes para governo e Senado, com o que o PT conta.

No Distrito Federal deve ser Érika

erika kokay

Jacy Afonso admite haver petistas defendendo uma candidatura da deputada Érika Kokay para o Senado, mas também, e talvez principalmente, para o governo. Para ele, os últimos jogos de força enfraqueceram a tese de que Érika é indispensável para o PT fazer um deputado federal por Brasília.

A maioria acha hoje não apenas que ela é o melhor nome para uma eleição majoritária como acredita que o partido demonstrou que dispõe de outros nomes capazes de garantir cadeira na Câmara dos Deputados.

Afinal, o partido brigou bem nas eleições desde 1994, quando elegeu Cristovam, fez Agnelo, que não chegou ao segundo turno nas eleições de 2014, foi muito mal em 2018, mas em 2022 quase conseguiu forçar o segundo turno e garantiu uma boa votação à estreante Rosilene Corrêa. Deve ser mais competitivo agora. Vem daí a pretensão de juntar o máximo de partidos que estão na oposição.

Preocupação é repetir o que Lula fez em 2022

Foto: Ricardo Stuckert

Jacy Afonso acredita que a receita para as esquerdas na próxima eleição é repetir o que Lula fez na sua última eleição, que ele define como “juntar os divergentes para enfrentar os antagônicos”. Isso deve ser feito também para ampliar a representação na Câmara e ter força no Senado. Tudo isso, porém, deve estar integrado à chapa nacional.

“A expectativa”, afirma Jacy Afonso, “é que quem estiver com Lula no governo estará na coligação liderada por ele em 2026”. Isso vale para partidos em posição ambígua, como o PSD? Vale. Faz parte do governo, portanto, espera-se que esteja na chapa do governo. É por isso que, insiste ele, o PT não precisa necessariamente ter candidato, mas precisa liderar o processo.

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